Francisco, la Mujer

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1958

Formada por dois irmãos mexicanos de Cidade do México, um goiano de Goiânia e um paulista e uma paulista interioranos de Sorocaba (ambos “com muito orgulho”), a banda Francisco, el Hombre eletrizou a plateia heterogênea da terceira edição do Vento Festival, que aconteceu entre 15 e 18 de junho no centro de São Sebastião, no litoral norte paulista.

Lugar de baterista não é na cozinha: o mexicano Sebastian Piracés-Ugarte ocupa o centro do palco de Francisco, el Hombre
Lugar de bateria não é na cozinha: o baterista e vocalista mexicano Sebastian Piracés-Ugarte ocupa o centro do palco de Francisco, el Hombre – Foto divulgação

Ao ar livre, a corrente elétrica pan-anamericana, pan-brasileira da garotada espalhou-se com os versos de “Calor da Rua” (“não sou pedra, mas posso endurecer/  já sei pra onde vou:/ eu vou sentir o calor da rua”), arrebatou no ativismo direto de “Bolso Nada” (“esse cara tá com nada, sabe pouco do que diz/ muito blablablá que queima quem podia ser feliz/ desrespeito é o que prega, então é o que colherá/ jogo purpurina em cima para o feio embelezar”) e se tornou palavra de ordem gritada em coro feminino e catarse na letra contundente de “Triste, Louca ou Má”: “Um homem não te define/ sua casa não te define/ sua carne não te define/ você é seu próprio lar”.

Roqueiros energéticos e muito jovens (na faixa etária dos 24 aos 28 anos), as cinco espelham sonhos bilíngues e multilatino-americanos que vicejaram quando ainda nem eram nascidas, no “eu sou da América do Sul/ sei, vocês nem vão saber” de Milton Nascimento, “sou da América/ sul da América/ South América/ eu sou a nata do lixo, eu sou do luxo da aldeia, eu sou do Ceará” (1973) do Pessoal do Ceará, no “desperta, América do Sul” (1975) de Ney Matogrosso, no “eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco/ sem parentes importantes/ e vindo do interior” (1976) de Belchior, no “yo tengo tantos hermanos/ que no los puedo contar” (1976) de Elis Regina e do “soy latino-americano/ e nunca me engano” (1976) de Zé Rodrix.

Com a palavra, instantes depois do show, a alegria musical e pan-humana de Francisco, el Hombre (y la Mujer).

(FAROFAFÁ agradece aos sensacionais rapazes da Elefante Sessions, parceiros generosos que fizeram a gravação e a edição da entrevista com El Hombre.)

(Leia mais sobre o Vento Festival 2017 aqui e aqui.)

(Pedro Alexandre Sanches viajou a convite do Vento Festival.)

 

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