É meio Poliana aquele argumento do tipo “é na dificuldade que a cultura se agiganta”. Ninguém precisa de torniquete para ser criativo, isso é uma besteira. Mas é claro que é possível afirmar peremptoriamente que aconteceu este ano, no cinema, um salto qualitativo extraordinário, o que é facilmente demonstrável no debate e no frisson gerado em torno de filmes como Bacurau, Pacarrete e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão. Difícil até escolher entre os vários longas lançados o melhor do cinema em 2019.
1) Bacurau. De Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Brasil, 2019
Bacurau causou espécie em 2019 ao celebrar a nordestinidade e beliscar com picardia as mais conhecidas (e perdoadas) mazelas dos moradores do Sudeste e do Sul, assim como do antigamente apelidado Primeiro Mundo. De quebra, o filme ainda envia uma por enquanto utópica mensagem de união do povo brasileiro contra seus agressores e exploradores. (Pedro Alexandre Sanches)
2) Coringa. De Todd Phillips. EUA, 2019
A gênese de um vilão sob uma perspectiva humanista faz de Coringa uma obra reveladora do tempo em que vivemos. Estamos pouco se importando com o outro e o capitalismo já produziu excluídos demais. Junto de Parasita e Bacurau, esses três filmes nos permitem prever como seria um mundo a partir da revolta dos oprimidos. (Eduardo Nunomura)
3) Era uma Vez em Hollywood. De Quentin Tarantino, EUA, 2019
Tarantino, na mesma condição de Woody Allen, aprofunda-se no revisionismo histórico, dessa vez mesclando com alguma dose de otimismo e apostas humanistas. Ao fazer autocrítica, diminuir o peso da ultraviolência e dedicar-se à interpretação com mais afinco, Tarantino praticamente reinventou a si mesmo. (Jotabê Medeiros)
Veja quem votou na categoria “O melhor do cinema em 2019”: