A gênese do rock’n’roll no Brasil é fato histórico que já vai longe, a ponto de esmaecer a lembrança da maioria absoluta dos artistas que participaram do fenômeno, a partir de meados dos anos 1950. Entre esses, quem mais conseguiu atravessar as décadas foi uma cantora nascida paulistana e criada em Taubaté, Celly Campello (1942-2003). Ela militou na nascente música jovem nacional a partir de parcos 15 anos de idade, entre 1958 e 1962, no papel da mãe adolescente que pariu o rebento e saiu de cena logo em seguida, sob o mote de que preferia se dedicar aos afazeres domésticos de esposa e mãe.
A memória de Celly sobrevive à custa de hits da aurora ingênua, se não infantil, do rock nacional, como “Estúpido Cupido” (1959) e “Banho de Lua” (1960), a ponto de ela ser a inspiradora das 500 páginas da recém-lançada biografia Garota Fenomenal – Celly Campello e o Nascimento do Rock no Brasil. O livro soma os trabalhos do jornalista baiano Gonçalo Junior (biógrafo de Vadico, Jacob do Bandolim e Evaldo Braga), nascido em 1967, quando já não havia mais Celly Campello nas paradas, e do cineasta paulistano Dimas Oliveira Junior, diretor do documentário Celly & Tony Campello – Os Brotos Legais (2019), nascido no mesmo ano em que Celly fez suas primeiras gravações, 1958.
Paralelamente à eclosão de Celly Campello e do rock nacional, na mesma gravadora (a multinacional Odeon), o baiano João Gilberto lançava as bases para o desenvolvimento da bossa nova, lançando sua gravação absolutamente pessoal para “Chega de Saudade” (1958), dos cariocas Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Celly e João, por incrível que pareça, nasceram do mesmo ventre, gêmeos em quase nada idênticos.
Outros paralelos perturbadores podem ser feitos, como o dado lembrado no livro, de que Celly Campello nasceu no mesmo ano e dia do inglês Paul McCartney, cuja banda Beatles propagaria o “yeah, yeah, yeah” pelo mundo quatro anos depois do hit inaugural de Celly, “Estúpido Cupido”. Mais um lembrete, raramente mencionado, constata que o capixaba Roberto Carlos também estourou nas paradas de sucessos quatro anos depois de Celly, mas nasceu em um ano antes de sua antecessora, em 1941. A diferença crucial é que ela foi empurrada para o sucesso ainda praticamente criança, enquanto ele, na batalha por um lugar ao sol desde a 1957 (quando completava 16 anos), perambulou por diversos descaminhos até vir à tona, em 1963, aos 22 anos. Provavelmente as agruras vividas pela adolescente Celly serviram como dicionário para aquele que se firmaria como “rei do rock”, no lugar que ela havia ocupado pioneiramente, sem querer nem ter consciência do que acontecia.
Sempre minucioso (por vezes em excesso, como nas descrições de cenas banais da vida famliiar pacata da família Campello), Garota Fenomemal traça um papel mais amplo do que biografar apenas Celly e, um pouco mais à distância, seu irmão mais velho e também cantor paulistano-taubateano Tony Campello, atualmente com 88 anos. O livro vai às entranhas do nascimento da filial brasileira do rock’n’roll e, no caminho, retira das profundezas do esquecimento uma quantidade espantosa de artistas e canções.
Antes de Celly
Antes de mergulhar na história de Celly Campello, Garota fenomenal retrocede até 1955, quando a cantora de samba-canção Nora Ney deu uma trégua à dor de cotovelo e gravou em inglês o norte-americano “Rock Around the Clock” (1954), de Bill Haley & His Comets, inauguradores não do rock em si, mas do rock manipulado por artistas brancos, entre os quais Elvis Presley seria o símbolo máximo, na posição de, digamos, a Celly Campello dos Estados Unidos.
Logo depois, a santista Heleninha Silveira gravou o mesmo rock em português, sob o nome “Na Ronda das Horas”. Um dos destinos avassaladores do rock nacional estava selado desde então: do princípio até a jovem guarda, predominariam na música jovem brasileira as versões em português para hits (e não-hits) sobretudo estadunidenses. Era o caso da maioria dos sucessos de Celly. “Estúpido Cupido”, na verdade “Stupid Cupid”, era um rock-doçura composto pelo nova-iorquino Neil Sedaka e gravado inicialmente por mais uma Celly Campello norte-americana, a também adolescente Connie Francis. “Banho de Lua” nascera italiana, como “Tintarella di Luna”, na voz também infanto-juvenil de Mina.
Os primeiros anos rumo à explosão da música brasileira jovem foram de grande indefinição. Esboços eram traçados desde pelo menos 1954, quando Betinho e Seu Conjunto lançaram um sucesso não-importado, chamado “Neurastênico” e assinado pelo próprio Betinho (que era filho carioca do maestro baiano Josué de Barros, considerado o descobridor da portuguesa-carioca Carmen Miranda). “Mas que nervoso estou/ preciso me tratar/ se não eu vou pra Jacarepaguá”, cantava “Neurastênico”, com irreverência. Entre os primeiros músicos brasileiros propriamente identificados com o rock’n’roll, antes do advento dos irmãos Campello, os autores de Garota Fenomenal destacam ainda Bolão e Seus Rockettes, responsáveis pelo LP instrumental Rock Sensacional (1958) e hoje caídos no esquecimento.
Entre os indefinidos, ou híbridos, se amontoavam na fila de espera para o sucesso a carioca Lana Bittencourt (influência inicial declarada por Celly), o niteroiense Cauby Peixoto (cantor dos também nacionais “Rock’n’Roll em Copacabana” e “Enrolando o Rock”, ambos de 1957), o paulistano Agostinho dos Santos (que em 1957 transformou outro rock de Bill Haley, “See You Later Alligator”, de 1956, em “Até Logo, Jacaré”), o recifense Paulo Molin (“Sereno”, 1958), o mineiro Carlos Gonzaga (com o hit “Diana”, 1958, versão para o rock homônimo gravado e lançado pelo canadense Paul Anka no ano anterior), o carioca Osmar Navarro (“Quem É?”)…
Outro indefinido ficaria conhecido como o cara que tomou a coroa de Celly: Roberto Carlos, cuja conversão ao rock, depois de passagens por bossa nova, bolero etc., só se consumou em 1963. Foi quando caíram nas graças do Brasil “Splish Splash” (do estadunidense Bobby Darin, 1958, com versão em português imaginada por um carioca suburbano chamado Erasmo Carlos) e do rock original “Parei na Contramão”, primeira parceria de Roberto e Erasmo a chegar às lojas de discos e às estações de rádio.
