A mãe d’água levou

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Estamos no meio do rio São Francisco, olhando para o horizonte.

Estamos, mais precisamente no município de Cabrobó, em Pernambuco, na Ilha da Assunção, uma reserva de indígenas da etnia truká com 5.000 habitantes.

João Amaro é um pescador truká que convive com o Velho Chico, com o lixo trazido às margens da ilha pelas águas e com a dificuldade de alimentar a esposa e a filha pequena, Isabel.

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Desesperado pela fome familiar, João Amaro faz uma promessa à mãe d’água, a Oxum Opara, a divindade dos rios e das cachoeiras, sereia mítica pela qual se apaixonam brasileiros autóctones, afrodescendentes e eurodescendentes.

João promete dar à mãe d’água os olhos da primeira pessoa que encontrar, caso seja bem sucedida a pescaria no São Francisco.

A mãe d’água presenteia João Amaro com peixes, e a primeira pessoa que ele encontra na volta é… sua filha Isabel.

João entra em desespero. Roga a Opara: leve-o, em vez de levar sua filha.

Tenta trancar Isabel na casa de pau-a-pique, para que ela não tenha acesso aos encantos da mãe d’água. Pensa em se mudar para um lugar onde não existam rios (a Grande São Paulo, talvez?).

João tenta por todos os meios descumprir a promessa, o rito, o mito.

É tudo em vão. (Por favor, não me acuse de colocar ~spoilers~ em uma história ancestral de domínio público…) A mãe d’água leva Isabel. O pai da menina pula n’água para procurar a filha e desaparece também. A mãe d’água leva João Amaro, homem-exemplo descumpridor dos mitos, dos ritos, das promessas.

“Opara não se defende. Opara se vinga”, avisara a divindade acostumada a receber oferendas em forma de lixo.

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Poderiam ser cenas de uma telenovela global, ou mesmo a vida real nua e crua. Mas o enredo, roteirizado pela coletividade truká da ilha da Assunção e dirigido por Maurílio Truká, conduz o filme de curta-metragem A Promessa (2013), que estará em cartaz em São Paulo na mostra Aldeia SP – Bienal de Cinema Indígena, de 7 a 12 de outubro, no Centro Cultural São Paulo e em diversos CEUs (Centros Educacionais Unificados) das periferias paulistanas.

 

(Este texto integra a cobertura da Aldeia SP, em parceria de FAROFAFÁ com a Bienal de Cinema Indígena.)

 

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2 COMENTÁRIOS

  1. E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão,
    Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me vier ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto.
    Assim Jefté passou aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o Senhor os deu na sua mão.
    E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel.
    Vindo, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças; e era ela a única filha; não tinha ele outro filho nem filha.
    E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas vestes, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste, e estás entre os que me turbam! Porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás.
    E ela lhe disse: Meu pai, tu deste a palavra ao Senhor, faze de mim conforme o que prometeste; pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom.
    Disse mais a seu pai: Concede-me isto: Deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.
    E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses; então foi ela com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes.
    E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem; e daí veio o costume de Israel,
    Que as filhas de Israel iam de ano em ano lamentar, por quatro dias, a filha de Jefté, o gileadita.

    Bíblia Juízes Capitulo 11: Versículos 30-31-32-33-34-35-36-37-38-39-40

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