Covid-19 mata no Rio o compositor Mongol

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O cantor e compositor Mongol, que morreu ontem no Rio

Morreu ontem, terça, 11, no hospital da Fiocruz, no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Arlindo Carlos da Silva Paixão, o Mongol, aos 64 anos. Seu corpo será cremado no sábado, 15 – a família aguarda a chegada de um dos três filhos de Mongol, Igor, que vive em Berlim, na Alemanha, para a cerimônia (era pai também de Rana e Ian, do casamento com Deborah Turturro). Internado com Covid-19 há apenas 15 dias, Mongol não resistiu à doença. Ele não tinha comorbidades e praticava exercícios físicos cotidianamente, caminhando de 5 a 9 km todo dia.

Mongol passou a ser conhecido nacionalmente por conta de sua parceria com o cantor Oswaldo Montenegro, nos anos 1980. Um dos seus maiores sucessos populares foi a canção Agonia, de Mongol, com a qual Montenegro ganhou o festival de MPB da Rede Globo em 1980. Eles trabalharam juntos desde a adolescência. Mongol tinha 15 anos quando compôs Aquela coisa toda, que virou tema de novela da Globo. Suas canções foram gravadas por Zizi Possi, Ivete Sangalo, Deborah Blando, Alexandre Pires, Simonny, entre outros.

O apelido Mongol surgiu quando ainda era menino. Mongol teve uma puberdade precoce, o que também provocou crescimento antecipado. Com 10 anos, era muito maior que os colegas. Quando jogava bola, faziam uma analogia de seu tamanho avantajado (e a força) com os antigos guerreiros mongóis. Quando ia dividir uma bola com algum amigo, os que estavam assistindo diziam: “Lá vem o Mongol!”. O apelido pegou e ele o adotou. Uma vez, no programa do Jô Soares, o apresentador perguntou se o apelido não o incomodava. Mongol respondeu: “Pela força dos mongóis ou pela pureza da síndrome de Down, não me incomodo”.

Ele cresceu em um cortiço no Grajaú, no Rio, filho de empregada doméstica, e desenvolveu uma carreira muito diversificada como ator, compositor e intérprete. Ele também viveu no Leblon durante 7 anos e depois mudou para Minas Gerais, para Juiz de Fora. Em 2009, voltou ao Rio e passou a morar em Botafogo. Nos últimos dias, preparava-se para seguir o filho Ian, que tinha ganhado uma bolsa de estudos em Portugal, até a cidade do Porto, para onde pretendia ir em setembro.

Mongol tinha começado recentemente um projeto pedagógico no Instituto Reação, de Flávio Canto, na UniRio, no qual trabalhava com crianças da Rocinha, de 4 a 9 anos, usando a música como instrumento de alfabetização (algo inédito na instituição). E seguia produzindo música com intensidade. Em janeiro, no Festival Canto dos Araçás de música online, ele inscreveu a canção Canto para Oyá, que ganhou como Melhor Letra. Também foi premiado  recentemente num concurso ibero-americano de roteiros inéditos e venceu o primeiro concurso de roteiros cinematográficos encabeçado por Aguinaldo Silva com o projeto Cortiço Brasil.

Com Oswaldo Montenegro, integrou o grupo de atores, músicos, instrumentistas que se denominavam “Os Menestréis”. Passou a trabalhar em musicais como ”A Dança dos Signos” (marcante trabalho de Oswaldo Montenegro, de 1982), “Léo e Bia” e “Aldeia dos Ventos” e também fazia shows solo de humor e música. Também foi parceiro de Milton Guedes, Zé Alexandre, entre outros.

Agonia venceu o Festival da Nova Música Popular, realizado pela Rede Globo de Televisão em 1980, e tornou-se um hit massivo. Seguiram-se muitos outros sucessos, como Estrela de Néon, A Vida Quis Assim,  Sempre Não É Todo Dia, Taxímetro, A Dama do Sucesso, Lume de Estrelas, Coisas de Brasília.  No teatro, trabalhou em peças como O Rei do Mau Humor, Vampiro Doidão, fez a trilha dos musicais João Sem Nome e Brincando Em Cima Daquilo, com Marília Pêra.

Em 1997, Mongol experimentou outro hit massivo com a banda Akundum, que liderava, e sua canção Emaconhada (consta que vendeu mais de 200 mil discos e levou a banda a fazer 200 shows). O Akundum acabou abrindo shows da banda jamaicana Inner Circle.

Mongol tomava diariamente, há um ano, o coquetel de “prevenção” da Covid-19 indicado pelo presidente Jair Bolsonaro – de 15 em 15 dias, segundo sua esposa Deborah, com quem era casado havia 34 anos, ele e ela tomavam 3 comprimidos de Ivermectina e Hidroxicloroquina, além de vitaminas D e C, zinco, selênio e magnésio. No dia 6 de abril, Mongol tomou a primeira dose de vacina da AstraZeneca e então suspendeu a ingestão dos comprimidos de Ivermectina, segundo Deborah.

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