A parceria de Tiago Máci e Zeca Baleiro em “Beijo à queima-roupa”, videoclipe recém-lançado, não esconde a admiração do primeiro pelo segundo. É a primeira vez que os dois assinam uma parceria.
Nome da novíssima geração da música popular brasileira produzida no Maranhão, Máci nunca escondeu suas referências. “Mete o amor forte”, por exemplo, título de seu primeiro EP, lançado em 2014, citava diretamente a “Met(amor)fose”, de Cesar Teixeira, com quem dialoga e a quem cita no “Samba do fuleiro”.
Em “Beijo à queima-roupa” vemos Zeca Baleiro encarnando São José de Ribamar – seu nome de batismo é uma homenagem ao santo. No mesmo clipe, ele tenta trapacear no baralho. Impossível não lembrar de “Flor da pele” (1997): “um menino, um bandido/ às vezes me preservo, noutras suicido”.
Todo rodado em São José de Ribamar, “Beijo à queima-roupa”, dirigido por Arthur Rosa França, tem fotografia impecável (Andressa Zumpano e Danilo Rosa), entre a beleza negra (a protagonista Nádia D’Cássia e o trompetista Bigorna, entre outras/os), as paisagens da cidade balneária, erros de português em comércios, e a linha tênue entre sacro e profano que caracteriza a quermesse cotidiana, destino de romeiros de todo lugar, entre as missas na igreja, as voltas nos brinquedos dos parques de diversões e as sinucas e tragos nas bodegas.
“Se ela me encara, eu caio da corda bamba/ Fico doido e faço um samba pra gente sapatear/ Mas, peraê!/ Pisou de leve já levou meu coração/ Que obsessão preciso trabalhar/ Mais uma vez vou me atrasar”, diz a letra, com o feeling da malandragem dos corações apaixonados.
“Beijo à queima-roupa” antecipa “Amor delivery”, que Tiago Máci lança em 2020, com produção de Adnon Soares (CasaLoca).