O teatro juvenil de “Coisas que Você Pode Dizer em Voz Alta”

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Cena do teatro juvenil "Coisas que Você Pode Dizer em Voz Alta", da DeSúbito Companhia
Cena do teatro juvenil "Coisas que Você Pode Dizer em Voz Alta", da DeSúbito Companhia - Foto: Iwi Onodera/Divulgação

A DeSúbito Companhia encerra a circulação da peça Coisas Que Você Pode Dizer em Voz Alta, com duas últimas apresentações nos dias 21 e 22 de junho. É teatro juvenil, mas os pais deveriam acompanhar seus filhos – ou mesmo irem sozinhos – para ouvir o que as quatro atrizes no palco têm a dizer. É a difícil fase do salto da infância para a vida adulta? É bem mais que isso.

A protagonista Charlotte (Tay O’hanna) é uma jovem que já teria bastante o que enfrentar nessa transição para a vida adulta, com suas descobertas amorosas, as dores do crescimento e a dificuldade em dialogar com os mais velhos. Mas, como a peça deixará claro desde o início, ela vive numa cidade onde há mais gado que pessoas, e gosta de garotas. Não é preciso uma bola de cristal para saber que tudo se tornará mais difícil e, por vezes, há de se escamotear os sentimentos.

Resta a Charlotte viver enfurnada na garagem de sua casa, um lugar “confortável” onde pode se abrir ao lado das amigas, interpretadas pelas atrizes Carla Zanini e Marô Zamaro, e sonhar com o dia em que fará como sua tia (Mônica Augusto), única referência familiar que conseguiu se desvencilhar desse destino agrário. É dela que recebe discos e outras referências que lhe são caras. Em ritmo de HQ, com uma narrativa que não chega a se constituir de forma completa, no estilo começo-meio-e-fim, a peça faz incursões em pequenos momentos marcantes das personagens.

Com canções de David Bowie, Aretha Franklin e PJ Harvey, executadas ao vivo pelo elenco e pelas músicas Mini Lamers (guitarra e vocais) e Didi Cunha (bateria), o teatro juvenil de Coisas Que Você Pode Dizer em Voz Alta cresce ao mostrar como o afeto é a chave que conectaria mundos que hoje se afastam uns dos outros. E por “mundos” pode-se encaixar vários deles: adultos versus jovens; agrário versus urbano; respeito versus intolerância; vida moderna versus a imobilidade interiorana; real versus imaginário etc.

Com direção de Ricardo Henrique e dramaturgia de Ricardo Inhan, a peça parte da graphic novel O Enterro das Minhas Ex, da francesa Anne-Charlotte Gauthier, que apresenta as vivências de outra Charlotte em busca de um mundo desconhecido. Com Coisas Que Você Pode Dizer em Voz Alta, a DeSúbito, nascida em 2014, chega à sua quarta montagem, mas já está engatilhada para uma nova estreia, no próximo semestre: Afeto – Uma História de Amor (Violenta e Difusa) Entre Mulheres Quebradas, com dramaturgia de Carla Zanini.

Coisas Que Você Pode Dizer em Voz Alta. Da DeSúbito Companhia. Nos dias 21 (21 horas) e 22 de junho (16 e 21 horas), no Teatro Paulo Eiró (R. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, São Paulo-SP)

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