Após 11 anos sem frequentar os estúdios de gravação, a baiana Margareth Menezes está de volta com o potente Autêntica, que será lançado com shows dia 1 de novembro, no Mercado Iaô, em Salvador, e dia 9, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Repleto de participações e parcerias com artistas baianos da nova geração, o novo álbum é um sopro de renovação na obra altiva da cantora.
“Ninguém é melhor que eu/ nem por grana nem por cor”, canta Margareth na feminista negra “Minha Diva, Minha Mãe”, composta por ela própria. Na mesma direção vai “Mãe Preta”, de Luedji Luna e Ravi Ladin: “Mãe de toda dor/ ama que alimenta o mundo/ quem te ama, mulher, quem te ama?/ se tudo cai ela levanta/ derruba qualquer desespero/ cuida de mim, cuida de quem puder/ quem te cuida, mulher, quem te cuida?/ se o mundo chora, ela vai secar/ se ela chora, rega/ carrega o mundo nas costas/ preta”.
Predominantemente autoral, Autêntica tem parcerias de Margareth com Nabiyah Be, filha de Jimmy Cliff (em “Querera”), Ahmed Soultan e Samira Ammouri (na multilíngue “Elegibô – Peaceful Heart”), entre outros. “Por uma Folha” é composição lírica de Flavia Wenceslau. A flamejante Larissa Luz canta com a anfitriã na luminosa “Capoeira Mundial”. Roberto Barreto, do BaianaSystem, toca guitarra baiana em “Vento Sã”.
Margareth diz agrupar um repertório de “alma feminina”, num momento que clama por isso. Mas parceiros meninos também entregam canções para Autêntica. Gilberto Gil compôs a feminina “Paraguassu” (“negra flor tupinambá/ entre ritos e mitos/ eu nasci para o amor/ que veio do grande mar”). Carlinhos Brown é o autor de “Perfunme de Verão”, com André Lima.
Outra faixa masculina, “Mulher da Minha Vida”, de Lima e Gabriel Moura, trata de sentimentos bem femininos, que ecoam a obra jovem de Larissa Luz: “Eu não sou uma boneca pra você comprar/ vou dizer na sua cara pra você saber/ não sou um avião pra você me pegar/ não sou um sanduíche pra você comer/ (…) eu não sou um objeto pra você usar/ meu corpo, minhas regras, tá pensando o quê?”. Aparece brava em Autêntica, a quase sempre pacata matriarca negra do axé Margareth Menezes.