A Academy of Motion Pictures, Arts and Science (Ampas) de Hollywood enviou um ofício às entidades de classe brasileiras reconhecendo a Academia Brasileira de Cinema (ABC) como a responsável por escolher, a partir deste ano, o filme brasileiro postulante à disputa do prêmio Oscar, o mais destacado do cinema. Isso significa que o filme brasileiro que tentará disputar a 93ª edição do Oscar 2021, em abril, não será mais indicado pelo governo federal – desde 2017, por delegação do governo, já era a Academia Brasileira de Cinema que constituía a comissão responsável pela escolha, mas esse ano o governo não tem mais nada a ver com a seleção.

A atitude da Academia de Hollywood indica que o cinema norte-americano sabe que o governo Bolsonaro atua com intenções de segregação cultural e atitudes censoras em relação ao cinema brasileiro, e busca evitar a censura de Estado na escolha. Nem mesmo a Agência Nacional de Cinema (Ancine) terá qualquer participação no processo seletivo, não foi convidada pela Academia norte-americana. A censura já foi um espectro presente na seleção do Oscar promovida pelo antigo ministério da Cultura de Michel Temer, quando o cineasta Kleber Mendonça Filho foi perseguido por se posicionar contrariamente ao governo, e seguiu com a sanha de censura comportamental do governo Bolsonaro.

Por causa da pandemia, os longa-metragens selecionados por País (entre 1º de outubro de 2019 e 31 de dezembro de 2020) também poderão se qualificar caso tenham tido lançamento em serviços de plataformas sob demanda. As regras divulgadas, também devido à pandemia, estão sujeitas a alterações. O filme inscrito não precisa ter sido lançado nos Estados Unidos. A comissão que foi constituída tem Afonso Beato, Laís Bodanzky (da SP Cine), Clelia Bessa, Rodrigo Teixeira, Roberto Berliner, Viviane Ferreira, Lula Carvalho, Renata Magalhães e Leonardo Monteiro de Barros.

Eis, na íntegra, a carta da Academia Brasileira de Cinema sobre a indicação:

 

Prezados amigos,
Já faz alguns anos, desde a gestão do nosso querido Roberto Farias, que a Academia Brasileira de Cinema busca autonomia para indicar o filme que representa o Brasil na vaga de Melhor Longa-Metragem Internacional no Oscar®️.
A Academia é uma instituição independente que congrega a classe de profissionais do audiovisual brasileiro e tem como uma de suas missões promover e contribuir para o desenvolvimento da área no país.
Desde 2017, quando foi firmado o acordo de cooperação técnica com o Ministério da Cultura, a Academia Brasileira de Cinema vem estreitando relações com a AMPAS – Academy of Motion Pictures Arts and Sciences.
E hoje temos o maior prazer em comunicar que, após algumas conversas, os diretores da AMPAS reconheceram oficialmente a Academia Brasileira como única entidade responsável pela seleção do filme brasileiro. Isso fortalece nossos laços com a Academy of Motion Pictures Arts and Sciences, a exemplo do que já acontece com a Fiacine (Federación Iberoamericana de Academias de Cine), e reafirma a independência da Academia Brasileira de Cinema.
E dedicamos a Roberto Farias essa vitória, que é de todos os profissionais do cinema e do audiovisual brasileiro. O anúncio oficial à imprensa foi feito através da PALAVRA, assessoria de imprensa da Academia Brasileira de Cinema.  A carta da AMPAS segue em anexo para conhecimento de todos os sócios.
Em breve, daremos continuidade ao processo de inscrição dos filmes brasileiros que desejarem concorrer a uma vaga entre os indicados para a 93ª Premiação Anual promovida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences – Oscar®️ 2021, na categoria de Melhor Longa-Metragem Internacional.
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