A compositora britânica Laura Bowler é mentora de um projeto de óperas contemporâneas bastante singular na Europa, o Size Zero Opera. A companhia surgiu como um trabalho de graduação da vocalista, performer e compositora na Royal Northern College of Music, apresentado no Tête à Tête Opera Festival, e suas proposições inovativas sedimentaram o trabalho de Laura na renovação do conceito de ópera e teatro (ela também é professora da Guildhall School of Music and Drama). “Ópera é teatro. Se não é, fracassou”, diz a artista, uma das atrações da sétima edição do festival Música Estranha, que começa nesta quinta-feira, 21, em São Paulo. O 7º Festival Música Estranha acontece entre 21 e 24 de novembro, em diversos pontos de São Paulo, SESC Avenida Paulista, SESC CPF, Jazz nos Fundos e no Centro Cultural Al Janiah.
“Em anos recentes, meu trabalho se tornou mais e mais social e politicamente engajado – um colega recentemente o descreveu como ‘ativismo composicional’. Compus um concerto multimídia para saxofone desafiando as ideias da sociedade sobre feminilidade, compus sobre anorexial, falei sobre boxe feminino. Meu trabalho mais recente não é diferente. Preciso sentir a experiência visceral de tudo sobre o qual componho, e agora o foco é na mudança climática, e senti como essencial achar um jeito de ir à parte mais remota do planeta, a Antártida”, escreveu a compositora Laura Bowlers no jornal The Guardian, após passar o ano de 2018 enfiada em estações em Ushuaia e na Terra do Fogo, na Argentina, estudando alterações causadas pelo aquecimento global. Evidentemente, salienta Laura Bowler, não se trata de um trabalho discursivo de convencimento, mas de “propor questionamentos” às plateias.
Além da estrela de Laura, o festival terá seu conterrâneo, o músico e designer de instrumentos britânico Tom Richards, que irá discutir a vida e a obra da compositora e engenheira de áudio britânica Daphne Oram (1925-2003), pioneira na música eletrônica mundial, fundadora do BBC Radiophonic Workshop em 1958; o grupo dinamarquês Scenatet, fundado pela artista Anna Berit Asp Christensen em 2008 e que transita por diferentes gêneros artísticos, passando pela música, teatro, artes visuais e outras; a dupla canadense Not the Music, composta por Philippe Lauzier (clarinete baixo e eletrônica) e Éric Normand (baixo elétrico modificado e caixa clara); o músico, produtor musical, artista multimídia e gestor cultural sergipano Gilberto Monte; e a artista multimídia Mirella Brandi, também designer de luz, e Muepetmo, músico, compositor e engenheiro de som; entre outros.