Wagner Moura em cena do documentário Sergio, disponível na Netflix
Sergio - Wagner Moura - Photo Credit: Netflix / Karima Shehata

Um filme com Wagner Moura relembra a história do diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, morto num atentado no Iraque

Pode não ter sido a intenção do diretor Greg Barker, nem a do ator Wagner Moura, de apresentar Sergio Vieira de Mello como um super-herói de um mundo globalizado. Mas a narrativa proposta por Sergio, em streaming na Netflix, acaba por resultar num retrato heróico sobre o diplomata brasileiro morto em um atentado a bomba contra a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bagdá, em 2003. Se Moura se esforçou para tirar a imagem de monstro atribuída ao traficante Pablo Escobar na série Narcos (também da Netflix), nesta nova produção ele procura fazer o mesmo, mas no sentido inverso.

Vieira de Mello, no filme, é um personagem humanista e carismático, que está sempre fugindo da burocracia e do que as cartilhas do direito ensinam. Idealista, ele é capaz de negociar acordos com líderes revolucionários, presidentes e criminosos de guerra, todos tratados com o mesmo peso da balança. Como representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o super-herói de Sergio só não é capaz de fazer o mundo girar para trás para voltar ao tempo.

A fragilidade do super-herói se revela na distância física e emocional que ele mantém com os filhos adolescentes, que vivem e crescem no Rio de Janeiro enquanto o pai cumpre missões em Bangladesh, Sudão, Líbano, Cambodja, Bósnia, Kosovo, Ruanda ou Timor-Leste.  Em 34 anos de ONU, Vieira de Mello se dedicou à carreira mais do que à família, tornando-se uma estrela em ascensão da diplomacia global. Chegou a ser cotado para suceder o secretário-geral Kofi Annan, que o via como amigo.

Ainda para humanizar o personagem, a produção da Netflix centra boa parte da história no romance do diplomata com Carolina Larriera (interpretada pela bela cubana Ana de Armas), que se tornou sua companheira. O filme é baseado em flashbacks, que recuperam o longo tempo em que Vieira de Mello ficou sob os escombros após o atentado terrorista, que foi reivindicado pela Al-Qaeda. No protocolo de uma guerra liderada pelos Estados Unidos, um diplomata norte-americano, auxiliar de Vieira de Mello, tinha de ser salvo antes.

Sergio, que estreou no início do ano no Festival Sundance, tem direção de Greg Barker, um ex-jornalista e correspondente de guerra que virou documentarista. Dirigiu documentários sobre o alcorão, o último ano de Barack Obama na presidência dos Estados Unidos, a caçada de Bin Laden e também sobre o diplomata brasileiro (que foi exibido na HBO, em 2009). A diferença com o filme ficcional é que este se baseia na biografia de Samantha Power, O Homem Que Queria Salvar o Mundo.

Moura dubla o seu personagem, na versão em português. Se legendas não forem um obstáculo, recomenda-se ver a história na versão original. O ator fala em inglês, espanhol e francês, e apesar das críticas pelo sotaque, é digno de elogios. Antes todo brasileiro falasse mal em outros idiomas, mas defendesse os direitos humanos como fizeram ou fazem personagens como Vieira de Mello e Wagner Moura.

Sergio. De Greg Barker, com Wagner Moura. Na Netflix, 118 minutos.
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