








“É um leque de apoio como nunca vi”, disse Carlos Augusto Calil, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), ao discursar para a multidão. Eram, em sua maioria, cineastas, técnicos, intelectuais e ativistas da cultura, assim como moradores do bairro da Vila Mariana, famílias com crianças e cães. Muitos cartazes contundentes responsabilizavam os gestores federais da cultura pelos dissabores que a CB vive atualmente. “Os moradores têm orgulho de serem vizinhos da Cinemateca”, disse Calil.
Daniel Santiago, diretor da Associação Paulista de Cineastas, lamentou a postura do governo, que há mais de um ano promete uma solução emergencial para a Cinemateca e posterga indefinidamente essa decisão. “Infelizmente não voltamos para festejar, mas para manifestar nossa indignação”, afirmou.
“Não tem mais conversa com esse governo, eles não são confiáveis”, disse a representante de uma das associações de moradores da Vila Mariana, que move uma ação civil pública contra a Secretaria Especial de Cultura. Havia muitos cartazes pedindo a prisão imediata do secretário Mario Frias e também a saída de seu secretário adjunto, Hélio Ferraz, assim como um uníssono quando o grito era “Fora Bolsonaro”, identificado como um dos maiores inimigos históricos da cultura.
“Nós estamos dialogando com delinquentes, com bandidos. Eles foram contratados para destruir a Cinemateca”, discursou o deputado Carlos Gianazzi, sob aplausos; Gianazzi entrou com uma denúncia criminal na Procuradoria Geral da República contra o secretário de Cultura e seu adjunto, Hélio Ferraz.
Carlos Augusto Calil afirmou que os R$ 10 milhões definidos no edital de chamamento da OS para a Cinemateca representam apenas metade de suas necessidades atuais. A denúncia do FAROFAFÁ, de que não existe nenhum técnico cuidando do acervo (nem do incendiado, nem do principal, na Vila Mariana) foi corroborada pelos especialistas presentes. “Apesar de toda a mobilização, a Cinemateca continua abandonada. Não há um técnico cuidando”, afirmou Gianazzi, que participou de uma vistoria na instituição. Ele disse que há um grande engajamento popular e a imprensa tem se mostrado sensível à situação, mas citou a canção “Haiti”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, como um retrato do paradoxo que se vive atualmente: “Nem a lente do Fantástico/Nem o disco de Paul Simon”, nada disso faz com que o governo abandone sua determinação de deixar a Cinemateca ser arruinada.





