‘A Árvore’, as metáforas e a Alessandra Negrini

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A atriz Alessandra Negrini, em "A Árvore", seu primeiro monólogo
A atriz Alessandra Negrini, em "A Árvore", seu primeiro monólogo - Foto: Priscila Prade/ Divulgação

O espetáculo A Árvore, monólogo estrelado por Alessandra Negrini e dirigido por Ester Laccava, oferece um mergulho na psique de uma mulher que, diante de uma pequena árvore em seu apartamento, busca novas formas de compreender o mundo e a si mesma. Da aparente simplicidade, a peça se embrenha num esforço por transcender o cotidiano ao abordar temas universais como a busca por identidade e a insatisfação com os papéis sociais impostos.

Num certo dia, A., a personagem interpretada pela atriz, se vê presa por um fio de cabelo a uma muda de árvore, presente de uma vizinha que, na prática, desconhece. Tal como um Gregor Samsa, de Franz Kafka, A. se transforma em uma planta, abandonando seu corpo e conduzindo-a em uma jornada de autodescoberta.

A atuação de Alessandra Negrini é o que chama a atenção do público. Ela se entrega ao papel, procurando transmitir emoções complexas de alguém que parece estar em pleno delírio, mas é o oposto disso. O formato minimalista da encenação, com uma única personagem em cena e acompanhada de um pequeno vaso e livros espalhados sobre uma mesa, acaba por levar as inúmeras divagações pretendidas no texto para o centro do palco. São tantas que, por vezes, elas se perdem em uma espiral de ideias desconexas, o que pode causar um certo redemoinho de metáforas simplesmente lançadas ao ar.

Há uma nítida tentativa de explorar o surrealismo como uma ferramenta para discutir temas feministas. A Árvore se alinha a outras produções contemporâneas que busca renovar a linguagem cênica ao mesmo tempo em que reflete as tensões sociais. A dramaturgia de Silvia Gomez, indicada a prêmios como o Shell e o APCA, carrega sua marca de explorar fissuras na realidade para deixar novas perguntas para a plateria. Nessa tentativa de se equilibrar entre o delírio e a lucidez da personagem, a narrativa oferece material suficiente para reflexões pessoais.

A Árvore. Com Alessandra Negrini. No Centro Cultural São Paulo, de terça-feira a sábado (21 horas) e domingo (19), até 1º de setembro. Ingressos a 40 reais.
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