O geoglifo tombado pelo Iphan no Acre

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) homologou o tombamento nesta quarta-feira, 13 de março, do Geoglifo de círculo inscrito em quadrado situado no Sítio Arqueológico Jacó Sá, próximo à capital do Acre, Rio Branco. É o primeiro tombamento do tipo no País. O ato foi assinado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. Um geoglifo é uma gigantesca estrutura geométrica escavada na terra (pode ter formato quadrado, retangular ou circular) e são datados de até 3 mil anos. No Acre, foram identificados mais de 300 sítios arqueológicos do tipo geoglifo que estão compostos por 410 estruturas de terra, número que vem aumentando devido ao desenvolvimento de pesquisas arqueológicas e do uso da tecnologia para sua localização.

O sítio tombado em 2018 possui duas estruturas principais, cada uma com 20 mil metros quadrados, área de aproximadamente três campos de futebol. As valas das estruturas têm largura média aproximada de 11 metros e profundidade de dois metros e meio. A que foi tombada é uma figura formada por um quadrado com uma outra vala circular concêntrica a este. Os dois geoglifos do Sítio Arqueológico Jacó Sá estão na Lista Indicativa a Patrimônio Mundial, junto com os demais geoglifos conhecidos no Acre, estado brasileiro onde há mais ocorrências dessas estruturas.

Essas estruturas escavadas no solo, revelam as pesquisas arqueológicas, portam informações importantes sobre o manejo da paisagem amazônica por grupos indígenas que habitaram a região entre, aproximadamente, 200 AC e 1300 DC, e podem fornecer um novo paradigma sobre o modelo de ocupação da Amazônia por densas sociedades pré-coloniais. Para o Patrimônio Cultural e Histórico, o estudo dessas estruturas de terra é revelador sobre o processo de ocupação e povoamento da região amazônica, no primeiro milênio da era cristã, dando subsídios para afirmar que esse processo foi empreendido por grupos indígenas numerosos e com grande capacidade tecnológica para modificar o ambiente de terra firme e várzea, imprimindo na paisagem características de sua identidade.

O Iphan considera que, pela sua excepcionalidade e relevância para a compreensão do período pré-colonial, “tais sítios representam um exemplar único do patrimônio histórico e social que conduz a novas perspectivas de preservação, gestão e divulgação desses bens culturais”. Os pesquisadores, informa o Iphan, observaram que a dimensão afetiva deixou de ser um traço identitário relacionado apenas aos povos amazônicos, passando a ser também reconhecido pelo próprio Estado do Acre (na porção leste deste Estado, estão localizados em áreas de interflúvios, nascentes de igarapés e várzeas, associados em sua maioria aos rios Acre e Iquiri) como um atrativo turístico estratégico. Muitas pessoas consideram que há um componente de mistério extraordinário nas estruturas, algo que ainda foge à explicação científica.

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