Leia sobre Joyce Moreno na companhia de um guia de canções da artista, em vozes tão variadas quanto as de Maria Bethânia e Ney Matogrosso, Milton Nascimento e Wanderléa, Elis Regina e o grupo indie rock norte-americano Portastatic.
1. Joyce, “Não Muda, Não” (1968) – a canção feminista que abre o primeiro álbum da jovem cantora e compositora.
2. Fafá de Belém, “Me Disseram” (1980) – a letra de Joyce que rendeu polêmica no Festival Internacional da Canção de 1967, aqui em versão posterior de Fafá.
3. Momento 4uatro, “Classe Dominante” (1968) – na verve da canção (divertida) de protesto, uma das primeiras gravações assinadas por Joyce.
4. Marília Medalha, “Três Cavaleiros” (1969) – outro exemplar da primeira Joyce, numa letra de brinquedo com cantigas infantis machistas.
5. Elis Regina, “Copacabana Velha de Guerra” (1970) – a primeira gravação por um nome de ponta da MPB.
6. Joyce, “Bachiana No. 5” (1970) – a jovem intérprete vocaliza ao som do berimbau um clássico do maestro Heitor Villa-Lobos para a trilha sonora da telenovela global Irmãos Coragem.
7. Luiz Eça & Sagrada Família, “Se Você Pensa” (1970/1978) – O rock de Roberto e Erasmo Carlos de que Joyce parecia não gostar é relido em pique de pilantragem pelo efêmero grupo do integramte do Tamba Trio – Joyce era uma das vocalistas.
8. Luiz Eça & Sagrada Família, “Please, Garçon” (1970/1978) – A interprete faz a voz principal nessa composição de punho próprio que ficaria inédita até 1978, se não tivessse sido incluída na trilha sonora do filme Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa.
9. Caetano Veloso e Edith do Prato, “Viola, Meu Bem” (1973) – os mesmos versos tradicionais baianos haviam sido incluídos, sob o título “Adam, Adam”, no compacto duplo que Joyce gravara em 1971 com o grupo A Tribo; segundo ela conta, foi o baiano Dori Caymmi quem ensinou.
10. Milton Nascimento, “Para Lennon & McCartney” (1970) – o arranjo apurado emoldura a composição de Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant, que critica o subdesenvolvimento do Terceiro Mundo e dá partida ao fenômeno clube da esquina, de que Joyce participaria marginalmente.
11. Evinha, “Abrace Paul McCartney por Mim” (1970) – em resposta aos versos da canção acima, Joyce cutucava o ex-namorado Lô e tratava com mais leveza o legado dos Beatles. A intérprete, ex-integrante do Trio Esperança, erguia uma carreira solo fundada em voz meiga e estampa de versão feminina de Wilson Simonal.
12. Umas & Outras, “Pigmalião 70” (1970) – O trio fea versminino também gravou “Abrace Paul McCartney por Mim” e “Please, Garçon”, num álbum único chamado Poucas e Boas, que contava com essa faixa de Marcos Valle e os arranjos vocais da jovem Joyce.
13.Joyce e A Tribo, “Nada Será Como Antes” (1971) – Versão do grupo de Nelson Angelo para um dos standards fundamentais de Milton, um ano antes de sua gravação no álbum duplo Clube da Esquina.
14. Milton Nascimento, “Durango Kid” (1970) – de Toninho Horta e Fernando Brant, tema de fusão improvável entre o interior mineiro e o mundo de caubóis norte-americanos.
15. Joyce, “Nacional Kid” (1976/2009) – Gravação original do que parece ser uma resposta joyceana a “Durango Kid”, na versão original com Naná Vasconcelos e Maurício Maestro, que só viria à tona em 2009, no álbum inglês Visions of Dawn.
16. Wanderléa, “Carne, Osso e Coração” (1975) – a doce ex-ternurinha da jovem guarda pede atenção à compositora, quando ninguém mais está fazendo isso.
17. Elis Regina, “Essa Mulher” (1979) – Novamente pela voz de Elis, a reentrada de Joyce na cena musical brasileira, numa parceria com Ana Terra.
18. Maria Bethânia, “Da Cor Brasileira” (1979) – Também da dupla Joyce-Ana Terra, essa balada tenta inverter o conceito da “mulher objeto”, voltando ao artifício de “Me Disseram” , de elogiar marotamente os atributos masculinos.
19. Ney Matogrosso, “Ardente” (1979) – “Sou ardente, não vou negar”, Ney canta Joyce, abrindo jogos de espelhos entre o feminino e o masculino.
20. Nana Caymmi, “Mistérios” (1980) – gravada em 1978 por Milton e em dueto por Joyce e Gal Costa no álbum Feminina (1980), ganha versão de profundidade ímpar trazida do útero de Nana para o mundo.
21. Quarteto em Cy, “Feminina” (1979) – Antes da versão da autora, o quarteto feminino grava mais um libelo feminino-feminista, usado na trilha sonora do seriado Malu Mulher.
22. Portastatic, “Clareana” (2003) – A canção que trouxe holofotes inéditos para Joyce no festival MPB 80, da Globo, aqui na versão pós-tropicalista bilíngue da banda indie rock norte-americana.
23. Joyce e Ney Matogrosso, “Nacional Kid” (1984) – primeira versão conhecida de “Nacional Kid”, gravada em duo no álbum independente Tardes Cariocas.
24. Elizeth Cardoso, “Faxineira das Canções” (1986) – um dos ídolos de Joyce canta uma de suas composições (com a autora nos contracantos), trazendo para os domínios musicais um imaginário “feminino” que não costuma habitá-los.
25. Maria Bethânia, “Mulheres do Brasil” (1988) – Autora e intérprete em clave essencialmente feminista: “No tempo em que a maçã foi inventada/ antes da pólvora, da roda e do jornal/ a mulher passou a ser culpada/ pelos deslizes do pecado original”.
26. Joyce Moreno e João Donato, “Xangô É de Baê” (2009) – num disco em dupla, dois excêntricos bossa-novistas cantam um dos temas zombeteiros de candomblé de João.
27. Joyce e Dori Caymmi, “Flor da Bahia” (2005) – o tema dos parceiros Dori e Paulo César Pinheiro resume sentimentos universais das “minorias” raciais ou outras: “Dor da Bahia chega a machucar meu peito, na garganta da nó/ conviver com preconceito dá revolta e dá dó”.