A crônica social e o bom humor de Fred Martins em álbum em dupla com Marcos Suzano

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Marcos Suzano e Fred Martins - foto: divulgação
Marcos Suzano e Fred Martins - foto: divulgação

Exalando afro-brasilidades Barbarizando Geral (Biscoito Fino, 2024) marca o encontro de Fred Martins e Marcos Suzano. Gravado entre Brasil e Portugal, onde o primeiro vive há 14 anos, o álbum tem por base a voz, o violão e as composições de Martins e a percussão de Suzano.

Mais conhecido pelo hit “Tempo Afora”, sucesso na voz de Ney Matogrosso, Fred Martins faz um álbum de crônica social majoritariamente em ritmo de samba – aos instrumentos da dupla se achegam algumas participações especiais, destaque para o MPB4 na hilariante “Ahmed” (Fred Martins/ Roberto Bozzetti), uma brincadeira com o personagem que supostamente seria o verdadeiro autor de alguns dos maiores sucessos de Chico Buarquefake news que circulou certo tempo tentando criar embaraços ao artista por ser desde sempre identificado com a esquerda. Paulo Malaguti “Pauleira” assina o arranjo vocal da faixa.

Martín Sued (bandoneon em “Além do Qualquer”, de Martins e Manoel Gomes), Sacha Amback (teclados em “Senzala”, de Martins e André Sampaio, e “Este Amor Tem Nome”) e Nani Medeiros (voz), Everson Moraes (trombone), Aquiles Moraes (trompete), Zejó da Naní (coro) e João Pita (coro) em “O Rancho da Seita Suicida” (Fred Martins/ Marcelo Diniz) completam o time de participações especiais.

Chico Buarque é duplamente reverenciado: além de em “Ahmed”, com o Papa Francisco, ganha homenagem também em “Dois Chicos” (Fred Martins/ Roberto Bozzetti).

“Um monstro no trono foi posto como se um rei” é o verso que inaugura a contundente e deliciosa marcha-rancho “O Rancho da Seita Suicida”, um alerta sobre o perigo do negacionismo como ideologia política, baseada em fatos reais de um Brasil muito recente (e infelizmente ainda não de todo superado).

“Madame Maldade” (Fred Martins/ Roberto Bozzetti) vai pela mesma linha, se valendo de bom humor para exercer a crítica política: aqui aos privilegiados de sempre, descontentes com qualquer sinal de justiça e igualdade social.

Márcio Oliveira assina criação e design da capa, onde veem-se desenhos do próprio Fred Martins, revelando personagens desta fauna armamentista pela qual já estaríamos na barbárie geral há tempos. A música de Fred Martins é uma das armas possíveis contra isto.

"Barbarizando Geral" - capa/ reprodução
“Barbarizando Geral” – capa/ reprodução

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Ouça Barbarizando Geral:

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