Martin (Mads-Mikkelsen) empolga seus alunos durante ousado experimento com álcool. Foto: Henrik Ohsten. Divulgação
Martin (Mads-Mikkelsen) empolga seus alunos durante ousado experimento com álcool. Foto: Henrik Ohsten. Divulgação
Druk – Mais uma rodada. Cartaz. Reprodução
Druk – Mais uma rodada. Cartaz. Reprodução

O falso moralismo de plantão vigente no Brasil sob a égide de Jair Bolsonaro poderia atacar, antes mesmo de assistir (como é de seu feitio) a “Druk – Mais uma rodada”, como uma espécie de apologia ao alcoolismo. O filme dinamarquês dirigido por Thomas Vinterberg, indicado ao Oscar nas categorias melhor diretor e melhor filme estrangeiro, é uma obra-prima e um comovente tributo à amizade.

Quatro professores de uma escola de ensino médio decidem ser cobaias de si mesmos em uma experiência que envolve o consumo de álcool em pleno horário de expediente. A ideia, ancorada numa estranha e ousada teoria, do psiquiatra norueguês Finn Skårderud, de que o ser humano nasce com um pequeno déficit de álcool no sangue, surge no jantar de aniversário de Nikolaj (Magnus Millang), a que Martin (Mads Mikkelsen) comparece abatido pela crise com a esposa Anika (Maria Bonnevie) – logo, a eles, se somam Tommy (Thomas Bo Larsen) e Peter (Lars Ranthe), também presentes.

Amigos em crise de meia idade, insatisfeitos com os rumos que suas vidas estão tomando, apostam no experimento como uma espécie de laço que fortalece sua amizade: diante do querer mais de suas confortáveis vidas suburbanas, decidem avançar o sinal vermelho, em busca de algo que eles mesmos não sabem o que é. Suas interpretações são convincentes, longe de quaisquer clichês comumente vistos em tentativas de retratar bêbados em telonas e telinhas.

O quarteto começa a ingerir doses diárias de álcool em busca de compensar aquele suposto déficit, supondo, como Skårderud, que isto garantiria a todos maior felicidade, relaxamento e produtividade com a manutenção constante de uma quantia controlada de álcool no sangue. Passam a anotar a experiência, com vistas a escrever um artigo científico – bastante atabalhoado, em decorrência do próprio consumo de álcool, que por fim foge do controle.

Com fotografia (Sturla Brandth Grøvlen) e música (Mikkel Maltha) impecáveis, “Druk – Mais uma rodada” consegue equilibrar os lados positivos e negativos do consumo de álcool, sem fazer juízos de valor ou apontar lições de moral. Celebra a vida, a amizade e o amor de maneira comovente e inteligente – a cena final soa como um belo tributo ao fotógrafo Henri Cartier-Bresson.

Visto por mais de 800 mil pessoas na Dinamarca, mesmo em tempos de pandemia, “Druk – Mais uma rodada”, maior êxito de Thomas Vinterberg e atualmente o filme dinamarquês mais visto no mundo, nasce como um clássico instantâneo da sétima arte por aquilo que seus personagens têm de mais profundo: são embriagados de humanidade.

O filme estreia em salas de cinema brasileiras – em cidades em que a pandemia de covid-19 permitir – no próximo dia 25 de março (quinta-feira) e às plataformas de streaming dia 16 de abril.

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Veja o trailer:

Serviço: “Druk – Mais uma rodada”, drama, Dinamarca/Holanda/Suécia, 2020, 117 minutos; direção: Thomas Vinterberg. Estreia nos cinemas dia 25 de março e nas plataformas de streaming 16 de abril.
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