hoje ele se foi. ele também era muitos – era, além dele próprio (aquele que carrega um penico, na foto acima), todos aqueles que o rodeiam na foto acima, e muitos mais.

o maestro rogério duprat foi, entre os gênios de fundo da tropicália (1967-1968), o mais maluco, o mais inventivo, o mais psicodélico, o mais pop, o mais erudito, o mais sofisticado, o mais popular, o mais cheio de coelhos na cartola, o mais genial. entre os gênios de proa do movimento, foi o que lhes deu cama psicodélica e comida musical. depois de abortada pelo ai-5, na volta da curva, a tropicália não houve mais – não houve, entre várias razões, porque não havia mais nela rogério duprat.

por esses descaminhos da vida, duprat isolou-se de muitos, apartou-se de todos, distanciou-se daqueles (quase) todos que o rodeiam naquela foto. ainda que crescentemente cultuado aqui e alhures em tempos mais recentes, morre mais isolado e esquecido que coberto de glória ou reconhecido, e mais tropicalista que nunca, coberto dos muitos ferimentos resultantes da parceria entre a faca e a carne crua.

aqui, uma entrevista de rogério duprat quatro anos e pouco atrás, em que ele desliza harmonioso e voluptuoso entre stockhausen e erasmo carlos, entre carlos gomes e mutantes, entre heitor villa-lobos e roberto carlos.

à parte a morte, a tropicália persiste e persistirá. em duprat e fora dele. em duprat e naqueles que se afastaram dele ou resistiram a ele. em duprat e naqueles (de) que ele (se) isolou e (se) afastou. em duprat e em todos nós que, entupidos de brasil por todos os poros, também somos duprat.

bat-macumba, iê-iê, maestro!

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