Indústria fonográfica inventa a pólvora… e bum!

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Loja de discos da Lego - Foto: ideas.lego.com
Loja de discos da Lego - Foto: ideas.lego.com
Loja de discos da Lego – Foto: ideas.lego.com

A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, em sua sigla inglesa) anunciou que álbuns musicais deverão ser lançados sempre às 0h01 locais das sextas-feiras. O objetivo do “global release day” é evitar a pirataria decorrente de datas diferentes de lançamentos. Se na Inglaterra, os discos chegam às lojas na segunda-feira, nos Estados Unidos as vendas começam um dia depois. É uma ideia “de gênio”, que chega com pelo menos 15 anos de atraso.

Frances Moore, chefe (CEO) da IFPI, afirmou que há três razões para se adotar o “global release day”: os consumidores, cada vez mais digitais, não enxergam mais as fronteiras e não querem esperar a sua vez; uma data mundial facilitaria as distribuidoras a criarem estratégias de vendas dos novos álbuns; e com uma data única acaba-se a pirataria que ocorre entre um lançamento e outro.

Em uma pesquisa realizada em sete países, incluindo o Brasil e Estados Unidos, a IFPI descobriu que sete em cada dez consumidores de música preferem a sexta-feira. É nesse dia e no sábado que as lojas físicas (as que ainda restam…) têm maior movimento, o tráfico online de compras tem seus maiores picos e as redes sociais estão mais agitadas.

A IFPI inventou a pólvora, mas uma bomba mais letal já havia explodido no colo das gravadoras desde o advento do Napster, programa de compartilhamento (download) criado em 1999. A pirataria é ilegal, mas pergunte isso a um jovem, aquele que mais consome música no planeta, se ele considera estar cometendo um crime.

A RIAA (a associação que representa as três maiores gravadoras americanas, Universal, Sony e Warner) registrou queda nas vendas de álbuns da ordem de US$ 2,3 bilhões desde 2001. Gravar e distribuir música se tornou um negócio de risco em um universo que não distingue, com clareza, o legal do pirata. Cerca de 80% dos lançamentos mundiais venderam, em 2011, menos de 100 cópias. Mas pergunte se as pessoas tiveram (ou estão tendo) acesso a qualquer um desses lançamentos?

IFPI e RIAA, no ano passado, iniciaram uma luta contra o Google, afirmando que a gigante da internet facilitava a vida da pirataria. Segundo as entidades, nada menos que 100 milhões de links indicados pelo mecanismo de busca apontavam para músicas que ignoravam os direitos autorais. A RIAA lançou o site Music Matters, onde as pessoas podem comprar músicas digitalmente.

A IFPI deixou claro que o “global release day” visa atingir aqueles que preferem continuar comprando álbuns pelas vias tradicionais. A medida passa a valer no verão do Hemisfério Norte – e inverno no Sul, incluindo o Brasil. Lançamentos locais, como os de artistas brasileiros, por exemplo, não precisam seguir essa data. Artistas que são ignorados pelas gravadoras poderão continuar conquistando e criando seu próprio espaço, de domingo a domingo, lançando músicas nos serviços como Soundcloud, clipes no YouTube e divulgando seus trabalhos nas redes sociais para seus fãs.

 

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3 COMENTÁRIOS

  1. O artigo trata o compartilhamento de músicas como pirataria, o que é apenas uma das interpretações possíveis. Outra interpretação amplamente difundida trata como pirataria o esquema de obtenção de lucro sobre cópias ilegais. Nunca foi “pirataria” o hábito de copiar em fitas K7 as músicas que gostávamos, seja do rádio ou diretamente dos discos. A pessoa podia gravar uma música do disco para a fita para poder ouvir no carro, por exemplo, ou mesmo para mostrar um som novo a algum amigo. O que sempre foi proibido era a pessoa gravar a fita e vender em uma banquinha na frente de casa, o mesmo vale para os CDs. Com o compartilhamento de música em formato digital é a mesma coisa, mudou o formato e o método, mas se for para consumo pessoal, não há crime. Essa interpretação é defendida por muita gente séria. A indústria fonográfica precisou se reinventar, lutar contra o MP3 é uma guerra perdida. A batalha travada pelo Metallica contra o Napster foi um verdadeiro mico mundial. Roberto Carlos e Ana Carolina pagam outro mico hoje combatendo sites de cifras. A indústria descobriu que existe um público que prefere comprar música em suporte físico, e investiu em edições de luxo, boxes e no retorno do vinil. O formato CD está com os dias contados, mas o bom e velho disco de vinil, graças a sua qualidade e durabilidade, se consolida a cada dia como o suporte físico definitivo para se ouvir uma boa música. O mercado mundial está aquecidíssimo, e o global release day serve como um impulso nesse mercado também, pois o marketing de um lançamento mundial simultâneo é muito mais poderoso.

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