A contemporaneidade de Celly e Roberto pode ser comprovada numa cena da chanchada Minha Sogra É da Polícia, dirigida pelo baiano Aloísio T. de Carvalho (autor, a propósito, da seresta-rock “Sereno”) e lançada em 1958, enquanto Celly, aos 15 anos, gravava, em inglês composto por brasileiros e sem repercussão, os semi-rocks “Handsome Boy” e “Devotion”. A cena em questão era protagonizada por Cauby Peixoto, maior ídolo popular masculino de então, que animava o baile cantando “That’s Rock”, em inglês. Não apenas o compositor da peça supostamente gringa era outro capixaba, o agitador de bastidor Carlos Imperial, como podiam-se reconhecer entre os músicos da banda (chamada The Snakes) os ainda imberbes Erasmo e Roberto Carlos.
“Estúpido Cupido” farejou a febre de exploração da sexualidade feminina adolescente que já assolava o pop mundial, com cantoras de aparência e voz angelicais como as norte-americanas Brenda Lee (nascida em 1944), Connie Francis (1937), Dodie Stevens (1946), a britânica Petula Clark (1932) e a francesa Brigitte Bardot (1934).
Enquanto Roberto Carlos sonhava com a bossa nova e tentava encontrar um rumo próprio, o sucesso local de Celly Campello provocou uma corrida das gravadoras locais para encontrar suas próprias chapeuzinhos vermelhos infantilizadas, e o panorama dos anos seguintes a 1959 ficou coalhado de estrelinhas, a maior parte delas transitória: Regiane, Regina Célia, Sônia Delfino (sobrinha da cantora de choro Ademilde Fonseca, segundo lembra Garota Fenomenal), Célia Vilela, Cinderela, Cleide Alves, Elis Regina, Wanderléa, Meire Pavão, Giane…
A gaúcha Elis Regina, três anos mais nova que Celly, debutou em disco em 1961 sob as ordens nem sempre acertadas de Carlos Imperial, num LP desengonçado cujo título dizia mais que o conteúdo: Viva a Brotolândia. Também iniciante de 1961 e também orientado por Imperial, Roberto Carlos estreou com um equivalente ao LP de Elis, o indeciso e impreciso Louco por Você.
Se na matriz os brancos Elvis, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Gene Vincent se apropriavam das invenções negras de Chuck Berry e Little Richard, Garota Fenomenal tem o mérito adicional de jogar alguma luz sobre artistas negros na casca do ovo do rock nacional, não tão explosivos quanto Little Richard, mas, sim, existentes, como Carlos Gonzaga e Baby Santiago.
O tempo de Celly
No início de 1959, Tony Campello conseguiu vencer resistências e descréditos e convenceu a Odeon a deixar sua irmã menor gravar “Estúpido Cupido”, transplantado para o português pelo futuro versionista número um do primeiro rock nacional, o paulista (de Tietê) Fred Jorge. De repente, o rock no feminino suplantava os vários candidatos ao posto de “rei do rock”, entre eles o próprio irmão Tony, que vinha emplacando sucessos moderados como as tolas versões “Baby Rock” (1959) e “O Boogie do Bebê” (1963).
Outros postulantes eram o carioca Sergio Murilo, das versões “Marcianita” e “Broto Legal” (1960), ou, mais atrás e/ou adiante, o alemão radicado brasileiro George Freedman (do sucesso original “Adivinhão”, 1961), o carioca Demetrius (da versão “O Ritmo da Chuva”, 1964), o mineiro Ronnie Cord, da aloprada versão “Biquíni de Bolinha Amarelinha Tão Pequenininho” (1964) e do rock original “Rua Augusta” (1964).
Muro de divisão entre o (digamos assim) rock-raiz e o nascente iê-iê-iê, “Rua Augusta” era bravata automobilística composta pelo pai de Ronnie, o também mineiro Hervé Cordovil, parceiro do pernambucano Luiz Gonzaga em “A Vida do Viajante” (1953) e do paulista Adoniran Barbosa em “Prova de Carinho” (1960. “Rua Augusta” dialogava diretamente com o “Parei na Contramão” de Roberto Carlos, e nos dois casos a rebeldia juvenil parecia se limitar à adrenalina de pisar no acelerador do carro à maneira de James Dean em Juventude Transviada (1955).
Como mostra o livro, tomando partido evidente dos pioneiros, tanto Tony quanto Sergio acalentaram mágoa perpétua contra Roberto Carlos, o segundo deles inclusive denunciando sabotagens que o futuro “rei do iê-iê-iê” teria praticado contra ele na gravadora CBS. De fato, a gravadora colocou Sergio Murilo na geladeira em 1961 e ali o manteve até o encerramento do contrato. Era tarde para o futuro-ex-rei do rock reconquistar o tempo e o terreno perdidos, ainda que o álbum de retorno, SM (1964) incluísse uma inédita de Erasmo (“Rei da Brotolândia”) e outra das primeiras parcerias Roberto-Erasmo (“Duas Bonequinhas”). Nesse momento, Roberto já invadia as rádios com “É Proibido Fumar”, “O Calhambeque (Road Hog)” e “Um Leão Está Solto nas Ruas”, enquanto Sergio Murilo ficava a ver navios, para nunca mais se recuperar.
Em 1959, o formato roqueiro ainda não estava estabelecido no Brasil, e “Estúpido Cupido” recebeu o acompanhamento do grupo do acordeonista paulistano Mario Gennari Filho e o coro vocal grave dos Titulares do Ritmo, grupo formado em Belo Horizonte que apareceria como marca registrada na maior parte das dezenas de rocks gravados pela jovem Celly. Fato curioso evocado pelo livro, tanto Mario como os seis integrantes dos Titulares do Ritmo eram deficientes visuais. No piano do grupo de Mario em “Estúpido Cupido”, estava o paulista (de Campinas) Chiquinho de Moraes, futuro maestro de Roberto Carlos na guinada ultra-romântica dos anos 1970.
