“Vamos precisar de todo mundo”, avisa Margareth

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A nova Ministra da Cultura do Brasil, a baiana Margareth Menezes

A cantora, atriz, produtora cultural, ativista e compositora baiana Margareth Menezes da Purificação foi confirmada nesta terça-feira, 13, como a próxima ministra da Cultura pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em suas redes sociais. “Obrigada, companheira Margareth Menezes, por aceitar o convite para ser ministra da Cultura. Nos últimos anos, a cultura sofreu um desmonte no Brasil. E nós vamos honrar nosso compromisso de reconstruir e fortalecer o setor”.

Margareth respondeu também em suas redes. “Agradeço ao presidente Lula pela confiança, tenho a certeza de que será um grande desafio e uma enorme responsabilidade. Vamos trabalhar incansavelmente para reerguer a cultura do nosso País”. Ela já convidou, e ele aceitou, o historiador, gestor cultural e secretário Nacional do PT, Márcio Tavares, para ser seu secretário executivo, o número dois da pasta.

A nomeação trouxe consigo uma cascata de apoios e celebrações. Amigo da futura ministra, o cantor Carlinhos Brown festejou a confirmação da parceira com quem fez diversos shows: “Em janeiro, no dia primeiro, desce o dono do terreiro. Coquê. Que premonição Dandalunda trouxe a sua vida. Arrasa, vamos juntos! Viva Margareth Menezes. Viva a Cultura, viva o Brasil!”. Dandalunda, que significa Yemanjá nos candomblés angolanos, é o nome de um dos grandes hits da carreira de Margareth (assim como Faraó, Elegibô e Alegria da Cidade). Brown está citando a letra da música em sua mensagem.

 Já Daniela Mercury, que também era cotada para o cargo, escreveu: “Caminhamos juntas há décadas e agora mais próximas pela reconstrução da cultura desse País. Margareth é uma potência”. A cantora Liniker festejou: “É incrível saber que uma negona está à frente do Ministério da Cultura”. A atriz Ingrid Guimarães não economizou na celebração: “Saímos literalmente do inferno no setor cultural. Salve Margareth!”.

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin também saudou Margareth. “Não tenho dúvidas de que, com sua história de dedicação às artes, Margareth Menezes recolocará a cultura nas prioridades nacionais”, disse Alckmin. “Ter Margareth Menezes no Ministério da Cultura do governo de Lula é reconhecer a contribuição histórica das mulheres pretas para as artes, as ciências, o pensamento crítico e a formação do espírito nacional, resultado da diversidade de ritmos, cores, vozes e formas criativas”, afirmou a provável ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

“Eu, como artista, sei que não será fácil, por isso, peço o apoio e a força de todos os artistas, mobilizadores, realizadores e agentes culturais do Brasil e também de cada cidadão, para juntos, de mãos dadas, restabelecermos com plenitude essa área que é tão ampla, tão diversa, fundamental para todos nós. A riqueza da nossa cultura alimenta a nossa alma e fortalece a nossa identidade como nação. A cultura reflete a força, a grandeza e a beleza do povo brasileiro. Vamos precisar de todo mundo!”, escreveu a futura ministra, que é conhecida pelos amigos como Maga.

“Vamos precisar de todo mundo” é um verso da canção Sal da Terra, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, hino pacifista de 1981. “Pra banir do mundo a opressão/Para construir a vida nova/Vamos precisar de muito amor”, prossegue a letra.

Margareth Menezes nasceu em Salvador, Bahia, há 60 anos. Ganhou seu primeiro violão em 1977, quando passou a se apresentar no coral da Igreja da Congregação Mariana da Boa Viagem, em Salvador. Além de ser há mais de três décadas um dos destaques do Carnaval afro, sua carreira se estendeu por diversas direções – chegou a abrir shows do cantor norte-americano David Byrne, e seu disco Elegibô, de 1990, liderou as paradas mundiais do gênero world music. Apresentou-se com Jimmy Cliff, Marisa Monte, Carlinhos Brown e dezenas de outros artistas. É presidenta da Fábrica Social, uma ONG que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade, e dirige o Mercado Iaô, agência de produção atuante no Estado. É também embaixadora da IOV (Organização Internacional de Folclore e Artes Populares) da Unesco, grupo que visa preservar e fomentar a produção cultural. Este ano, foi eleita uma das 100 pessoas negras mais influentes do mundo na lista da Most Influential People of African Descent (MIPAD) das Nações Unidas.

O ministério da Cultura, após ser restabelecido, receberá diversas incumbências e demandas. Há pedidos para que seja criada uma Secretaria das Culturas Populares, por exemplo, que oriente políticas destinadas a mestras, mestres, brincantes, pesquisadores e trabalhadores da cultura popular. A política audiovisual está empacada na Agência Nacional de Cinema, loteada pelo Centrão e pelo bolsonarismo. Os museus e o patrimônio histórico estão à míngua. E há militares, policiais rodoviários federais e ex-assessores de generais do governo derrotado em diversos cargos na atual estrutura da cultura. Por outro lado, há boas notícias, como a aprovação da Lei Paulo Gustavo e da Lei Aldir Blanc 2, que podem injetar 8 bilhões de reais no setor nos próximos três anos.

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