O fato de Keith ter sobrevivido inclui, certamente, um pouco de know-how.
Mas também sorte, uns milagres e alguma compreensão dos juízes da alta corte.
É verdade que a mídia romantiza a vida de Keith de forma desproporcional. Mas ele tem sua responsabilidade nisso: ao atender à imprensa, e por ser bastante consciente em relação à sua imagem, Keith dá aos jornalistas o que eles querem ouvir.
Uma de suas histórias mais conhecidas é aquela em que ele disse a um repórter que só continuava vivo porque, regularmente, fazia transfusão completa de sangue na Suíça. Ou seja: algo como trocar o óleo do motor do carro na garagem.
Os meios de comunicação adoraram a informação. Assim, bandos de repórteres foram em busca de clínicas suíças nas quais esse tipo de coisa supostamente acontecia.
Ao longo dos anos, se Keith desaparecia durante uma semana, por qualquer razão, escreviam que ele tinha voltado ao processo de embalsamamento para desintoxicação.
Keith utilizou um método de desintoxicação que eu também usei quando soube que não envolvia agulhas: a caixa de choque elétrico. Era uma engenhoca inventada na década de 1970 por um médico chamado Meg Patterson. Funciona assim: você coloca um pequeno clipe em cada uma de suas orelhas, ajusta a quantidade de eletricidade que a caixa gera e depois vai dormir. Você faz isso quando quer se livrar da heroína, porque acaba com a fissura. Keith pegou uma dessas caixas de alguém. Ele sempre a usava quando queria se desintoxicar.
(da biografia de Ron Wood)