A música brasileira, das gravadoras às cooperativas

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Mais uma vez, o assunto é (e não é) música. Acontecendo desde ontem em Rio Branco, no Acre, o I Seminário Nacional de Cooperativismo Musical – Um Novo Modelo de Gestão enfoca a musa de todos os presentes menos pelo viés da arte, do glamour ou do entretenimento que pelo dos negócios e, principalmente, do trabalho.

Artistas de diversas partes do Brasil, com destaques positivos na militância da Cooperativa da Música do Acre (Comac) e da Cooperativa da Música de Minas Gerais (Comum), estão aqui para debater modos outros de organização profissional. Caminham por sobre o túmulo não do samba, mas dos modelos formulados no século passado pelas antigas rádios, gravadoras, editoras, produtoras e outras instituições que, no final das contas, comandavam (com mão de ferro) um operariado vestido de glamour.

Quem está aqui parece se adequar menos à noção de artista como semideus ou cidadão mais bem dotado que os demais (o que, convenhamos, nunca valeu para cantores como o Tiririca, antes de ele virar deputado federal) que à de músico como trabalhador, daqueles que, como qualquer um de nós, almeja ter doses mínimas de garantias, proteção, conforto, respeito e direitos sociais.

São trabalhadores que não possuem carteira assinada (o que de partida retrata alguma precariedade), mas, sob o rótulo de autônomos (ou de pequenos ou microempresários), testam o caminho de se organizar em cooperativas: vários profissionais independentes se agregam para colaborar uns com os outros em nome do bem comum, em vez de, mais antiga das profissões, competir uns com os outros. Nada que lembre imediatamente a refrega entre Ivete Sangalo e seus músicos terceirizados, mas, pensando bem, Ivete e os ex-funcionários que hoje a processam com base na CLT poderiam, sim, estar sentados nas mesas de debates do seminário acreano. Se até Marisa Monte, outrora musa da multinacional EMI, é hoje microempresária de seu próprio selo, Phonomotor…

“Nem todo empreendedor chega a abrir empresa. Empreendedorismo é um comportamento”, explica à mesa Leonardo Salazar, produtor musical e autor do livro Música Ltda. – O Negócio da Música para Empreendedores. Ele está aqui para divulgar o Portal do Empreendedor (“algo que só Canadá fez antes do Brasil, e que virou até estudo de caso na ONU” ) e para tentar desanuviar a plateia num emaranhado de conceitos limítrofes, sobre cooperativas, associações, empreendedores individuais, sociedades limitadas etc.

Podes crer, amizade…, música não é só vaiar a Amy Winehouse, não.

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