
Internet e fake news são as palavras-chave de Dias de Tormenta, do jornalista e escritor mineiro Branco di Fátima. O longo subtítulo joga luz sobre o objeto e as intenções do livro: Os movimentos de indignação que derrubaram ditaduras, minaram democracias no mundo e levaram a extrema-direita ao poder no Brasil. Sob esse recorte, o coletivo de histórias reunidas pelo autor parte de Chiapas, no México, em 1994, e passa por Seattle, nos Estados Unidos, em 1999, pela tentativa de golpe de Estado contra Hugo Chávez na Venezuela, em 2002, pela guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, em 2003, e assim por diante, com passagens por Espanha, Irã, Egito, Tunísia e Portugal. Em cada um desses episódios, Di Fátima joga foco sobre a importância do que hoje chamamos de fake news na constituição de conflitos e insurreições como a Primavera Árabe de 2011 e, no Brasil, as jornadas de junho de 2013.
A parte final do livro se debruça sobre o Brasil natal e sobre como as jornadas de junho abriram caminho para golpismo, golpe e ascensão da extrema-direita ao poder pela via eleitoral – e sob saraivadas de fake news. O autor pinta um admirável mundo novo que oscila entre o otimismo (a autonomia insurrecional resultante do avanço da internet, os levantes erguidos – supostamente – sem a concorrência de poderes centrais) e o puro obscurantismo (como no caso brasileiro).