Em 1959, o francês Marcel Camus conheceu no Rio de Janeiro a mulata Lourdes de Oliveira. Ele era mais velho, ela era quase uma menina. São os bonitões aí da foto.
Camus filmava ORFEU NEGRO, clássico do cinema, Lourdes participava do filme como atriz.
Casaram-se, e Marcel a levou embora para a pátria dos gauleses de Asterix.

Em 2009, 50 anos depois, Jean-Christophe Camus, o filho que Marcel e Lourdes tiveram, lançou uma história em quadrinhos que tem como base aquilo que lhe foi contado pela mãe e pela avó materna (que foi viver na França até que ele completou 3 anos).

NEGRINHA está sendo lançada pela Desiderata (R$ 44, 104 páginas).
O gibi tem um apelo juvenil, mas trata de um tema delicado: o racismo no Brasil.
Conta a história de Maria, uma menina mulata que é criada em Copacabana em 1953 de forma burguesa, e é na verdade filha da empregada do embaixador, Odila.
“A descoberta, por Maria, de sua origem (na favela) serve para mostrar a dificuldade de ascenção social quando se é negro”, me disse ontem de Paris Jean-Christophe, que tem dupla nacionalidade – é brasileiro e é francês, e vive em Paris, onde é editor.
“Todos os primos e primos de minha mãe são negros. Minha avó não cansava de repetir que não nos casássemos com uma negra, era seu ‘trabalho’ de branqueamento da pele”, lembra Camus.
A história de NEGRINHA foi considerada exemplar pelo serviço cultural do Ministério da Educação francês e foi indicada ao prêmio do Salão do Livro da Juventude de Montreuil.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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