A trágica morte de Cristiano Araújo suscitou, nos últimos dias, uma série de artigos e declarações que tentavam dar conta do fato de que um cantor tão popular, oriundo do sertanejo que já fora tachado de universitário, conforme apontou Gustavo Alonso, fosse desconhecido justamente por parte relevante da classe universitária, incluindo a que ocupa tradicionalmente os postos de legitimadores da memória da música brasileira, como jornalistas.
Uma das hipóteses, levantada pelo colunista Tony Goés no portal do jornal Folha de S.Paulo, sublinhava a existência de um abismo cultural no Brasil para explicar o fenômeno. A análise peca, porém, por traçar a imagem de uma sociedade atomizada, em que os diversos grupos sociais não se comunicam, e por subestimar a incrível e imprevisível capacidade de diferentes grupos interagirem.
Para o antropólogo Gilberto Velho, certos indivíduos, ao transitarem por diferentes grupos e domínios sociais, desempenham o papel de comunicadores, de mediadores entre diferentes mundos, estilos de vida e experiências. Em outras palavras, os mediadores culturais construiriam pontes sobre os abismos culturais supostamente intransponíveis.
Assim, artistas legitimados como sendo de MPB, quando gravam uma canção de um artista considerado “menor” por quem tem o poder de legitimação, a apresentam e/ou a legitimam para o seu público. É caso da gravação de “Você não me ensinou a te esquecer”, do cantor Fernando Mendes, regravada por Caetano Veloso e incluída na trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro.
A ignorância de parte da imprensa sobre Cristiano Araújo resultou em algumas gafes, como as cometidas por Fátima Bernardes e Zeca Camargo, que trocaram o nome do cantor pelo do jogador de futebol Cristiano Ronaldo. No texto “Morreu Michel Teló?” Gustavo Alonso compara o alcance de Michel Teló e Cristiano Araújo dentro e fora do meio sertanejo.
Ironicamente, há quem considere decisivo o fato de o craque do Real Madrid ter dançado “Ai se Eu Te Pego” em campo para que a gravação de Teló obtivesse sucesso no plano mundial. Nessa cadeia de mediação cultural, jogadores brasileiros teriam apresentado a Cristiano Ronaldo a música brasileira, gravada anteriormente, sem o mesmo sucesso, em ritmo de funk e forró. O jogador português, por sua vez, teria feito a ponte entre a música sertaneja brasileira e o resto do mundo. Legitimada a música internacionalmente, Michel Teló ganhou prestígio nacionalmente, ainda que muitos brasileiros pudessem se incomodar com isso.
Teló, por fim, teria exercido o papel de mediador cultural no quadro “Bem Sertanejo”, do programa Fantástico, ao apresentar às novas gerações, amantes ou não do sertanejo tachado de universitário, as canções do sertanejo tachado de raiz, criando pontes entre passado e futuro, entre sertanejos e o público não sertanejo que assiste ao programa.
Um ex-apresentador desse mesmo programa dominical, Zeca Camargo, causou revolta de artistas sertanejos e dos fãs deles ao declarar que a comoção pela morte de Cristiano Araújo era expressão da “pobreza da atual alma cultural brasileira”, da “ausência de fortes referências culturais que experimentamos no momento”. Logo ele, apresentador de uma emissora que cobriu a tragédia ostensivamente e ex-apresentador da MTV, emissora que abrigou os mesmos roqueiros e cantores pop que na década de 1980 eram acusados de fazer uma música pobre e efêmera.
O jornalista não explicita quais critérios utiliza para definir o “verdadeiro valor” de um cantor ou o que entende por um “ídolo de verdade”. Seria a quantidade de sucessos? A quantidade de acordes em suas músicas? O pop e o rock estariam imunes a clichês harmônicos? Não se pode esquecer que, se o pop já foi símbolo de produto descartável, o punk criticou a própria ideia de “ídolo”, apostando em um som avesso a virtuosismos e rebuscamentos, que qualquer jovem poderia fazer.
A necessidade de se destacar em meio a uma multidão de artistas com estilos muito parecidos de fato fez com que cantores como Gusttavo Lima, João Lucas & Marcelo e Cristiano Araújo cantassem os seus próprios nomes nas letras de seus sucessos, como um cartão de visita que marcasse junto ao público de quem eram aquelas vozes. Por outro lado, muitos dos artistas tachados como bregas, apesar das apostas contrárias, ainda são lembrados, muitos anos após terem surgido.
Não cabe aqui julgar se a comoção por uma morte é excessiva ou insuficiente, ainda que a crítica ao sensacionalismo midiático seja pertinente. Muito menos mensurar o valor cultural de um cantor querido por milhões de brasileiros ou fazer exercícios de futurologia para imaginar qual teria sido o seu destino na história (oficial) da música brasileira. Não se trata de condenar quem não conhecia uma música sequer dele ou, ao contrário, de ostentar esse desconhecimento com um orgulho preconceituoso.
Trata-se de apontar que, ao contrário do que se disse, Cristiano Araújo, independentemente de juízos de gosto, não era “uma revelação de uma música só”. Se muitos ainda não o conheciam ou se conheciam apenas uma de suas músicas, talvez tenha faltado a Cristiano Araújo, para além de outros fatores, uma ponte eficaz como Cristiano Ronaldo para transpor os tais abismos.
(Danilo Cymrot, 29 anos, é pesquisador cultural, Mestre e Doutor em Direito pela USP, onde defendeu dissertação sobre a criminalização do funk. Com o nome artístico Danilo Dunas, é cantor, poeta, compositor e sanfoneiro.)
Pior que a comoção com o Cristiano Ronaldo, ops, Araújo, é esse texto. Não dá!
Sem noção! vai ver que não sabe escrever nem a metade disso sobre qualquer assunto que seja.
A grande revolta em questão é que daqui alguns anos ninguém mais se lembrará de quem é Cristiano Araújo, nem mesmo seus maiores fãs, que tanto criticaram a atitude de Zeca Camargo. Por acaso alguém se lembra quem é Felipe Dylon?
O Punk Rock é sim um estilo de música simplificado, porém possui foco nas críticas sociais, idem o Rap. O funk norte americano, criticava a falta de liberdade afrodescendente. O Blues questiona a falta de oportunidade, o preconceito, a tristeza. O música erudita foca em seu instrumental complexo. E por ai vai…
Observemos então o Sertanejo Universitário: São geralmente músicas com temas de “como o rapaz foi para a balada, bebeu muito, pegou a mulherada e deu o troco na ex”. O instrumental é simples, o mais complexo talvez seria o solo de acordeon no final da música. Isso resume tudo! (SIM, É SÓ ISSO MESMO)
Qual o foco do estilo da música? Nenhum. E isso é proposital. O perfil de quem escuta esse estilo de música geralmente é o de quem não se questiona sobre nada ao seu redor, vê a vida como um “play ground”, vulgariza a mulher, ostenta carros e se paga de caipira. (Vide Sucesso: Camaro Amarelo)
Portanto, se Cristiano Araújo foi ou não um “grande artista”, merecedor de toda aquela cobertura midiática da televisão, só o tempo dirá, porque grandes obras, não importa o estilo a que elas pertencem, nunca serão esquecidas.
Abraço!
Interessantíssima sua análise. E verdade seja dita, ‘grandes obras, não importando o estilo a que elas pertençam, nunca seram esquecidas’.
Sensacional!!! