A pouco mais de três meses do final da atual gestão, a Prefeitura de São Paulo publicou no último dia 11 um edital para escolher a nova organização gestora do Theatro Municipal de São Paulo. O edital é de R$ 563,5 milhões para a Organização Social que vai dirigir a instituição durante 60 meses, até 2025. A atual gestora é o Instituto Odeon. O prazo para apresentação das propostas concorrentes termina na próxima quinta-feira, dia 1 de outubro, e a abertura das propostas será já no dia 6 de outubro, das 9h às 11h, pela plataforma Zoom.
Chama a atenção que uma decisão desse porte tramite de forma relâmpago para que seja assumida sem consulta por um novo prefeito, já que haverá eleições municipais em 15 de novembro. O atual prefeito, Bruno Covas, é candidato à reeleição. A organização selecionada administrará o prédio histórico do Theatro Municipal de São Paulo, assim como a programação de atividades, além do edifício da Praça das Artes e sua programação; o Centro de Documentação e Memória; a Central Técnica de Produções Chico Giacchieri; a Orquestra Sinfônica Municipal, que atualmente conta com 101 músicos; o Coro Lírico, com 90 cantores; o Coral Paulistano, com 45 cantores; o Quarteto de Cordas do Theatro Municipal; e o Balé da Cidade de São Paulo, que atualmente conta com 34 bailarinos.
Há algumas estranhezas nas regras do edital. Por exemplo, essa: “Caso a entidade vencedora tenha participado do certame nos termos da lei municipal 17.258, de 7 de janeiro de 2020, deverá submeter solicitação de qualificação como organização social junto à prefeitura de São Paulo em até 120 dias após a assinatura do contrato de gestão”. Ou seja: mesmo que não seja uma organização social a vencer o edital, ela poderá se tornar uma em tempo hábil (ou conveniente), uma entidade capaz de “promover a produção, a difusão e o aperfeiçoamento da música, da dança, da ópera e de outras manifestações culturais, na perspectiva das orientações estratégicas de excelência e criação artística de vanguarda, conforme a política cultural estabelecida pela Secretaria Municipal de Cultura”. A partir de janeiro, o valor correspondente a 90% do montante anual já será repassado para o Contrato de Gestão em parcelas trimestrais periódicas.
A comissão de seleção é formada por Regina Silvia Viotto Monteiro Pacheco (arquiteta), Carlota Mingolla (do partido politico Rede) e Luísa de Oliveira Dias (chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Cultura de SP). Os envelopes lacrados com as propostas deverão ser enviados em correspondência registrada dos Correios à Comissão Especial de Seleção para o endereço da Secretaria Municipal de Cultura, situada na Rua Líbero Badaró 346, a/c Secretaria Adjunta – Centro, São Paulo/SP. A Organização Social proponente deverá encaminhar cópia do comprovante de postagem à FTMSP, pelo endereço eletrônico editaltheatro@prefeitura.sp.gov.br, para fins de acompanhamento da correspondência.
O público interessado em participar da sessão telepresencial deverá encaminhar solicitação de acesso à FTMSP pelo endereço eletrônico editaltheatro@prefeitura.sp.gov.br, até o dia 01/10/2020.
A Prefeitura já tinha informado, em nota no dia 3 de setembro, que aditaria o contrato com o Instituto Odeon. “Esse aditamento prevê, entre outros assuntos, a rescisão antecipada do acordo para o dia 31 de outubro de 2020”, dizia o comunicado, que falava já do novo edital.
Por conta da pandemia de coronavírus, o Instituto Odeon cancelou todas as apresentações ao vivo previstas para o Theatro Municipal de São Paulo e para a Praça das Artes neste ano de 2020, incluindo todas as óperas programadas, como Aída (suspensa em março, às vésperas de sua estreia), Navalha na Carne/Homens de Papel, Don Giovanni e Benjamin; a temporada do Balé da Cidade, os concertos presenciais da Orquestra Sinfônica Municipal, da Orquestra Experimental de Repertório, do Coral Paulistano, do Coro Lírico e do Quarteto de Cordas; e, igualmente, os sete projetos da série Novos Modernistas previstos para 2020 como Guarani em Chamas, Ópera Rap, Teatro no Municipal e Carmen Desconstruída.