Ritchie refaz “Voo de Coração” após 36 anos

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Ritchie canta "Voo de Coração" 36 anos depois

Há mais de uma geração, em 1983, o britânico Ritchie ajudou a redefinir todos os ditames da indústria fonográfica brasileira, com o simples ato de lançar um álbum pop-rock chamado Voo de Coração. “Você passou no circular/ pela praia do Leblon/ corri atrás, tarde demais/ perdi a condição/ de conversar/ te convencer/ te confessar/ eu quero só você”, cantava “A Vida Tem Dessas Coisas”, rimando condução com condição, em ritmo de tecnopop.

"Voo de Coração" (1983), de Ritchie
“Voo de Coração” (1983), de Ritchie

Hoje com 67 anos, Ritchie retoma o Voo de Coração num show de comemoração aos 35 anos (ou 36, na verdade) do álbum que invadiu as rádios e TVs nacionais com uma fileira aparentemente interminável de hits de pop perfeito. Entre eles estão “Menina Veneno” (“menina veneno/ o mundo é pequeno demais pra nós dois/ em toda cama que eu durmo só dá você”), “A Vida Tem Dessas Coisas”, “Casanova” (“boa noite, rainha, como vai?/ sou seu coringa, o seu ás”), “Pelo Interfone” (“chamo por você, ninguém atende/ de repente uma luz acende/ ‘ela não está’/ me diz a voz que vem do interfone”), “No Olhar” (“teu olhar vai vai brilhar na luz do neon/ teu olhar vai negar a luz negra do não”), “Preço do Prazer” (“15 dias na estrada sem poder te ver/ é o preço do prazer”), “Voo de Coração” (“mas eu só no apartamento escrevendo/ memórias no velho computador”)…

O grupo reunido em Voo de Coração será decisivo para a geração pop-rock dos anos 1980, que começou a amanhecer em 1982, com o advento de As Aventuras da Blitz 1. O parceiro na maioria das canções é Bernardo Vilhena, egresso do grupo de poesia Nuvem Cigana. Entre os músicos acompanhantes, estão Lulu SantosLobão (ambos ex-companheiros de Ritchie na efêmera banda de rock 1970 Vímana) e Liminha, ex-integrante dos Mutantes.

Mesmo o que não foi sucesso no disco é irresistível, inesquecível – caso da balada lancinante “Tudo Que Eu Quero (Tranquilo)”: “O tempo eu sei que vai passar/ sei que temos que envelhecer/ mas nada me incomoda, não/ pois o que eu só quero é viver/ sempre aqui do teu lado/ vem dançar comigo”.

O show em que Ritchie volta a si mesmo, depois de trabalhos de releitura da obra de Paul Simon (em 2016) e de standards do cancioneiro pop-rock anglo-saxão (no álbum 60, de 2012), acontece em São Paulo numa única oportunidade, no Bourbon Street.

Voo de Coração. De Ritchie. No Bourbon Street (Rua dos Chanés, 127, Moema, São Paulo. Quinta-feira 17, às 22h30. Couvert artístico R$ 65.
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