foto: nem de tal
estação ferroviária de livorno, itália
Durante a viagem, fiz um decálogo, Os Mandamentos do Navio Cargueiro.
Uma besteirinha. Tinha o seguinte:
1. Nunca reclamar da comida a bordo. Ela piora.
2. Nunca telefonar ou enviar telegrama de alto-mar. A conta depois é salgadíssima.
3. Levar música boa (gosto de marinheiro é duvidoso).
4. Não esquecer de levar cortador de unhas, senão você vai João e volta Zé do Caixão.
5. Não se indisponha com ninguém a bordo, a viagem é longa e a vida comum fica muito pior.
6. Não perca o horário das refeições, eles são rígidos e não tem loja de conveniência.
7. Free shop do navio é o melhor lugar para comprar bebida, e não o bar.
8. Descubra onde está o “cassino” de bordo, onde o pessoal joga baralho, e enturme-se. Vai precisar.
9. Organize a agenda, senão vai dormir antes da hora e acordar antes da hora e virar um zumbi pelo convés lá pelo décimo dia.
10. Faça amigos e pegue seus contatos, um deles pode ter uma casa de campo à beira do lago Como.
O navio vai atracando em Livorno e há muita gente lá embaixo. Conforme o pessoal desce, as famílias se abraçam. Ninguém espera a mim nem ao Nem, e a gente vai ficando de lado. Nada dramático, mas é bacana presenciar reencontros.
E os italianos da alfândega em Livorno queriam revistar as malas do Nem.
Desistiram na primeira…
Tinha de tudo, de objetos que pareciam ex-votos a apetrechos caboclos e indígenas. Pedras e fotos de inscrições rupestres nas cavernas de Minas Gerais.
Olhando as fotos do Nem, feitas há 18 anos, me parece líquido e certo que eu era muito mais tolo. Um legítimo bobo alegre.
Mas será que, tornando-me mais sensato, eu fiquei menos tolo?
Saímos de Livorno e fomos a Piza, Lucca, Cinque Terre, Piza, Gênova.