Máquinas da Prefeitura de São Paulo derrubaram, na manhã desta quinta-feira, 13, os galpões, o teatro, o palco, uma oficina de capoeira e quiosques do Teatro Ventoforte, uma experiência artístico-comunitária de quase meio século no coração de São Paulo, no Itaim Bibi, nas imediações do Parque do Povo. As imagens da demolição invadiram as redes sociais de artistas e produtores indignados com a derrubada, postando fotografias e vídeos que mostram tratores passando por cima das fundações dos galpões e soterrando de destroços até um piano que havia no local, assim como um acervo de objetos cênicos, cartazes, quadros e pinturas.
O grupo de teatro que deu nome ao local, fundado no início da década de 1980, já não atuava ali desde 2019, quando morreu seu fundador, Ilo Krugli (ele, cujo nome de batismo era Elias Kruglianski, argentino filho de poloneses, iniciou o processo em 1974 sob inspiração do autor espanhol Federico García Lorca, tendo como parceiros de Alice Reis, Beto Coimbra, Caíque Botkay e Silvia Aderne). Mas o local, embora distante dos projetos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, ainda abrigava experiências artísticas e democratizantes de coletivos. Ali funcionava o cazuá de Capoeira da Associação Cruzeiro do Sul, dirigida por Mestre Meinha Santos. Ele postou vídeo em que mostra sua chegada para realizar o trabalho e encontra o espaço destroçado, com seu material de trabalho destruído. “Todo apoio ao Mestre Meinha, com seus 60 anos de prática da capoeiragem, e ao Teatro Vento Forte, com seus 50 anos de luta criativa, ensino, educação popular, pesquisa e difusão artística”, afirmou Rodrigo de Oliveria.
Dezenas de grupos originaram-se a partir do Ventoforte ao longo das décadas, todos irmanados em sua proposta de fundir processos artísticos e pedagógicos a partir da integração de linguagens artísticas, o teatro de formas animadas, a cultura afro, os processos artesanais e as culturas populares.
O Parque do Povo, no qual ficava encravado o Ventoforte, é uma área tombada. Nos últimos tempos, havia um serviço de festas infantis funcionando no local. Não houve consulta da prefeitura aos órgãos de tombamento, assim como não há ainda uma manifestação formal da secretaria de Cultura sobre a demolição. O Teatro Ventoforte ficava a poucos metros do local no qual um ciclista foi assassinado a tiros por dois motociclistas na mesma quinta-feira, 13, em São Paulo – parecem coisas desconectadas, mas o abandono gradativo de um local pelo poder público geralmente encoraja as ações de abusos culturais e ambientais, como a derrubada de 200 árvores para a construção de um túnel na rua Sena Madureira, na Vila Mariana.
“Uma cidade sem cultura e sem quem a respeite é um lugar frio, triste e pobre. Que tristeza, que tristeza! Que isso não passe em branco”, escreveu Ademir de Castro, cenógrafo, aderecista arte-educador, bonequeiro e “Filho do Ventoforte”, como se definiu. Em meio ao debate sobre o despejo da coleção de 21 mil livros do poeta Haroldo de Campos, a comunidade cultural paulistana começa a se defrontar com as consequências das políticas de mercantilização do conceito de cultura, quando não do negacionismo cultural em si.
E por favor, lixo reciclável. Ufa, serviu para algo.
Idiota!
Infelizmente, certas consciências não são mais recicláveis… Não servem para nada
Que verdadeiro horror!
A prefeitura precisa se pronunciar!
Infelizmente o/a eleitor/a paulistano/a vesolveu escolher um negacionista cultural para a prefeitura da maior cidade da América do Sul, provando agora, a classe artística, do veneno da extrema direita!!!