Em 1979, munidos de 150 metros de fita crepe, eles rodaram a cidade por volta da meia-noite num fusca vermelho e “lacraram” 40 galerias de arte, incluindo o elevador do MASP.

Carregavam 50 cartazes com a inscrição: “O que está dentro, fica; o que está fora, se expande”.
Eram três jovens artistas e ativistas.
“As galerias cheiram a ranço cultural”, disseram ao antigo Jornal da Tarde.
Era a Operação X-Galeria.
Luiza Strina disse: “Galeria de arte é um estabelecimento comercial e, portanto, tenho de vender quadros e pagar aluguel”.
Sabina de Lidman chamou de “criancice”.
Jacob Klintowitz escreveu: “Não é verdade que os jovens não tenham chances”.
Os jornalões de costume pediram sua punição, falaram em propriedade privada, etc.
O velho Pietro Maria Bardi foi um dos poucos que não chiou, mas disse: “O anonimato não é muito democrático”.
Ivald Granato chamou de “gestolacre” e disse que achou bonito.
37 anos depois, é possível dizer que as três ou quatro galerias de sempre venceram, reduziram toda a questão ao mercado de arte, mas sempre é lindo quando há embate e alguma dialética.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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