Sampa Jazz Fest. Cartaz. Reprodução
Sampa Jazz Fest. Cartaz. Reprodução

À pergunta “o que é jazz?”, o cantor e trompetista Louis Armstrong respondeu: “se você tem que perguntar o que é jazz, você nunca saberá”; e o pianista Thelonious Monk: “Eu não tenho uma definição de jazz. Você certamente entenderá quando ouvir”, em tradução livre.

João Gilberto, um dos fundadores da bossa nova, afirmava que “tudo é samba”, ao referir-se à “influência do jazz” – que intitulou música de Carlos Lyra – que acabou transformando o samba em obra-prima, matéria tipo exportação, no final dos anos 1950.

É por estas esquinas palmilhadas há mais de 60 anos por músicos, críticos, pesquisadores, aficionados e ouvintes comuns em geral, que se aventura o Sampa Jazz Fest, que chega à sua sexta edição, este ano de modo totalmente online. O evento acontece na próxima sexta-feira (30), Dia Internacional do Jazz, às 19h, com curadoria e direção artística de Daniel Nogueira (saxofonista das bandas Projeto Coisa Fina e Bixiga 70).

O bandolinista Hamilton de Holanda. Foto: divulgação
O bandolinista Hamilton de Holanda homenageia Tom Jobim no Sampa Jazz Fest 2021. Foto: divulgação

“Eu acho que o jazz pode ser tudo. Nem tudo é jazz, mas o jazz pode ser tudo. O jazz é uma música que se tornou mundial, universal, e tem uma relação muito forte com a música brasileira. Por exemplo: o jazz pode ser música brasileira também. Se a gente ouve bossa nova, se a gente ouve os jazzistas que tocam música brasileira e os brasileiros que gostam de tocar jazz também e fazer a mistura das duas músicas, eu acho que mostra isso, uma música universal, uma música que tem vocação pra coletividade e, no meu caso especialmente, tem uma relação muito próxima ao choro, que é minha música matriz. Então o jazz é realmente uma música onde eu me encontro muito bem, tenho uma relação de admiração muito grande e faço da minha música um elo da música brasileira com o jazz, com certeza”, declarou o bandolinista Hamilton de Holanda com exclusividade ao Farofafá.

No Sampa Jazz Fest ele apresenta o projeto “Hamilton de Holanda toca Tom Jobim”, outro pilar da bossa nova, no rastro de homenagens já prestadas por ele a grandes nomes da música instrumental brasileira, como Pixinguinha e Jacob do Bandolim.

A cantora Tulipa Ruiz e o pianista João Donato dividem o palco no Sampa Jazz Fest online de 2021. Foto: divulgação
A cantora Tulipa Ruiz e o pianista João Donato dividem o palco no Sampa Jazz Fest online de 2021. Foto: divulgação

Se Jobim e Gilberto já estão noutro plano, o acriano João Donato, outro papa bossanovista inaugurador do movimento, segue na ativa. E um dos segredos da longevidade e do frescor de sua obra é a constante interação com músicos de gerações mais novas. Ele divide o palco com Tulipa Ruiz, com quem lançou em 2019 o ep “Tulipa Donato”, com duas faixas: “Gravidade zero” (primeira parceria deles) e “Manjericão” (Tulipa e Gustavo Ruiz), gravada com a participação especial do rapper Edgar. No show do Sampa Jazz Fest, eles terão como convidado o músico Doug Bone (trombonista do Bixiga 70).

“Trabalhar com a Tulipa, o Gustavo, Donatinho [filho de João Donato, com quem ele também já dividiu disco], é uma turma que acrescenta bastante frescor ao meu trabalho. E segundo eles dizem, a música que eles fazem fica mais moderna com a minha presença. Isso é interessante. Por que eu trago uma coisa antiga que moderniza as coisas atuais. Isso é bem interessante. Eu fico muito feliz por tocar com gente nova, que é o que eu costumo fazer sempre. É sempre um prazer estar tocando com os meninos novos, eu acrescento alguma coisa na coisa deles e eles acrescentam novidade na minha música, é muito bom”, diverte-se/nos João Donato, que se apresentou no Lençóis Jazz e Blues Festival, em 2018, no exato dia em que completava 84 anos. O resultado foi o show terminando com um apoteótico “parabéns a você” cantado em uníssono pela plateia presente à Concha Acústica Reinaldo Faray, na Lagoa da Jansen, em São Luís.

Ele também comentou sua incursão pelo universo do jazz e o diálogo do gênero com outras linguagens: “a familiaridade com a linguagem do jazz é internacional, é universal, é uma coisa que nos dá bastante experiência através dos tempos, nós que tocamos todos os estilos, desde música para dança, baile, boate, night club, jazz club, teatro, concerto, televisão, pra tudo, né? Então a gente vai adquirindo uma experiência gostosa com essa linguagem do jazz, que serve para todos os momentos da vida”, declarou exclusivamente ao Farofafá.

Além de Hamilton de Holanda, Tulipa Ruiz e João Donato, também se apresenta no Sampa Jazz Fest a saxofonista Sintia Piccin, que já compareceu a fichas técnicas de discos e shows de artistas como Alceu Valença, Benito di Paula, Mônica Salmaso, Paulo Freire (o violeiro, não o pedagogo comumente atacado pelo bolsonarismo) e Teco Cardoso, entre outros.

As apresentações do Sampa Jazz Fest 2021 foram previamente gravadas pelos artistas, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária em relação à pandemia de covid-19, e serão transmitidas gratuitamente no canal do Sampa Jazz Fest no youtube.

Serviço: Sampa Jazz Fest. Shows online de Hamilton de Holanda, Tulipa Ruiz e João Donato (feat. Doug Bone) e Sintia Piccin, 30 de abril (Dia Internacional do Jazz), às 19h, no canal do festival no youtube.
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