Impressiona, nessa fase, o caráter mambembe da vida artística dos irmãos Campello, esquadrinhado pelos autores da biografia. Durante todo esse intervalo, Celly sempre fez o trajeto Taubaté-São Paulo por conta própria, de ônibus. Nos shows pelo país, frequentemente se apresentou sem nehuma banda de rock, acompanhada apenas pelo violão de Tony. “Nem guitarra eu tinha”, afirma Tony a certa altura aos autores do livro – só conseguiria adquirir a primeira em 1963. A assustadora boneca Celly, que ocupa a capa do LP A Bonequinha Que Canta (1960) ao lado de sua inspiradora, foi criada pela fábrica de brinquedos sem nenhum acordo comercial com a verdadeira Celly. Se estivesse viva em 2024, a precursora do rock nacional certamente estaria recebendo décimos de centavos de plataformas de streaming como Spotify, Deezer, Apple etc.
Outro flagrante loquaz resgatado por Gonçalo e Dimas é a participação dos mini-astros do pimpolho rock brasileiro no filme Zé do Periquito (1960), protagonizado pelo comediante paulistano Amácio Mazzaropi. Em determinada cena, o rock-bossa-Broadway “Gostoso É Amar” surge interpretado e coreografado dentro do mar por Celly, Tony, Paulo Molin, George Freedman e um certo Carlão, vestidos em calções e conjuntinhos recatados. “Todo peixinho tem o seu par/ tem seu brotinho para beijar”, canta Celly, na cola dos peixinhos a nadar no mar de “Chega de Saudade”.
“Estúpido Cupido”, o rock, culminou em Estúpido Cupido (1959), o álbum, com mais algumas versões estouradas nas rádios, como “Túnel do Amor (The Tunnel of Love)” e “Lacinhos Cor de Rosa (Pink Shoe Laces)”. A primeira era decalcada em outra referência estadunidense fundamental para Celly, a bem mais experiente Doris Day (nascida em 1922). “Lacinhos Cor de Rosa” era um primor de infantilidade diametralmente distante da rebeldia de Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry ou Little Richard: “Um sapatinho eu vou/ com um laço cor de rosa enfeitar/ e perto dele eu vou/ andar devagarinho e o broto conquistar”.
Os quatro álbuns que se seguiram a Estúpido Cupido causaram uma curva descendente no poder de influência que os rocks da mocinha de lacinhos cor de rosa seriam capazes de exercer, entre eles “Broto Legal (I’m in Love)” (a mesma gravada por Sergio Murilo), “Não Tenho Namorado (I Ain’t Got No Steady Date)”, “Mal-Me Quer (Please Don’t Eat the Daisies)”, “Jingle Bell Rock” (1960), “Índio Sabido (Indian Giver)” (uma antepassada mais brasileira do hit de Xuxa “Brincar de Índio”, com menções disparatadas a bororós, borocoxôs, caramurus e paraguaçus), “Flamengo Rock (Flamenco Love)” e “Trem do Amor Train of Love)” (1961) – como os nomes indicam, todas eram versões de matrizes gringas.
Como relata Garota Fenomenal, um dos grandes escândalos provocados pelo advento de Celly Campello aconteceu na capa do primeiro LP, porque ela aparecia usando calças compridas, e não saia ou vestido. Outros atos pequenos de rebelião, aparentemente foi involuntários, tinham de ser buscados nas fímbrias de algumas letras que permitiam interpretações maliciosas – como, de resto, qualquer música de qualquer tempo. Os autores localizam, por exemplo, a malícia no verso “meu coração eu já perdi”, em “Querida Mamãe” (1960), para eles uma referência escamoteada à perda da virgindade pela mocinha da história. Também apontam um pico de rebeldia em “Ordens Demais” (1961), em que a narradora de Celly, pela primeira vez, usa voz empostada para contestar determinações autoritárias dos pais: “Ordens pra cá, ordens pra lá/ os pais são tolos e dão ordens demais”. Era audácia para fazer corar qualquer funkeira carioca do século 21.
No mesmo sentido de “Querida Mamãe”, mas mais cheia de saliências e reentrâncias, ia o limítrofe baladão infantil-sexualizado “A Lenda da Conchinha” (1961), assinado pela talvez fictícia compositora Marilena: “Nas dobrinhas de uma concha/ nosso amor eu escondia/ e a conchinha cor de rosa/ meus segredinhos sabia/ (…) a conchinha caiu n’água/ mergulhei para buscar/ mas o ammor que estava dentro/ escapuliu, ficou no mar”. Aqueles tempos têm sido sempre romantizados como “ingênuos” e “românticos”, mas apenas para quem ignorar o apelo sexual de canções interpretadas por adolescentes angelicais de tempos bastante anteriores aos das novas loiras e morenas do É o Tchan.
O monolito machista era mais poderoso que quaisquer anseios artísticos ou profissionais, e antes mesmo de fazer sucesso a pequena Celly já havia prometido se casar com Eduardo Chacon, um consorte interiorano, único namorado e funcionário da Petrobras. Nos cinco anos de atividade musical, ela se equilibrou na corda bamba entre usufruir a fama e o sucesso ou ceder ao desejo do noivo de que deixasse tudo para trás para se converter em dona de casa resignada.
A promessa fora feita ao noivo, e Celly a cumpriu, anunciando o encerramento das atividades musicais no início de 1962 – o casamento se consumaria em março do mesmo ano. Nesse momento e enquanto vivesse, foi obrigada a prestar justificativas e explicações que afirmavam pela negação, quando não se contradiziam frontalmente umas com as outras. O casamento, por exemplo, teve que ser transferido de cidade e igreja porque o padre de Taubaté não permitira a presença das câmeras de TV e máquinas fotográficas de jornais e revistas. Ou seja, o circo midiático continuava interessando à já aposentada cantora e/ou a seu entorno.
