É uma curiosa ironia do destino: é amplamente sabido que Virgulino Ferreira, o Lampião (1898-1938) matou dezenas, talvez centenas de pessoas, mas pouca gente sabe quem foram os homens que mataram Lampião. O rei do cangaço deixou uma lenda tão consistente, tão sensacional, tão romântica e aventureira que, aparentemente, não restou a menor curiosidade para as biografias dos seus perseguidores e matadores.
Mas é justamente contra essa lacuna da história que se insurgiu o jornalista Moacir Assunção, que publicou, em 2007, o livro Os Homens que Mataram o Facínora, dando contornos sociais, políticos e existenciais a personagens como Zé Lucena e Zé Saturnino, os dois maiores inimigos do cangaceiro. Passados 15 anos, o “repórter do cangaço”, como o chamou o também lendário historiador Frederico Pernambucano de Mello, está lançando agora uma edição revisada, aumentada e caprichada do seu livro, agora pela editora santista Realejo (em 2007, saíra pela Editora Record). Para compreender a lenda, precisa conhecer como ela foi construída, e o livro de Assunção é um celebrado mergulho nas motivações da história, que está assentada na origem de todos os grandes conflitos do sertão nordestino: as guerras entre famílias.
Com textos de experts como Fernando Jorge e Antônio Amaury Corrêa de Araújo, autor de sete livros sobre o cangaço, a nova edição de Os Homens que Mataram o Facínora (o título é uma alusão ao filmaço de John Ford de 1962) chega num momento mais que oportuno, quando se discute a ação de um suposto “novo cangaço” no Sudeste brasileiro. O autor tem notável conhecimento das táticas do cangaço
Moacir Assunção, mestre em História Social pela PUC-SP, é um jornalista experiente que já passou pelas redações do Jornal de Brasília, Diário Popular, revista Istoé e O Estado de S.Paulo, e tem 13 livros publicados, tendo sido duas vezes finalista do Prêmio Jabuti de Literatura. Pernambucano, há muitos anos se dedica a percorrer os locais por onde o bando de Lampião se deslocou pelo Nordeste.