O guitarrista Cristiano Pinho durante show em Fortaleza, no Cantinho do Frango, em 2021

Guitar hero preferido de dez entre dez cantores e compositores cearenses – tocou e gravou com Belchior, Ednardo, Fagner, Amelinha, Kátia Freitas, Rodger Rogério, Téti, Fausto Nilo, Mona Gadelha, Fernando Catatau, Manassés, Mimi Rocha, entre outros -, morreu nesta quarta-feira, 3 de junho, em Fortaleza, o músico Cristiano Pinho, aos 55 anos. De estilo único, juntando um senso de psicodelia vintage com flavonoides nordestinos, Cristiano Pinho era uma personalidade da música em sua terra, uma espécie de Lanny Gordin do Ceará.

A personalidade alegre e a dedicação incondicional à música encobriram o fato de que Cristiano enfrentava um câncer há mais de 10 anos. Admirado por um leque de artistas que foi de Dominguinhos ao grupo Cidadão Instigado, ele era guitarrista, rabequeiro, compositor, arranjador, educador e produtor musical. Imprimia à guitarra um sentimento de rabeca, no jeito de tocar. Foi um dos 8 produtores envolvidos na gravação do álbum Terramarear, de Tiago Araripe (2021). Versátil como guitarrista, podia tanto tocar com um power trio quanto com uma orquestra sinfônica – em 2004, participou como músico convidado de apresentação com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, na Sala São Paulo.

Natural de Viçosa do Ceará (a 350 km de Fortaleza), Cristiano começou sua carreira ainda no início da adolescência, aos 12 aos. Estudou Harmonia e Improvisação na Escola Ian Guest de Aperfeiçoamento Musical, no Rio de Janeiro, escola fundada pelo amigo e visionário parceiro de Raul Seixas, o húngaro Ian Guest, produtor do álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971). Mais adiante, graduou-se em Música pela Universidade Estadual do Ceará.

“Só podemos agradecer pelo seu talento infinito, seu humor e ironia, suas canções e acordes dilacerantes, e por termos convivido com a sua grandiosa arte”, declarou a cantora Mona Gadelha. “Ele sempre foi um bordador. Sutil, preciso, com aquela personalidade toda. Como se ele ficasse fazendo uma renda com a música”, escreveu o compositor Ricardo Bacelar. “Todo o meu amor para o meu ídolo irmão herói, Cristiano Pinho! Era tudo sobre amizade e galáxias”, declarou Fernando Catatau. “Cris é um feiticeiro da guitarra, um bruxo da música que nos deixa sua encantaria como regalo e herança”, declarou Fabiano Piuba, secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura.

O artista lançou dois álbuns solo em sua carreira, “Pessoa”, de 1997, e “Cortejo”, de 2010, e engrandeceu trabalhos de dezenas de colegas músicos. O velório de Cristiano Pinho será nesta quinta-feira, 4, das 7h às 12h, no Teatro Municipal São José, em Fortaleza.

Ouça Cristiano Pinho tocando “Eleanor Rigby”, dos Beatles, na rabeca:

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