Celly Campello realiza o “sonho de todas as moças” e se casa com Eduardo Chacon, em maio de 1962 – fotos Secretaria de Cultura de Taubaté
Profundamente cruel, a trama que se pintou para a “mãe do rock brasileiro” era de uma mulher que teve de amadurecer precocemente e seguiu pela vida sem jamais se desvencilhar da extrema dependência às figuras masculinas do pai, do irmão cantor (sem o qual dizia se sentir “sem braço e sem perna”) e, a seguir, do marido. Enquanto pedras pesadas se amarravam aos pés da “mãe do rock”, Roberto e Erasmo esquentavam tamborins para circular, livres para voar, por onde e com quem bem entendessem. Na mídia, o parasitismo vampiresco nunca deixou de ser exercido por jornalistas e animadores de rádio e TV que jamais desistiram de cobrar coerência da “rainha do rock” que preferiu (ou foi levada a) se transformar em “rainha do lar”.
Contraditória de A a Z, a jovem Celly, aos 20 anos, expunha seus dilemas em entrevistas resgatadas do calor da hora. Uma delas veio povoada de dúvidas e interrogações: “Valerá a pena continuar após o casamento? Devo abandonar tudo e retirar-me completamente à vida doméstica, sem preocupação de espécie alguma? Ainda permaneço na dúvida. No duro, no duro, acho que a decisão só virá depois de consolidada minha nova situação civil. Meu noivo respeita a minha personalidade e me dá carta branca para agir segundo o que penso”.
Imediatamente após a cerimônia, a resposta quanto ao futuro artístico vinha mais simples e direta: “Ele é quem sabe”. De presente de casamento da gravadora Odeon, a estrela infanto-juvenil ganhou uma enceradeira. Hoje é fácil ver que o conto de fadas pintado pela mídia ambígua e referendado pela própria moça pressionada por todos os lados, fosse no auge ou no abandono da fama, tinha contornos tão sombrios quanto a floresta onde Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau “brincavam” de Tom e Jerry.
Depois de Celly – e com Celly
Protagonizado por Roberto, Erasmo e Wanderléa a partir de 1965, o programa televisivo Jovem guarda é merecida e constantemente reverenciado como um divisor de águas no pop juvenil brasileiro. Wanderléa, por exemplo, não se desvencilhou de todo das regras opressoras da sociedade patriarcal, mas conseguiu andar alguns passos à frente diminuindo o comprimento das minissaias e carregando em maquiagens que Celly mal tinha o direito de usar.
Garota Fenomenal contesta o apagamento histórico do programa também dominical Crush em Hi-Fi, protagonizado pelos irmãos Campello nos mesmos domingos da mesma TV Record. O programa de Celly e Tony permaneceu no ar por três anos, desde 1959 até o anúncio da retirada da cantora em prol da esposa, dona de casa e futura mãe. Personagens do livro reivindicam que Crush em HI-Fi causou tanto furor quanto seu sucessor.
Quando o Jovem Guarda estreou, Celly estava aposentada havia três anos. Versões múltiplas e desencontradas da história eletrizam a narrativa perto da 400º página e dão conta de que ela havia sido a primeira cotada para apresentar o programa, sozinha ou em dupla com o emergente Roberto Carlos. Já iniciando a rotina de mãe, a jovem esposa honrou o compromisso com o marido e declinou o convite. Celly ficou em casa e Tony chegou a participar do Jovem guarda, mas sempre se sentindo um peixe fora d’água junto à juventude carioca que liderava a segunda onda jovem, como declara no livro.
Tony Campello ainda seguiu tentando prosseguir na carreira de cantor, mas acabou por seguir o exemplo da irmã e encerrou-a definitivamente em 1969. Aos poucos, foi passando para o lado de trás das cortinas, como produtor da adaptação do paulistano Sérgio Reis à jovem guarda com o sucesso de “Coração de Papel” (1967) e sua readaptação ao estilo sertanejo, na guinada definitiva de 1973. Pesou mais para o neo-produtor a inclinação ao rock branco caipira conhecido como rockabilly e às suas consequências.
Tony afirma no livro que havia sonhado o repertório sertanejo primeiro para a irmã, em uma de várias tentativas não concretizadas de recolocá-la no pódio. Se tivesse levado a cabo o plano afinal executado por Sérgio Reis, a menina interiorana criada em Taubaté teria se apropriado, com resultados imprevisíveis, de hinos caipiras como “O Menino da Porteira”, “João de Barro”, “De Papo pro Á”, “Chico Mineiro”, “Rio de Lágrimas”, “Pé de Cedro”, “Mágoa de Boiadeiro”, “Chalana”, “Tristeza do Jeca”, “Chitãozinho e Xororó”…
Quanto a Celly, ela surpreendeu em 1968 ao topar uma volta à carreira de cantora, sob o pretexto de que as crianças já estavam mais crescidas. Era o momento em que Roberto Carlos brilhava em pastelões pop nos cinemas, pulava fora do programa Jovem Guarda antes do esgotamento completo e pilotava a transição à soul music branca da virada dos 1960 para os 1970 e ao romantismo desbragado que, ao longo da década de 1970, converteria o ex-“rei do iê-iê-iê” a simplesmente “rei”.
Em contraste, o título de “rainha” já não coube mais a Celly Campello, que agora aceitava voltar às gravações musicais, mas não aos palcos. Último lançamento da cantora pela Odeon, o LP Celly (1968) passou em brancas nuvens, ignorado pelo público tanto nas novas versões como na balada soul inédita “Marquei Encontro com Você em Meus Sonhos“, do jovem samba-roqueiro gaúcho Luis Vagner, ou na pálida regravação de “Banho de Lua”.
Celly e os Rolling Stones: “Meu Pranto a Deslizar” (1968)
Entre as versões, o arco estendido partia de “Meu Pranto a Deslizar”, adaptação de “As Tears Go By”, dos roqueiros agressivos Mick Jagger e Keith Richards (mas mais próxima da suave leitura original por Marianne Faithfull, em 1964), e chegava ao rock açucarado recémm-lançado pelos Bee Gees (quando ainda não existia a discothèque), em “Palavras (Words)” (Tommy Boyce-Bob Hart)“. O trem do sucesso já havia partido, e Celly Campello pela primeira vez chegou atrasada à estação de embarque.
