O Ministério do Turismo exonerou ontem a chefe de gabinete da Secretaria do Audiovisual do governo, Maria Angélica Marques Coutinho. A executiva era o último nome da gestão de Sérgio Sá Leitão (ex-ministro de Michel Temer e atual secretário da Cultura e da Economia Criativa de São Paulo) a ocupar um cargo importante na atual hierarquia da cultura federal e chegou a ser superintendente de Desenvolvimento Econômico (SDE) da Agência Nacional de Cinema (representou a agência, inclusive, em conversações com majors do cinema e outras instituições, como os dirigentes da Annenberg Inclusion Initiative, na University of Southern California).
Maria Angélica foi demitida no mesmo dia em que o Secretário Especial de Cultura de Bolsonaro, Roberto Alvim, anunciou o nome de André Sturm como novo secretário do Audiovisual. Assim como Sá Leitão, Sturm integrou um governo do PSDB (foi ex-secretário de Cultura de São Paulo) e é gestor do cinema Belas Artes. O novo secretário do Audiovisual é acusado pelo Ministério Público, em São Paulo, de improbidade administrativa (na gestão de um contrato entre o Teatro Municipal e o Instituto Odeon) e também de assédio sexual e de agressão.
Os “expurgos” na Secretaria do Audiovisual começaram com a exoneração da secretária, Katiane Gouvêa, anteontem. Oficialmente, a versão de sua demissão foi uma acusação de corrupção – candidata não eleita a deputada federal em 2018, Katiane gastou R$ 25.600,00 de sua campanha na empresa Grow Comunicações LTDA, na qual ela é sócia da mãe. A lei veta o uso do fundo eleitoral na própria empresa. Segundo a colunista Monica Bergamo, o secretário Roberto Alvim teve que chamar seguranças para que Katiane deixasse o edifício da secretaria de cultura após a demissão. Ela armou um barraco. Porém, fontes da Agência Nacional de Cinema (Ancine) informaram que foi a secretária a principal articuladora de retaliações contra o cinema nacional (como o veto a cartazes) e, embora com anuência de Alvim, sua ação foi considerada como um marketing negativo para o governo.