duas coisas, ambas de certa forma incitadas pelo já célebre caso petrobras.

a primeira: algo me diz que chegou a hora de Este Blog começar a usar Letras Maiúsculas. Foi boa enquanto durou a brincadeira de só falar em “caixa baixa” (para usar um jargão jornalístico), mas, como diria não lembro quem, O Tempo Ruge.

A segunda: na caixa de comentários de um dos tópicos abaixo (aquele que falava do caso Petrobras), recebemos uma reflexão do Beni Borja, ex-integrante do Kid Abelha e dono da gravadora independente Psicotrônica (por favor, me corrija, Beni, se eu tiver dito algo errado).

Pelo que entendi, foi um texto que ele escreveu em uma troca de e-mails com o Pedro Doria, mas o próprio Beni quis tornar público e copiou na janela vermelha ali abaixo. E eu fiquei achando mais que pertinente trazer a discussão cá para o blog-em-si.

Segue o texto dele, daqui para baixo, até o final do tópico.

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Por BENI BORJA

“Faz uns vinte anos que eu escrevo os press-release dos discos que eu produzo.

Comecei por acaso, porque não gostei do release que o departamento de imprensa da gravadora fez para o primeiro disco que produzi.

Como sou relativamente alfabetizado e detinha a informação , já que havia acompanhado todo o processo de fazer o disco, achei que eu podia escrever algo como subsídio para o departamento de imprensa. Quando eles receberam meu texto, me disseram que estava ótimo e mandaram para a imprensa.

De lá prá cá, escrevo quase sempre o release dos discos que faço e outros tantos para diversas comunicações à imprensa dos artistas que represento.

Por conta disso ,adquiri uma certa experiência nesse lado do balcão , o da assessoria de imprensa , no meu mundinho da música e do entretenimento.

Nesse tempo ,vi um progressivo afastamento entre os jornalistas e a fonte da informação. Antes, o release era só um elemento para pautar a conversa entre o jornalista e o artista. Hoje com os jornalistas trancados nas suas redações , ele é frequentemente a única fonte de informação.

Cada vez mais vi os meus releases serem copiados , muitas vezes palavra por palavra, na imprensa. Hoje arrancar um jornalista da redação para entrevistar um artista , ou mesmo para ir assistir um show ,é um feito notável da assessoria de imprensa.

O negócio da imprensa cada dia menos era o de apurar as informações “in loco” , e mais o de mediar as relações entre os provedores de informação – os escritores de release – e o público em geral. Com a possibilidade de desentermediação que a internet oferece , esse trabalho perdeu simplesmente o sentido.

Acho que essa é a questão essencial da querela do blog da Petrobrás. Se as únicas informações que o jornalista dispõe são as que empresa fornece , ele será um intermediário cada dia mais inútil.

A reportagem é a essência do trabalho jornalístico, mas ela é cara e de resultados incertos. Os “gestores” de empresas de mídia , resolveram naturalmente que esse é um custo a ser eliminado.

Não é muito diferente do que aconteceu com a música , onde os gênios da gestão resolveram que o trabalho de busca e desenvolvimento de talentos , de resultados igualmente incertos , devia ser cortado dos seus orçamentos”.

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