King Richard: Criando Campeãs é baseado na história real das supertenistas Venus e Serena Williams. Mais precisamente, em como o pai delas, Richard Williams, construiu a carreira das filhas antes mesmo de elas terem nascido. O lado romanceado está presente e emociona. Não é sempre que duas tenistas negras, que aprenderam a jogar um dos esportes mais elitistas do planeta praticando em quadras públicas, chegam ao topo do mundo, contrariando todos os prognósticos. Mas será que Richard merece o título de “rei”?
A cinebiografia, em exibição na HBO Max, conta uma história parcial de Richard Williams. Ignora, de partida, que ele deixou um primeiro casamento, deixando a mulher cuidar de seus cinco filhos. A trama começa com o “king”, interpretado por Will Smith, já pai de Venus e Serena, filhas que teve com Oracene Price (Aunjanue Ellis). As duas meninas, ainda pequenas, são obrigadas a treinar com o pai, diariamente, até sob chuva, para que pudessem realizar o sonho que ele planejou, em 78 páginas, antes que viessem ao mundo. E um mundo, importante frisar, apenas de adversidades para pessoas negras.
A obstinada jornada de Richard é merecedora de elogios, ressalvado o fato de que ele nunca escondeu que ambicionava ficar rico com o êxito esportivo de Venus (Saniyya Sidney) e Serena (Demi Singleton). Quando Rick Macci (Jon Bernthal) começa a treinar Venus, ele afirma a Richard que pode ter o próximo Michael Jordan (jogador de basquete) e ouve em seguida: “Não, eu tenho os dois próximos Michael Jordans”.
Dirigido por Reinaldo Marcus Green, com roteiro de Zach Baylin, King Richard: Criando Campeãs foca a história quase que por completo no início da carreira das duas estrelas mundiais do tênis, encerrando a trama quando Venus disputa sua primeira partida como profissional. Teimoso e por vezes impertinente, Richard Williams era treinador de tênis, mas sabia de suas limitações dentro das quadras, o que não o impedia de interferir no aprendizado das filhas, assim que Venus consegue ingressar nesse seleto clube de futuros atletas em uma clínica de treinamento.
Richard Williams, hoje com 79 anos, foi um pai durão, mas cuja motivação sempre foi a de não deixar que suas filhas fracassassem ou se tornassem presas fáceis da criminalidade. Will Smith, que é produtor do longa, tem grande chance de sair vitorioso no Oscar por essa atuação, ainda que tenha emprestado seu prestígio para contar uma parte edulcorada da história e possa disputar a estatueta com nomes como Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães), Joaquin Phoenix (C’mon C’mon) e Denzel Washington (A Tragédia de Macbeth). Nos trechos finais do filme, já nos letreiros, surgem imagens de King Richard, o real, e se percebe o quanto o ator conseguiu transmitir os trejeitos e os métodos desse personagem.
King Richard: Criando Campeãs. De Reinaldo Marcus Green. Estados Unidos, 2021, 144 min. Na HBO Max.