O neto muçulmano

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O filme Adeus à Noite lança um olhar autoral sobre as complexas relações étnicas e geracionais na Europa

O filme Adeus à Noite, do veterano francês André Téchiné, lança um olhar autoral sobre as complexas relações étnicas e geracionais na Europa atual. Catherine Deneuve é Muriel, nascida argelina e dona de um haras em região campestre francesa, às voltas com a visita do jovem neto Alex (Kacey Mottet Klein), que se converteu ao Islã. 

Os temas vão se sobrepondo. Alex diz que está de mudança para o Canadá, mas na verdade se prepara, com a namorada, para aderir às lutas “radicalizadas” na Síria pós-2012. Com as eleições francesas polarizadas pela direita radical fazendo leve pano de fundo, o conflito geracional evolui para a promessa de tragédia. “Vou em direção à noite. Digo adeus à luz”, escreve o neto para a avó em carta de despedida, depois de roubar a conta bancária dela. 

Tentando compreender Alex, Muriel desenvolve uma relação com outro jovem muçulmano, Fouad, um “traidor” da causa mantido sob vigilância pelo governo francês. A montagem paralela permite contrastar a experiência de ser mulher no Ocidente e no Oriente. 

Pelas frestas, o espectador brasileiro tem chance de comparar a situação em tela com a dos jovens daqui, em especial os negros e pobres de nossas favelas. Téchiné elabora uma interpretação nunca livre de preconceitos e estereótipos, mas sempre delicada e amorosa.

Adeus à Noite (L’Adieu à la Nuit). De André Téchiné. França, 2018, 100 min.
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