Bel Medula expande os sentidos em “Fermentação”

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A multiartista Bel Medula - foto: Nathalia Striebel/ divulgação
A multiartista Bel Medula - foto: Nathalia Striebel/ divulgação

Álbum da artista é lançado junto com seu livro “Metodologia do encantamento: poesias, canções e práticas criativas”, com que dialoga

"Fermentação" - capa/ reprodução
“Fermentação” – capa/ reprodução

“Fermentação”, nos dicionários, é um “processo bioquímico de transformação de uma substância devido à ação de um fermento”, geralmente confundida também com o crescimento (no caso de pães, por exemplo).

A expressão intitula o novo álbum de Bel Medula, persona encarnada pela “artista, pianista, poeta, cantora, mulher de terreiro, pesquisadora, yogini e professora universitária” Isabel Nogueira, como ela mesmo se apresenta em texto no livro “Metodologia do encantamento: poesias, canções e práticas criativas” (DEC, 2025, 164 p.), que lança em paralelo.

No álbum, que chega às plataformas de streaming nesta sexta-feira (24) (faça aqui a pré-save), predominam piano e voz em diálogo com o livro (onde constam algumas das letras das 12 faixas registradas, entre inéditas e releituras), que escancara a relação de Bel com a palavra em suas variadas formas: poema, letra de música, texto em prosa. “Entre dançar a música e ler a poesia, existe uma lacuna ou atravessamento. De forma subjetiva, Isabel nos oferece respostas ou interrogações, dependendo do desejo”, sintetiza Cheila Schroer no prefácio “Veia, via voa”.

"Metodologia do encantamento" - capa/ reprodução
“Metodologia do encantamento” – capa/ reprodução

“Mas de que vale a vida/ se não tiver/ tempo pra um carinho/ só queria um cheiro/ e um abraço/ bem coladinho/ então te digo: vem,/ que agora tem/ tempo pra bailinho”, canta em “Tempo pra bailinho”, faixa de abertura do álbum, que versa sobre a pressa permanente que domina o ser humano nesta era em que sobra pouco tempo para o encontro e o afeto.

Piano, poesia, experimentação, improviso e performance são palavras-chave que poderiam sintetizar o trabalho, se isto fosse possível. Não foi à toa que Bel Medula escolheu “Fermentação” como título do álbum, ancorada no conceito que intitula o livro com que o disco faz par, fruto de estudos que vem desenvolvendo há mais de uma década.

Além de Bel Medula (voz, piano e direção artística), “Fermentação” conta com as presenças de Luciano Zanatta (saxofone barítono em “Sorvete de manhã” e “Falta pele”), Tânia Mello Neiva (violoncelo em “Amuletos”), Sara Oliveira (da banda Quarto ao Lado, voz em “Canção de amor”), Dionísio Souza (do grupo Kiai, baixo em “Tempo pra bailinho”, “Te dei o mar” e “Barco sem mapa”), Nando Peters (baixo em “Vertigem” e “Medula da noz”) e Kelvin Machado (da banda Quarto ao Lado, baixo em “Canção de amor”). O álbum tem gravação, mixagem e masterização de Diogo Brochmann (Dingo), no estúdio Pimenta Caseira, e produção musical de Bel Medula, LucZan e Diogo Brochmann.

A mulher múltipla que a habita se expande no entrecruzamento de referências e áreas de atuação, todas desempenhadas com qualidade. No caso do par de obras que ora lança, enquanto o álbum valoriza a dimensão sonora da palavra poética, o livro reúne poemas (letras de música) e exercícios de criação que instigam a sensibilidade e sua prática. Necessários, em tempos de ódio gratuito.

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