Produção comercial de consumo ligeiro para públicos infanto-juvenis (ou nostálgicos em geral), Sonic – O Filme está enchendo cinemas no mundo todo e segue sendo uma das bilheterias mais robustas. Escorada na trama do game Sonic, de 1991, a produção era aposta de fiasco. O que aconteceu para que tivesse tanto êxito? Há algumas pistas, e a notável despretensão do live action não é uma delas. Sonic, em linhas gerais, pode ser descrito como um ouriço azul extraterrestre com velocidade ilimitada que é perseguido por um cientista maluco, Robotnik (ou Eggman), para ser dissecado e analisado. No filme, Robotnik é encarnado por Jim Carrey, numa interpretação quase control C control V de toda sua produção anterior.
Enviado à Terra para escapar da morte, Sonic cresce numa solidão infinita. Para matar o tempo, lê comics do Flash, coleciona itens da cultura pop e espiona um casal típico da pequena cidade que escolheu para viver anônimo, Green Hills: o xerife Tom Wachoswski (James Mardsen) e sua namorada, Maddie (Tika Sumpter). Tom é chamado de Lorde Donut pela criatura.
Sonic – O Filme parece funcionar não apenas porque é ultrafamília (no sentido sixties do termo), mas também por mesclar seu plot binário com piadas refinadas. Há uma cena em que Sonic entra num bar country disfarçado e Tom o chama para irem embora. Ele pede para ficar só mais um pouco. “Daqui a pouco vai tocar uma banda cover do ZZ Top”, argumenta. Canções de Queen, The Lazys, Poppy Family, X Ambassadors, Wiz Kalifa e uma citação de Richard Wagner completam aquela sensação de que os pais não perderam totalmente o tempo (e a noção do ridículo) ao acompanharem os filhos pequenos ao cinema nessa missão.