Uma obra-prima prenhe de sentidos

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Reginaldo Lincoln, Hélio Flanders e Fernanda Kostchak: o Vanguart. Foto: divulgação
Reginaldo Lincoln, Hélio Flanders e Fernanda Kostchak: o Vanguart. Foto: divulgação

Novo álbum do Vanguart, “Oceano rubi” chega às plataformas de streaming nesta sexta (23) e continua a narrativa iniciada em “Intervenção lunar” (2022)

Oceano rubi. Capa. Reprodução
Oceano rubi. Capa. Reprodução

“A luz entrou pela persiana amassada”, canta Hélio Flanders e começa o disco novo do Vanguart, “Oceano rubi” (Deck, 2022; faça a pré-save aqui), que chega nesta sexta (23) às plataformas de streaming. Música que também fala de coragem, “O que eu vou levar quando eu for”, a faixa de abertura, é um bom cartão de visitas para o trabalho, gravado em plena pandemia, simultaneamente a “Intervenção lunar”, álbum que o trio lançou ano passado.

Os beatlemaníacos costumam dizer que “Rubber soul” (1965) e “Revolver” (1966) formariam um belo disco duplo e talvez o fã-clube do Vanguart possa dizer o mesmo deste mais recente par de álbuns da banda mato-grossense. “Oceano rubi” aprofunda a narrativa iniciada em “Intervenção lunar”: enquanto um anuncia mudanças, o outro já canta essas mudanças, tudo embalado pelo pop radiofônico já mais que testado e aprovado do trio.

Em sete faixas Hélio Flanders (voz, violão, piano e piano rhodes), Reginaldo Lincoln (voz, baixo, guitarra, violão 12 cordas, percussão, piano, órgão e efeito stell) e Fernanda Kostchak (violino) falam de amor e emoções sem rodeios, numa conversa franca entre o Vanguart e seus ouvintes.

A sonoridade do grupo se completa com as presenças de Fabio Pinczowski (guitarra, violão, melotron, ominichord, percussão e piano rhodes) – que assina a produção do álbum com o trio –, Kezo Nogueira (bateria e percussão), Pedro Pelotas (piano), Felipe Ventura (violino, viola e arranjos de cordas), David Dafré (guitarra), Luiz Lazzaroto (órgão) e André Lima (acordeom).

A faixa de abertura e a seguinte, “Amorosidade”, já haviam sido lançadas como singles, antecipando o sabor de “Oceano rubi”. “Deixa chover devagar nas suas flores/ umedece a pétala e o coração/ o carnaval já vai chegar/ e os seus amores/ saltam de tanta vontade/ de tirar os pés do chão/ pra ser feliz mais vezes”, começa a letra da segunda, refletindo a fome e sede de alegria deixadas pela pandemia e a necessidade de repensarmos a correria cotidiana, em que não raro estamos apressados, sem tempo para a contemplação – e um disco novo do Vanguart é sempre algo que merece atenção.

A faixa-título é um dos destaques do álbum, com sua letra inteligente abordando a chegada de um filho na vida de um casal: num tempo de tanta vulgaridade explícita, “Oceano rubi” é comovente como a própria vida (e o milagre de uma nova vida), embora nem sempre estejamos aptos a perceber, com seu trajeto de encontros, desencontros, paixão, amor e sexo até a escolha do nome da criança.

“Fogo-fátuo”, balada que encerra o disco, fala de viagens, amadurecimento e volta às origens, brincando delicadamente com as variações de fuso horário dentro de um Brasil diverso e continental. “Quando tudo fizer sentido eu volto pra Cuiabá/ procuro aquela mulher/ que fez eu ir embora de lá/ digo que eu entendi/ porque ela me deixou/ que agora eu entendo enfim/ as coisas como elas são”, começa a letra. “Meia-noite é meio-dia/ em algum lugar do mundo/ tua tristeza já é alegria”, prossegue, uma obra-prima dentro da outra em um disco prenhe de sentidos.

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