Zezé di Camargo e Luciano estavam cobertos de razão: é o amor que mexe com a nossa cabeça e nos deixa assim. Nas letras dos maiores sucessos de três gêneros populares, esta é a palavra mais repetida. Se para os sertanejos, o amor está ligado ao querer, para os forrozeiros, é algo mais, digamos, carnal. Já entre os pagodeiros fica lado a lado com a vida e com a gente. Em comum nos três ritmos, a prova de que a auto-estima está realmente em alta entre os brasileiros.
FAROFAFÁ fez um apanhado nas composições mais tocadas nas rádios populares de dez cantores ou grupos musicais dos três gêneros. É o que uma parcela grande da população tem ouvido (e apreciado) nos últimos meses. Depois compilou as letras e jogou cada estilo musical num serviço online que formata as nuvens de palavras. Reunidas assim, mostram as palavras mais usadas pelos compositores. Para tornar a leitura mais clara, limitou a exibição das 50 mais citadas.
Sertanejo, forró e pagode criaram conexões sentimentais, duradouras e diretas com a população brasileira. Falam de e dialogam com um Brasil de bem consigo mesmo, já livre dos revanchismos e dos “nós contra eles”. Rimas pobres, reflexões nulas e ausência de crítica social? Eles respondem sendo diretos, simples e, por que não, românticos. A riqueza da nossa sonoridade reside, acima de tudo, na nossa diversidade.
SERTANEJO: O que Paula Fernandes, Michel Teló, Jorge e Mateus, Fernando e Sorocaba, Marcos e Belutti, entre outros, estão cantando? Os sertanejos falam que estão pensando, querendo, imaginando o amor. É ele retratado na amada que chega mansa como uma abelha, mas ferra o coração e vai embora deixando saudades e o veneno da paixão (João Bosco e Vinícius). Ou ainda a água de oceano, pra beber (?), que faz o cantor viver mergulhado nele (Victor e Léo). Vem, na maioria das vezes, ligado à verdade, ao encontro e ao coração. E, claro, também ao amor não correspondido, tema mais que recorrente da música brasileira (Luan Santana).
Músicas: Pra Que Entender? (Jorge e Mateus), Pra Você (Paula Fernandes), As Lembranças Vão na Mala (Luan Santana), Ai, Se Eu Te Pego (Michel Teló), Nova Namorada (Marcos e Belutti), Pega Eu (Fernando e Sorocaba), Água de Oceano (Victor e Léo), Abelha (João Bosco e Vinícius), Mentes Tão Bem (Zezé Di Camargo e Luciano), 24 Horas (Pensando em você) (Léo Magalhães) |
FORRÓ: O amor é mais ligado ao corpo, às relações carnais, tipo bolo doido (Cangaia de Jegue) ou na base do “bole mexe desce e sobe” (Banda Tarraxinha). Mas também naquele relacionamento que não deu certo (Aviões do Forró). Tinhoso, o nordestino não deixa barato e decreta o “game over” para o ingrato/a ingrata que só causou humilhação (Cavaleiros do Forró). Mas, dança vai, dança vem, o desejo é sair da solidão e fica sempre a pergunta: “Será que vai rolar?” (Calcinha Preta). Uhm, só se for louca, loucamente, se desmanchando, esquentando, machucou… Machucou???
Músicas: Da Água Pro Vinho (Aviões do Forró), Se Eu Fosse Um Garoto (Forró do Muído), Garota Safada (Garota Safada), Será Que Vai Rolar (Calcinha Preta), Bolo Doido (Cangaia de Jegue), Casa e comida (Adelmario Coelho), Te Amo, Te Quero, Te Adoro (Banda Magníficos), Game Over (Cavaleiros do Forró), Eu Te Amo (Gatinha Manhosa), Vou Fazer Você Pirar (Banda Tarraxinha) |
PAGODE: Deus aparece e, como com ele a gente é conectado (Samprazer), tem escrito o amor (Exaltasamba e Grupo Revelação). Mas não só o poder divino. Nas letras dos pagodes, a vida, o povo, o samba, a gatinha, a voz têm vez. É a paixão que “nem se a ‘Globeleza’ um dia” quiser pode fazer frente (Turma do Pagode). E é a incerteza de Zeca Pagodinho: “Vida da minha vida/Lua que me encandiou/Uma canção bonita/Feita pro meu amor/Vida da minha vida/Olha o que me restou/Flores na despedida/Versos de um amador”.
Músicas: A Gente Faz A Festa (Exaltasamba), Clichê (Sorriso Maroto), Defeito Meu (Belo), Tá Escrito (Grupo Revelação), Luz Na Escuridão (Rodriguinho), A Gente É Isso Aí (Samprazer), Vida da Minha Vida (Zeca Pagodinho), Camisa 10 (Turma do Pagode), Nossa Verdade (Fundo de Quintal), Sissi (Alexandre Pires) |
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