Para apimentar o conflito do retorno, Celly mostrou-se arredia às condições insalubres da indústria cultural em 1968. Segundo Garota Fenomenal, a então ex-estrela foi aos bastidores de uma das derradeiras participações de Roberto Carlos no Jovem Guarda, mas recuou e simplesmente foi embora ao perceber que teria de fazer mera escada para o “rei” do momento. O livro reproduz a versão do marido Chacon (que morreu em 2023, aos 85 anos): “Celly não deixou por menos. Disse que era Roberto quem devia reverência a ela e não o contrário. (…) ‘Ou entro com ele ou não participo. Não vou estender tapete vermelho para ele.’ E não se apresentou”.
Embora Celly seguisse firme nos argumentos sobre a convicção e o não-arrependimento da opção matrimonial em detrimento da artística, a biografia demonstra que na realidade a cantora, ainda supervisionada pelo irmão agora produtor, passou toda a década de 1970 tentando retomar o fio da meada.
Lançou então uma série de compactos que passearam das origens de Carmen Miranda com uma versão pop-rock de “Ta-Hi (Pra Você Gostar de Mim)” (1930), em 1972, a hits potenciais que estouraram nas paradas não em sua voz, mas nas da banda The Fevers em fase pós-jovem guarda: “Mar de Rosas” (1971) e “Vem Me Ajudar” (1972).
As tentativas foram sucessivamente ignoradas pelo público e, provavelmente, pelas gravadoras que deram guarida à estrela caída nos 1970 (a brasileira Continental e a multinacional RCA Victor). Em 1971 e 1972, Celly estava na Continental, enquanto os Fevers pontificavam na ex-gravadora agora concorrente com maior poder de fogo, a Odeon.
A essa altura, a tia prematura Celly já pertencia aos cânones da MPB e era homenageada pelos Mutantes, na regravação irreverente de “Banho de Lua” (1969), por Gilberto Gil em “Back in Bahia” (1972) e pela sobrinha-neta conceitual Rita Lee em “De Pés no Chão” (1974).
“Lá em Londres vez em quando me sentia longe daqui/ vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim/ puxando o cabelo/ nervoso querendo ouvir Celly Campelo pra não cair/ naquela fossa”, acarinhou Gil em sua canção pós-exílio. Rita foi mais fundo, arrombando a festa e a porta do bom-mocismo popular brasileiro: “O que eu quero mesmo/ é por os meus pés no chão/ é só questão de gosto/ lacinhos cor de rosa ficam bem num sapatão/ eu nasci descalça/ pra que tanta pergunta?”. A ex-mutante usava Celly para pregar anarquia pansexual – e, sim, o termo “sapatão” já tinha a conotação conhecida até hoje, inaugurada por Maria Bethânia ainda nos anos 1960. No balanço das horas e das décadas, Rita Lee havia nascido descalça, ao contrário de Celly Campello.
Revogando a disposição de não voltar a fazer shows, Celly passou a fazer aparições esporádicas nos palcos, e a mais reluzente foi a do festival Hollywood Rock, em 1975, ao lado de nomes como Erasmo Carlos, Rita Lee & Tutti Frutti, Raul Seixas e O Terço, ou seja, parte expressiva do rock brasileiro valente e duro da década de 1970.
Um dos choques desse período vinha da fricção entre os figurinos e modos comportados de Celly e a imagem mais iconoclasta dos roqueiros da década em que o sonho acabou. Outro foram declarações desastradas de quem havia perdido o expresso 2222, como a seguinte: “A gente faz ver que essa juventude que está aí tem um lado dela que não está certo. Paz e amor não levam a nada”.
Um sopro de esperança renovou o ar de Celly em 1976, quando ela e seus pares do início do rock viraram saudade oficialmente e embalaram as tramas leves e preto-e-branco da novela global Estúpido Cupido, de Mário Prata, ambientada nos anos 1960 e ventilada por várias das canções comentadas acima, em suas versões originais.
Aos 34 anos, a matriarca juvenil pegou carona na febre provocada pela novela e lançou aquele que seria seu último LP, Celly Campello (1976). O cardápio buscava uma modernização dentro dos princípios de sempre, com versões para sucessos radiofônicos do quarteto ABBA, “Cante (Enquanto Houver Canção) (Dance) (While the Music Still Goes On)“, e da cantora country Dolly Parton, “Jolene“, a mesma ressuscitada 47 anos mais tarde por Beyoncé.
Entre as originais, causava estranheza a tentativa de adaptação ao rock rural que havia vicejado na primeira metade dos 1970, na regravação de “Os Anos 60” (1973), do trio Sá, Rodrix & Guarabyra, e na inédita “No Fim do Mundo“, da dupla Sá & Guarabyra. Antes, em 1974, Celly fizera uma primeira tentativa junto ao rock rural, gravando em compacto uma inédita de Zé Rodrix e Tavito, os mesmo autores do clássico “Casa de Campo”, lançado por Elis Regina em 1972. A intenção que a cantora andou semeando à época do preparo do LP de 1976, de receber temas inéditos de Roberto Carlos e Caetano Veloso, ficou confinado aos sonhos da senhora precoce que já não podia contar com as flechadas estúpidas de cupido.
A sobrevida proporcionada pela novela permitiu mais uma leva de compactos errantes, que variaram da ópera-rock “Don’t Cry for Me Argentina (1976) em inglês às versões “A Saudade (It’s a Heartache)” (1977), lançada pela cantora country-pop Bonnie Tyler, e “Insisto, Amor (Isn’t She Lovely)” (1977), do semideus soul Stevie Wonder.
A unidade das canções frívolas e leves da esquina dos anos 1950/1960 não foi recuperada, e Celly Campello nunca mais lançou compacto, LP ou CD, de 1979 até sua morte, por câncer de mama, em 2003, aos breves 60 anos. Um ato singelo e comovente de rebeldia aconteceu durante o doloroso tratamento do câncer com metástase na cabeça, quando, segundo uma parente afirma em Garota Fenomenal, Celly deixou perucas de lado e passou a sair careca às ruas de Campinas, onde se estabeleceu com a família desde os anos 1970.
Mesmo descontada a crueldade dos tempos antidemocráticos vividos por Celly, o conto de fadas da primeira roqueira brasileira foi, também, o filme de terror de Célia Campello Gomes Chacon, uma “dona de casa” em tudo semelhante a incontáveis mulheres espalhadas pelo Brasil e pelo mundo de anteontem, de ontem e (ainda) de hoje.
