CASA DE VIDRO

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UMA GRANA PARA A CASA DOS BARDI
Fundação Getty doa R$ 625 mil para eventuais obras de reparos na Casa de Vidro do Morumbi, projetada em 1950 pela arquiteta ítalo-brasileira



A icônica Casa de Vidro da arquiteta Lina Bo Bardi, no Morumbi, recebeu na semana passada da Fundação Getty, de Los Angeles, um auxílio financeiro de U$ 195 mil (cerca de R$ 625 mil) para um “plano de manutenção preventiva baseado em pesquisas técnicas especializadas para evitar um futuro incerto de intervenções de emergência e reparos pontuais”. 

Marco modernista, a casa foi projetada em 1950 e, pela inserção na natureza e na paisagem, é frequentemente comparada à famosa Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright, erguida na Pensilvânia em 1935. Há alguns anos, fiz uma reportagem demonstrando que a casa estava sendo alugada, pela atual diretoria do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, para festas de bacanas, para arrecadar uns trocados. Leia aqui: http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,polemica-cerca-uso-de-casa-dos-bardi-para-festas-em-sao-paulo,1509649

O apoio, pela Fundação Getty, batizado como Keep it Modern, é dado a prédios fundamentais da arquitetura moderna pelo mundo e começou em 2014. Entre as outras obras contempladas este ano, que dividiram US$ 1,2 milhão, estão a Igreja Cristo Obrero (em Atlantida, no Uruguai), a Catedral Metropolitana de Liverpool (Liverpool, Inglaterra), a Villa E-1027 (Côte D’Azur, França), a Primeira Igreja Presbiteriana de Stamford (Connecticut, Estados Unidos), a Biblioteca Infantil de Accra (Gana, África), o Sevan Writers’ Resort (Armênia), o Gautam Sarabhai Workshop Building (Ahmedabad, Índia) e a Biblioteca Nacional de Kosovo (Pristina, Kosovo).

Tombada pelo Condephaat em 1986, por unanimidade, e, em 2007, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Casa de Vidro se junta a duas outras edificações brasileiras já contempladas nessa bolsa de conservação e manutenção de construções modernas no mundo – em 2015, o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da USP, de Vilanova Artigas, e o Pavilhão Arthur Neiva, de Jorge Ferreira, no Rio.

A iniciativa da fundação já direcionou, no passado, fundos para a preservação de obras como o Sanatório Paimio (do finlandês Alvar Aalto), a Casa Eames, o Campus do Salk Institute (Louis Kahn), a Opera de Sydney (Jørn Utzon) e a Casa Schröder (Gerrit Ritveld), entre outros edifícios simbólicos do movimento moderno.

Segundo informou o site ArchDaily, o investimento permitirá que “uma equipe internacional de especialistas em conservação de arquitetura e paisagismo, especialistas em patrimônio  e engenheiros civis e estruturais desenvolvam um plano de gestão de conservação para a obra. O projeto também inclui uma pesquisa topográfica 3D do terreno que permitirá que os engenheiros identifiquem possíveis deformações estruturais nocivas em pequena escala, ainda imperceptíveis aos olhos.”

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter desde 1986 e autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019), Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021), O Último Pau de Arara (Grafatório, 2021) e A Culpa é do Lou Reed (Reformatório, 2024)

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