Morreu hoje um dos gigantes do jazz, o saxofonista Johnny Griffin.

Esteve aqui em 1998, para o Free Jazz Festival. Estávamos lá eu e o Vieira.
Já não estava no auge, tinha 70 anos na época e gostava de uma cachaça. O fôlego já não era o mesmo, mas foi um bonito concerto assim mesmo.
Sonny Rollins é considerado O Colosso do jazz. Johnny Griffin era O Pequeno Gigante ou “o mais rápido do Oeste”.

Fácil descobrir por que:http://www.youtube.com/watch?v=uUYUcLRud50

Griffin comemorava 50 anos da gravação de seu primeiro disco, em 1958. Começou a carreira aos 17 anos, pelas mãos de Lionel Hampton.

Anel de diamante na mão direita, Johnny era bonachão e mandou ver nas caipirinhas no Rio e em São Paulo.

No palco, brincava com a fumaceira que se fez no alto de sua cabeça, no antigo restaurante do Jockey Club – onde eram os shows de jazz antigamente. Tocou Cole Porter a J.J. Johnson e Dizzy Gillespie. Anotei na época que, logo após introduzir as primeiras notas de Just One of Those Things, de Cole Porter, Griffin tirou o paletó e pediu água a alguém atrás das coxias do palco. Tava com a boca seca.

Irreverente, bon vivant, ele vivia numa cidadezinha francesa. Na metade dos anos 1990, lançou Chicago, New York, Paris, gravado para celebrar seus 50 anos de jazz. A festa foi em 1995 e o disco recebeu a cotação máxima de cinco estrelas de publicações como o jornal The Village Voice. Griffin remetia-se às três cidades que são referenciais em sua obra: Chicago, onde nasceu; Nova York, onde viveu a ascensão do bebop ao lado de gente como o pianista Thelonious Monk; e, por fim, Paris, local onde costuma apresentar-se com mais freqüência desde os anos 60, quando se mudou para a França. “Não moro em Paris porque não gosto de cidades; eu prefiro o campo”, contou.

Tocou com John Coltrane, Art Blakey, Lee Morgan, Lionel Hampton. Foi amigo de Betty Carter. “Era uma doce lady. Ela sempre teve a chama, além de uma grande imaginação”, falou o saxofonista, que a conheceu quando tocava na orquestra de Lionel Hampton. “Ela foi uma grande influência, acolheu um grande número de jovens iniciantes e mostrou o caminho a todos eles.” “Na verdade, gosto mesmo é de divertir-me e de ajudar as pessoas a ter uma noitada agradável”, disse. Apreciava música erudita, especialmente Rachmaninoff, Sibelius e Bartok. Conhecia também Villa-Lobos, “extraordinário”, e tinha admiração por João Gilberto. “Aliás, conheci também Airto Moreira, quando ele tocou com Dizzie Gillespie.”

a foto é de Raimundo Valentim/AE

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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