acabo de falar com jim reid, um dos irmãos escoceses do jesus and mary chain (o outro é william).
foi a melhor entrevista de 15 minutos por telefone que já fiz na vida.
adoro o jesus, adoro o disco psychocandy, adoro aquelas vastidões de guitarras.
as guitarras deles nos anos 80 em são paulo que eu ainda achava grande como o mar soavam como o inferno de cigarras no bosque de cianorte no início da primavera.
é uma das mais bonitas músicas deles, just like honey, que toca no finzinho do filme lost in translation, da sofia coppola.
eis alguns trechos da conversa:

“Não posso dizer nada da única vez que estivemos no Brasil. Eu estava tão bêbado no palco que não me lembro de nada. o que posso dizer agora é o seguinte: eu não bebo mais. Então vou me concentrar apenas em tocar”.

“Quando alguém coloca uma música sua num filme, sempre depende do jeito que ela é usada. Às vezes, pode ser um mau negócio. No caso de Just Like Honey no filme Lost in Translation, a música caiu muito bem na cena. Além de tudo, é um bom filme, o que é uma boa coisa”

Sobre o encontro com Scarlett Johansson em Coachella, no ano passado:
“Ela estava na região, filmando. Tinha feito o filme. Nós nunca a tínhamos encontrado antes. Mas aí veio a idéia. Ela veio, cantou. É muito charmosa, muito doce. Foi algo especial, embora musicalmente não represente grande coisa”

“Das bandas novas, gosto muito do The Kills, do Warlocks. Eu gosto de um bom rock’n’roll, de ‘noisy guitar music’. muita banda hoje, como the kills, se tivesse aparecido nos anos 60 provavelmente só conseguiria tocar para 100 pessoas. o que costumava ser underground hoje pode ser o mainstream. as pessoas hoje em dia são mais receptivas a músicas extremas”

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

4 COMENTÁRIOS

  1. Lembro do comentário de um amigo, que trabalhava na rádio que promoveu o concerto do J&MC aqui em CWB durante essa turnê à qual Jim se refere: "Os caras são um bando de drogados fedidos".

    Sabe, JB, quando ouvi "Never Understand" pela primeira vez, tive mais ou menos a mesma reação que tive quando ouvi "God Save the Queen" à época do lançamento.

    Foi como uma marretada na cabeça.

    O que eu acho mais bacana no Psychocandy é que sob todas aqueles feedbacks, há MELODIAS de fato…

  2. Eu diria que Blues From a Gun, do Automatic, foi a música que mudou minha vida em direção ao que sou hoje. Isso num programa da TV Manchete, em 1987. E se o Jim não lembra do show aqui, eu lembro bem, depois da versão de 12 minutos de Sidewalking no final, só conseguia ouvir o som dos “esses” na voz das pessoas até o dia seguinte. Foi em 01/07/90 e custou 1000 cruzeiros…

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