Crush em hi-fi: a playlist
- 1 Betinho e Seu Conjunto, “Neurastênico” (Betinho-Nazareno de Brito), 1954
- 2 Nora Ney, “Ronda das Horas (Rock Around the Clock)” (Max Freedman-Jimmy de Knight), 1955
- 3 Heleninha Silveira, “Ronda das Horas (Rock Around the Clock)” (Max Freedman-Jimmy de Knight-versão Júlio Nagib), 1955
- 4 Lana Bittencourt e As Little Girls, “Alone (Why Must I Be Alone)” (Morton Craft-Selma Craft), 1957
- 5 Cauby Peixoto, “Rock’n’Roll em Copacabana” (Miguel Gustavo), 1957
- 6 Cauby Peixoto, “Enrolando o Rock” (Betinho-Heitor Carillo), 1957
- 7 Betinho, “Enrolando o Rock” (Betinho-Heitor Carillo), 1958
- 8 Lana Bittencourt, “Little Darlin'” (Maurice Williams), 1958
- 9 Paulo Molin, “Sereno” (Aloísio T. de Carvalho), 1958
- 10 Betinho, “Calypso Rock” (Betinho-P. Barros), 1958
- 11 Carlos Gonzaga, “Diana” (Paul Anka-versão Fred Jorge), 1958
- 12 Paul Anka, “Diana” (Paul Anka), 1957
- 13 Betinho, “Rock no Galinheiro” (Betinho-Heitor Carillo), 1958
- 14 Tony Campello, “Forgive Me (Me Perdoa)” (Mário Gennari Filho-Celeste Novaes), 1958
- 15 Celly Campello, “Handsome Boy (Belo Rapaz)” (Mário Gennari Filho-Celeste Novaes), 1958
- 16 Tony Campello, “Louco Amor (Crazy Love)” (Paul Anka-versão Fred Jorge), 1958
- 17 Tony Campello, “My Special Angel” (Jimmy Duncan), 1958
- 18 Golden Boys, “Wake Up, Little Susie” (Boudleaux Bryant-Felice Bryant), 1958
- 19 Tony Campello, “Pobre de Mim (Poor Little Fool)” (Sharl Sheeley-versão Fred Jorge), 1959
- 20 Tony Campello, “Tenha Pena de Mim (Pity Pity)” (Joe Ergue-Steve Lawrence-versão Fred Jorge), 1959
- 21 Celly Campello, “The Secret” (Joe Lubin-Irving J. Roth), 1959
- 22 Celly Campello, “Estúpido Cupido (Stupid Cupid)” (Neil Sedaka-Howard Greenfield-versão Fred Jorge), 1959
- 23 Connie Francis, “Stupid Cupid” (Neil Sedaka-Howard Greenfield), 1958
- 24 Celly Campello, “Túnel do Amor (The Tunnel of Love)” (Patty Fisher-Bob Roberts-versão Fred Jorge), 1959
- 25 Doris Day, “Tunnel of Love)” (Patty Fisher-Bob Roberts), 1958
- 26 Celly Campello, “Muito Jovem (Just Young)” (Lya S. Roberts-versão Fred Jorge), 1959
- 27 Carlos Gonzaga, “Oh! Carol” (Howard Greenfield-Neil Sedaka-versão Fred Jorge), 1959
- 28 Neil Sedaka, “Oh! Carol” (Howard Greenfield-Neil Sedaka), 1959
- 29 Celly Campello, “Lacinhos Cor de Rosa (Pink Shoe Laces)” (Mickie Grant-versão Fred Jorge), 1959
- 30 Dodie Stevens, “Pink Shoe Laces” (Mickie Grant), 1959
- 31 Celly Campello, “Tammy” (Jay Livingston-Ray Evans), 1959
- 32 Regiane, “Willie Boy” (Mike Fuda)”, 1959
- 33 Regina Célia, “Garota Bossa Nova” (Mário Augusto-César Medeiros), 1959
- 34 Tony Campello, “Baby Rock” (Renato Carosone-Nisa-versão Fred Jorge), 1959
- 35 Celly Campello, “Broto Já Sabe Chorar (Heartaches at Sweet Sixteen)” (Irving Reid-Ira Kosloff-Tony Springer-versão Fred Jorge), 1959
- 36 Regina Célia, “”Trem do Amor (One Way Ticket to the Blues)” (Hank Hunter-Jack Keller-versão Fred Jorge), 1959
- 37 Celly Campello, “Querido Cupido” (Fred Jorge-Archimedes Messina), 1959
- 38 Sergio Murilo, “Marcianita” (Galvarino Villota Alderete-José Imperatore Marcone-versão Fernando César), 1960
- 39 Billy Cafaro, “Marcianita” (Galvarino Villota Alderete-José Imperatore Marcone), 1960
- 40 Celly Campello, “Billy” (Jeanette Archey-versão Fred Jorge), 1960
- 41 Sergio Murilo, “Estúpido Cupido (Stupid Cupid)” (Neil Sedaka-Howard Greenfield-versão Fred Jorge), 1960
- 42 Celly Campello, “Banho de Lua (Tintarella di Luna)” (Bruno de Filippi-Franco Migliacci-versão Fred Jorge), 1960
- 43 Mina, “Tintarella di Luna” (Franco Migliacci-Bruno de Filippi), 1959
- 44 Celly Campello, “Frankie” (Neil Sedaka-Howard Greenfield-versão Fred Jorge), 1960
- 45 Sérgio Murilo, “Oh! Carol”, (Howard Greenfield-Neil Sedaka), 1960
- 46 Sônia Delfino, “Oh! Carol”, (Howard Greenfield-Neil Sedaka), 1960
- 47 Celly Campello e Tony Campello, “Não Tenho Namorado (I Ain’t Got No Steady Date)” (Gladys Marie Caballero-versão Fred Jorge), 1960
- 48 Sônia Delfino, “Diga Que Me Ama (Make Believe Baby)” (Edna Lewis-Ben Weisman-versão Luiz Bittencourt), 1960
- 49 Wilson Miranda, “Bata Baby (Long Tall Sally)” (Enotris Johnson-versão Toni Chaves-D. Fulgêncio), 1960
- 50 Celly Campello, “Broto Certinho (One Woman Man)” (Howard Greenfield-versão Fred Jorge), 1960
