à frente, a locomotiva iggy pop, tendo ao fundo o guitarra ron asheton, que foi encontrado morto em sua casa, no michigan, hoje de manhã (foto de tiago queiroz)

Chácara do Jockey, 26 de novembro de 2005, 25 mil testemunhas

Iggy e suas cicatrizes no peito, Iggy e sua calça ameaçando cair, Iggy e sua
voz cavernosa, Iggy e seu desprezo para com a ordem estabelecida, com os cânones do bom roqueiro cristão. Subiu nas caixas acústicas, jogou-se no chão, na platéia, chutou câmeras de TV. Parecia uma Alice correndo com aquele cabelinho loiro esvoaçante, mas aí ele se voltava e os olhos e os sulcos na cara mostravam que aquela era uma Alice de filme do Cronenberg. No meio de No Fun, ele deu a senha para uma invasão, e o público não se fez de rogado. Agarrado, empurrado, arranhado, ele oferecia o palco à legião dos sem-microfone, que berravam palavrões e versos canhestros. A segurança dançou.
E os Stooges? Senhores, que banda de três acordes, que banda! Os irmãos Asheton (o guitarrista Ron e o baterista Scott), além do baixista Mike Watt, multiplicavam o barulho de um power trio por mil. Foi insana a cena: um fã que invadiu o palco fazia solos de air guitar à frente de Ron Asheton, e, mais louco ainda, o guitarrista respondia.

PUBLICIDADE
AnteriorRESOLUÇÕES
Próximocruzes!…
Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

DEIXE UMA REPOSTA

Por favor, deixe seu comentário
Por favor, entre seu nome