Bolsonaro chora, mas quem perdeu contratos foram os sertanejos

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Sem coragem para voltar ao Brasil e enfrentar centenas de processos, Bolsonaro chora ouvindo o cantor Rick

Jair Bolsonaro chorou na tarde deste domingo, 26, ouvindo o sertanejo Rick cantar a música Filha em Orlando, na Flórida. Geraldo Antonio de Carvalho, o Rick, que é evangélico, integra a dupla Rick & Renner (codinome de Ivair dos Reis Gonçalves), e ambos foram apoiadores do governo de Bolsonaro.

Mas trata-se de uma inversão de papéis. Quem devia estar chorando nesse momento são os sertanejos, não o ex-presidente sem agenda. Desde que Bolsonaro perdeu a eleição, minguaram sensivelmente as contratações de artistas do gênero por pequenas prefeituras do interior do Brasil para receber, sem licitação, somas vultosas. Os maiores contratos dessas prefeituras, segundo revelou a imprensa no ano passado, beneficiaram a empresa de um ferrenho apoiador do presidente, o cantor Gusttavo Lima. A última boiada que passou para o bolso de Gusttavo aconteceu em junho do ano passado, quando ele recebeu 700 mil reais da Prefeitura de Ituiutaba (MG) por intermédio de uma emenda parlamentar (no mesmo evento, Zezé di Camargo e Luciano receberam 330 mil reais de cachê). Curiosamente, a emenda parlamentar tinha como origem o deputado federal André Janones, apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado declarou na época: “A elite precisa entender que pobre também tem direito a diversão”. Desde então, nada mais rolou para Lima nem para os outros tubarões do sertanejo – claro que eles são uma minoria, mas concentravam os contratos.

A revelação do expediente dos supercachês mudou um pouco a política de transparência dos municípios. Jacuí, também em Minas, lançou esse ano um pregão eletrônico público para realizar a sua Festa do Peão de Boiadeiro, cujos postulantes serão conhecidos em 21 de março. Claro que, como ainda há uma brecha na legislação, só quem tem preocupação com a transparência é que cuida de publicizar as regras. O prefeito Welson Gonçalves (do PROS, partido que integrava a base de Bolsonaro), de Japonvar, cidade de 8,5 mil habitantes em Minas Gerais, contratou esse mês justamente a dupla Rick & Renner por 130 mil reais para tocar na Festa do Biscoito, em junho.

Bolsonaro, cujo filho Eduardo tem anunciado a venda de produtos de memorabilia de seu malfadado período na presidência da República (como um calendário de 49 reais), tinha ontem ao seu lado, durante o recital privado do sertanejo Rick, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, processado por assédio sexual e moral.

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