
Mesmo em quarentena, artistas de diferentes cantos do país resolveram manter uma nova e sanguínea tradição e se juntam na internet na noite desta segunda-feira, 13 de abril, para homenagear o lendário Sérgio Sampaio (1947-1994), cantor e compositor capixaba. Entre eles, alinham-se o maranhense Zeca Baleiro, os paulistanos Cida Moreira e Tatá Aeroplano, a baiana Marcia Castro, os capixabas André Prando e a jovem Caju e o potiguar Yrahn Barreto.
Sampaio nasceu justamente nessa data, 13 de abril, em Cachoeiro do Itapemirim, mesma cidade de Roberto Carlos. Uma de suas músicas, Meu Pobre Blues, aborda o relacionamento errático com a música e a personalidade do conterrâneo mais endinheirado. Sergio se tornou conhecido nacionalmente em 1972, quando defendeu, no 7º Festival Internacional da Canção, a marcha-rancho Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua, um hit de substrato político ouvido em todo o País. Sampaio também foi um importante elemento de deflagração do lado criativo de Raul Seixas, com quem trabalhou no início da carreira e foi parceiro no lendário álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10, de 1971 (ao lado de Edy Star e Miriam Batucada).
Essa será a 14ª edição do Festival Sérgio Sampaio, uma tradição que começou em 2007 e mobiliza fãs de todo o País, os chamados “sampaiófilos”, num culto crescente em torno da figura do artista. “Diante do impedimento de promover a nossa festiva reunião anual de sampaiófilos, vimos a possibilidade de, por meio de uma sequência de lives no Instagram, oferecer em domicílio, a um público muito mais extenso e numeroso, pérolas recolhidas do cancioneiro sampaista, na data em que o poeta do riso e da dor completaria 73 anos”, diz o texto dos organizadores, o cantor André Prando e Gilson Soares, do Clube Capixaba do Vinil.
Todos os artistas têm alguma ligação profunda com a música de Sampaio. Cida Moreira encenou o espetáculo Boleros e Outras Delícias, em 2019, no Sesc Pompeia (SP), fazendo um tributo ao compositor. “Amigo querido, dono de uma angústia tão forte, um ícone da nossa geração, uma espécie de bad boy que nos ensinava a não ter receio dos sentimentos e pensamentos mais tortos…”, ela declarou. Yrahn criou há 5 anos a Semana do Sampaio no Rio Grande do Norte, um projeto de artes integradas que está em seu quinto ano. Zeca Baleiro começou o trabalho de resgate da obra de Sampaio com o disco-tributo O Balaio do Sampaio (1998), com intérpretes como Erasmo Carlos, Zizi Possi, Lenine, Eduardo Dusek, Luiz Melodia e João Bosco, e a finalização do disco póstumo Cruel, em 2006.