- 51 Celly Campello, “To Know Him Is to Love Him” (Phil Spector), 1960
- 52 Sergio Murilo, “Lua Azul (Blue Moon)” (Richard Rodgers-Lorenz Hart-versão Claribalte Passos), 1960
- 53 Celly Campello, “Grande Amor (Instant Love)” (Fred Spielman-Milton Drake-versão Fred Jorge), 1960
- 54 Sergio Murilo, “Trem do Amor (One Way Ticket to the Blues)” (Hank Hunter-Jack Keller-versão Fred Jorge), 1960
- 55 Celly Campello, “Querida Mamãe (Dear Mom and Dad)” (Frank C. Slay Jr.-Bob Crewe-versão Fred Jorge), 1960
- 56 Regiane, “Broken Hearted Melody” (Hal David-Sherman Edwards), 1960
- 57 Celly Campello, “Mal-Me-Quer (Please Don’t Eat the Daisies)” (Joe Lubin-versão Fred Jorge), 1960
- 58 Doris Day, “Please Don’t Eat the Daisies)” (Joe Lubin), 1960
- 59 Celly Campello, “Broto Legal (I’m in Love) (Hilda Earnhart-versão Renato Corte Real), 1960
- 60 Sergio Murilo, “Broto Legal (I’m in Love) (Hilda Earnhart-versão Renato Corte Real), 1960
- 61 Arlene Fontana, “I’m in Love” (Hilda Earnhart), 1957
- 62 Sergio Murillo, “Shimmy, Shimmy, Ko-Ko-Bop” (Bob Smith), 1960
- 63 Celly Campello, “Jingle Bell Rock” (Joe Beal-Jim Boothe-versão Fred Jorge), 1960
- 64 Celly Campello, Paulo Molin, Tony Campello, George Freedman e Carlão, “Gostoso É Namorar” (Heitor Carillo), 1960
- 65 Celly Campello, “Hey Mama” (Paul Anka-versão Fred Jorge), 1961
- 66 Carlos Gonzaga, “Bat Masterson” (B. Corwin-H. Wray-versão Edson Borge), 1961
- 67 Celly Campello, “Trem do Amor (Train of Love)” (Paul Anka-versão Fred Jorge), 1961
- 68 Annette, “Train of Love” (Paul Anka), 1960
- 68 Celly Campello, “Gosto de Você, Meu Bem (I Love You Baby)” (Paul Anka-versão Romeu Nunes), 1961 – com Walter Wanderley
- 70 Paul Anka, “I Love You, Baby” (Paul Anka), 1957
- 71 Bobby de Carlo, “Broto Feliz (Shy Guy)” (Bob Marcucci-Peter de Angelis-versão Sérgio Freitas), 1961
- 72 Celly Campello, “Flamengo Rock (Flamenco Rock)” (Walter “Gualtiero” Malgoni-versão Romeu Nunes), 1961
- 73 Elis Regina, “As Coisas Que Eu Gosto (My Favorite Things)” (Richard Rodgers-Oscar Hammerstein II-versão Fernando César), 1961
- 74 Celly Campello, “A Lenda da Conchinha” (Marilena), 1961
- 75 Demetrius, “Corinna, Corinna” (Parish-Shaperman-Williams-versão Demetrius), 1961
- 76 Celly Campello, “Runaway” (Del Shannon-Max Crook), 1961
- 77 Del Shannon, “Runaway” (Del Shannon-Max Crook), 1961
- 78 Celly Campello, “Presidente dos Brotinhos (That’s All You Gotta Do)” (Jerry Reed-versão Fred Jorge), 1961
- 79 Tony Campello, “Baby Face” (Benny Davis-Harry Akst-versão Fred Jorge), 1961
- 80 Elis Regina, “Baby Face” (Benny Davis-Harry Akst-versão Fred Jorge), 1961
- 81 Celly Campello, “Índio Sabido (Indian Giver)” (Aaron Schroeder-Wally Gold-Cynthia Weil-versão Fred Jorge), 1961
- 82 Demetrius, “Rock do Sacy” (Tony Chaves-Baby Santiago), 1961
- 83 Cinderela, “A Sereia de Biquíni (Robledo-Benitez-Rojas-versão Fred Jorge), 1961
- 84 Celly Campello, “Ordens Demais (Too Many Rules)” (Don Stirling-Gary Temkin-versão Fred Jorge), 1961
- 85 Cinderela, “Agradeço a Você (I Wanna Thank You)” (Kal Mann-Bernie Lowe-Dave Appell-versão Juvenal Fernandes), 1962
- 86 Baby Santiago, “Tô Muito Louco” (Baby Santiago), 1962
- 87 Hamilton di Giorgio, “Vão Bidu Que Vão (Come Go with Me)” (Clarence E. Quick-versão Hamilton di Giorgio), 1962
- 88 Golden Boys, “Lana” (Roy Orbison-Joe Melson-versão Carlos Alberto), 1962
- 89 The Jordans, “Bull-Dog” (George Tonsco), 1962
- 90 The Jet Black’s, “Hava Naguila” (Abraham Zevi Idelsohn), 1962
- 91 Cleide Alves, “Procurando um Broto” (Roberto Carlos), 1963
- 92 Albert Pavão, “Vigésimo Andar (Twenty Flight Rock)” (Eddie Cochran-Ned Fairchild-versão Albert Pavão), 1963
- 93 Wanderléa, “Meu Anjo da Guarda” (Rossini Pinto-Fernando Costa), 1963
- 94 Trio Esperança, “Filme Triste (Sad Movies) (Make Me Cry)” (John D. Loudermilk-versão Romeu Nunes), 1962
- 95 Demetrius, “Filme Triste (Sad Movies) (Make Me Cry)” (John D. Loudermilk-versão Romeu Nunes), 1963
- 96 Trio Esperança, “Bolinha de Sabão” (Orlann Divo-Adilson Azevedo), 1963
- 97 Trio Esperança, “O Passo do Elefantinho (Baby Elephant Walk)” (Henry Mancini-versão Ruth Blanco), 1963
- 98 Tony Campello, “Boogie do Bebê (Baby Sittin’ Boogie)” (Johnny Parker-Joachin Relin-versão Fred Jorge), 1963
