essa é a história magnífica de um habilidoso farsante!
acaba de sair nos estados unidos um livro que revela a identidade secreta de um menino que escreveu cartas para gente famosa. é este aí acima.
ao longo dos últimos 15 anos, o menino, conhecido simplesmente como “little billy”, enviou cartas para políticos, celebridades e presidiários pedindo conselhos sobre todo tipo de assunto. usava a caligrafia oscilante e os argumentos típicos de uma criança.

o famoso advogado de O.J. Simpson, robert shapiro, escreveu de volta aconselhando o “garoto” a como demonstrar para a irmã que tinha sido um cachorro que destruiu a boneca dela (e não little billy). shapiro deu dicas até de como conseguir o testemunho de um dentista para provar que as mordidas na boneca eram de um cão.

o médico jack kevorkian, o dr. morte, escreveu para ele da prisão, assim como o unabomber. o ex-presidente americano gerald ford e o ex-vice presidente dan quayle responderam para ele.
o pai da candidata a vice sarah palin tentou desencorajar o garoto a caçar lobos no alasca de cima de um helicóptero.

david berkowitz, que matou 6 mulheres nos anos 70, aconselhou billy a “não fazer coisas auto-destrutivas”. billy pediu dicas de dois ex-secretários de Estado para saber como manter sua irmã, Connie, afastada de sua casa da árvore de um jeito diplomático.

quando morreu seu amado cachorro, tippy, billy escreveu para uma companhia criogênica dizendo que tinha colocado o cadáver do cão num freezer e queria ressuscitá-lo, e eles tentaram consolar o garoto.
dois mórmons chegaram a visitar a casa de billy, que buscava informações sobre qual religião adotar – billy, infelizmente, não estava em casa, e eles levaram embora uma foto.

acontece que billy nunca existiu (nem sua irmã connie, nem seu cachorro tippy).
foi tudo invenção de bill geerhart, que imaginou a coisa toda enquanto penava desempregado em los angeles. agora, ele publica toda a correspondência no livrinho (que influi a foto de uma criança que ele deu aos mórmons).

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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