O mistério do francês da Ancine

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Reprodução
Contratação do francês Vincent Olivier Jean Roux pela Ancine é uma história cheia de mistérios

Após ter sua contratação pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) revelada pelo Farofafá, na quinta-feira, o francês Vincent Olivier Jean Roux deletou sua página no Facebook. Os posts na página revelavam o pensamento de Roux, hostil aos movimentos afirmativos, como o Black Lives Matter; a medidas de saúde pública contra a pandemia de coronavírus; ao Supremo Tribunal Federal; à esquerda; e evidenciavam sua condição de adepto ferrenho das posições do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Roux está no Brasil desde 2013 e é conhecido pelos mais próximos como Vicente. Chegou ao país com um visto de trabalho fornecido pela academia RFT – Fight Team, do Rio de Janeiro, em setembro daquele ano. Um ano depois, em dezembro de 2014, se formou faixa amarela em Luta Livre pela mesma academia que o contratou para trabalhar no Brasil. Em 2016, a academia RFT pediu novo visto de trabalho para Roux por um prazo de 2 anos. Em 28 de junho de 2017, ele casou no Brasil com Marcio Batista Messias em regime de separação total de bens, o que lhe confere o direito de obter visto de permanência no Brasil.

Roux foi, até 17 de fevereiro, secretário parlamentar do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que ficou conhecido após quebrar placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco, no Rio. Sua atividade, até então, tinha sido de corretor de imóveis, um ramo de negócios muito próximo da extrema direita carioca no poder. Chegou a registrar uma empresa de “real state”, a Aparita, atualmente inativa.

Na quinta-feira, o diretor-presidente interino da Ancine, Alex Braga Muniz, publicou no Diário Oficial sua contratação para a função de assessor administrativo da Gestão de Processos de Fomento da Superintendência de Fomento da agência, com um salário de cerca de R$ 13 mil. Na Ancine, sabe-se que ele vai trabalhar no setor de publicação de projetos aprovados, o que lhe dá condição de acompanhar o andamento de obras que porventura sejam desconfortáveis para o governo Bolsonaro.

Na região da Provença francesa, há um homônimo de Roux que é proprietário de uma área rural e cultiva oleaginosas em Tavernes, uma comunidade de pouco mais de 1.200 habitantes na Côte D’Azur. A reportagem ligou para lá para checar se se trata do mesmo personagem, mas as ligações caem em uma secretária eletrônica.

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