- 99 Cinderela, “Amor de Mamadeira (Baby Sittin’ Boogie)” (Johnny Parker-Joachin Relin-versão ), 1961
- 100 Betinho, “Neurastênico” (Betinho-Nazareno de Brito), 1963
- 101 Demetrius, “Voltou a Carta (Return to Sender)” (Otis Blackwell-Winfield Scott-versão Demetrius), 1963
- 102 Betinho, “Apache” (Jerry Lordan), 1963
- 103 Wanderléa, “Estudante” (Castro Perret), 1963
- 104 Roberto Carlos, “Splish Splash” (Bobby Darin-versão Erasmo Carlos), 1963
- 105 Bobby Darin, “Splish Splash” (Bobby Darin), 1958
- 106 Roberto Carlos, “O Calhambeque (Road Hog)” (Gwen Loudermilk-John D. Loudermilk-versão Erasmo Carlos), 1964
- 107 Roberto Carlos, “Parei na Contramão” (Roberto Carlos-Erasmo Carlos), 1963
- 108 Demetrius, “O Ritmo da Chuva (Rhythm of the Rain)” (John Gummoe-versão Demetrius), 1964
- 109 The Cascades, “Rhythm of the Rain)” (John Gummoe), 1962
- 110 Ronnie Cord, “Biquíni de Bolinha Amarelinha Tão Pequenininho (Itsy Bitsty Teenie Weenie Yellow Polkadot Bikini)” (Lee Pockriss-Paul Vance-versão Hervé Cordovil), 1964
- 111 Brian Hyland, “Itsy Bitsty Teenie Weenie Yellow Polkadot Bikini” (Paul Vance-Lee Pockriss), 1960
- 112 Ronnie Cord, “Rua Augusta” (Hervé Cordovil), 1964
- 113 Giane, “Dominigue” (Soeur Sourine-versão Paulo Queiroz), 1964
- 114 Soeur Sourine, “Dominique” (Soeur Sourine), 1963
- 115 Sergio Murilo, “Rei da Brotolândia” (Erasmo Carlos), 1964
- 116 Demetrius, “A Bruxa” (Demetrius-Baby Santiago), 1964
- 117 Meire Pavão, “Lili (Hi-Lili-Hi-Lo)” (Bronislaw Kaper-Helen Deutsch-versão Haroldo Barbosa), 1964
- 118 Sergio Murilo, “Lá Vai Ela!!!” (Carlos Imperial), 1964
- 119 Cleide Alves, “Surpresa de Domingo” (Erasmo Carlos-Roberto Carlos), 1964
- 120 Sergio Murilo, “Duas Bonequinhas” (Erasmo Carlos-Roberto Carlos), 1964
- 121 Cleide Alves, “Brotinho Transviado” (Erasmo Carlos-Roberto Carlos), 1964
- 122 Erasmo Carlos, “Festa de Arromba” (Roberto Carlos-Erasmo Carlos), 1965
- 123 Meire Pavão, “Bem Bom (Downtown)” (Tony Hatch-versão Paulo Queiroz), 1965
- 124 Petula Clark, “Downtown” (Tony Hatch), 1964
- 125 Meire Pavão, “Família Buscapé” (Albert-Theotônio Pavão), 1966
- 126 Rosemary, “Feitiço de Broto” (Carlos Imperial), 1966
- 127 Sérgio Reis, “Coração de Papel” (Sérgio Reis), 1966
- 128 George Freedman, “Coisinha Estúpida (Something Stupid)” (C. Carson Parks-versão Gileno), 1967
- 129 Tony Campello, “Não Acredito (I’m a Believer)” (Neil Diamond-versão Rossini Pinto), 1967
- 130 Demetrius, “Não Presto mas Te Amo” (Roberto Carlos), 1967
- 131 Mutantes, “Banho de Lua (Tintarella di Luna)” (Bruno de Filippi-Franco Migliacci-versão Fred Jorge), 1969
- 132 Celly Campello, “Mar de Rosas (Rose Garden) (Joe South-versão Rossini Pinto), 1971
- 133 The Fevers, “Mar de Rosas (Rose Garden) (Joe South-versão Rossini Pinto), 1971
- 134 Celly Campello, “Help, Vem Me Ajudar (Get Me Some Help)” (Daniel Vangarde-Nelly Byl-versão Rossini Pinto), 1972
- 135 The Fevers, “Vem Me Ajudar (Get Me Some Help)” (Daniel Vangarde-Nelly Byl-versão Rossini Pinto), 1971
- 136 Gilberto Gil, “Back in Bahia” (Gilberto Gil), 1972
- 137 Celly Campello, “Ta-Hi (Pra Você Gostar de Mim)” (Joubert de Carvalho), 1972
- 138 Rock Generation (Raul Seixas), “Estúpido Cupido (Stupid Cupid)” (Neil Sedaka-Howard Greenfield-versão Fred Jorge)/ “Banho de Lua (Tintarella di Luna)” (Bruno de Filippi-Franco Migliacci-versão Fred Jorge)/ “Lacinhos Cor de Rosa (Pink Shoe Laces)” (Mickie Grant-versão Fred Jorge), 1973
- 139 Sérgio Reis, “O Menino da Porteira” (Teddy Vieira-Luizinho), 1973
- 140 Celly Campello, “Cada Dia Fica Mais Difícil Não Te Ter do Meu Lado” (Zé Rodrix-Tavito), 1974
- 141 Rita Lee & Tutti Frutti, “De Pés no Chão” (Rita Lee), 1974
O cara que aparece tocando guitarra ao lado de Cauby Peixoto,aos 1:16:e na cena de praia aos 1:57:só pode ser Augusto César Vannucci,lembra muito o Rafael,filho dele e da Vanusa.
Cresci pensando que Celly Campelo fosse uma cantora setentista,houve um revival por causa da novela de Mário Prata,só depois descobri que ela tinha surgido bem antes.
Imaginar ela cantando ”Tristeza do Jeca” é muito engraçado,apesar que,as vezes,ela lembra um pouco a Nalva Aguiar,uma das precursoras do sertanejo feminino.