Comecei tocando com meu pai desde novo. Ele já tinha aparelhagem, como todas pessoas de Belém que gostam de som, nem que seja uma aparelhagem pequena. Sou fã de meu pai, ele já foi tudo na vida, menos bandido. Hoje em dia é porteiro de uma escola. Separou de minha mãe, ela trabalha como servente de escola também. Todos nós somos de famílias pobres. Pobres financeiramente, mas com conhecimento, experiência de vida.
Nasci em Muaná, mas só nasci, não conheço a cidade. Fica bem próxima da ilha do Marajó, à beira do Rio Atuá. Me criei em Ananindeua, vizinha de Belém, praticamente uma cidade só, a gente não sabe onde fica a divisa. Tenho 31 anos, uma filha de 8, Bruna, hoje moro em Barcarena, uma ilha a duas horas de Belém.
Fiz amigos que trabalhavam em rádio, comecei a trabalhar com produção de áudio, coloquei algumas rádios no ar do interior do Pará, em São João do Guamá. Aí foi que eu conheci alguns programas de computador que trabalhavam com sintetizadores, e fui desenvolvendo minhas ideias. I’m the operator with my pocket calculator, man, machine, man-machine. Comecei a aprender a fazer as bases que hoje a gente utiliza na Gang do Eletro, e montei minha própria produtora, meu próprio estúdio.
Sou mecânico industrial. Quando conheci o Maderito eu trabalhava na Camargo Corrêa. Não tava ganhando mal lá, não, mas achei melhor voltar pro meu estúdio, trabalhando no que eu gosto. Sou um punk da periferia, sou da Freguesia do Ó.
O nome Gang do Eletro veio das críticas que a gente recebia. As festas de aparelhagem reúnem 5 mil, 10 mil, 15 mil pessoas, e tem os playboys e os marginais, a galera da periferia mesmo. Diziam que a gente só gravava pra marginal, Maderito disse: “Cara, já que o pessoal diz que a gente só grava pra gangue de marginal, bora botar Gang do Eletro!”. Mas a gente tem um cuidado total pra não fazer apologia a crime nem droga nem nada. Só fazemos apologia à diversão.
Agora a gente tá produzindo nosso primeiro CD, “Eletromelody”, de tecnomelody misturado com nossas batidas de electro dance, ao estilo Benny Benassi, com sintetizador estilo serra elétrica, como a gente fala aqui. A gente tem muita coisa gravada rolando na internet, mas vamos dar uma reformulada no que a gente tem de melhor. A Gaby Amarantos vai participar de “Galera da Laje”, que vem no disco dela também.
Nossa apresentação é totalmente eletrônica, porque não tem como fazer som eletrônico com instrumento orgânico. Mas a nossa onda é fazer EXPERIÊNCIA, inovar. A gente coloca instrumento de cumbia, batidas de samba, como no remix “Tributo a Carmen Miranda“”.
Em Belém eu faço eletro, pô, legal, aí todo mundo quer fazer só aquilo. E alguém escapa do efeito manada?, você já desembestou numa manada hoje? É igual na cena do forró, todas as bandas parecem Aviões do Forró. Belém tá na mesma cena. Por isso peguei as melhores músicas da Carmen Miranda, misturei tecnomelody com samba: pra fazer uma coisa diferente, nova.
Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim. Ó, meu bem, não faz assim comigo, não. Você tem, você tem, você tem que me dar seu coração. É na responsa, Mano Brown!
waldo squash gênio!
Seguramente, André. E por isso estreamos com a genialidade dessa gangue tão brasileira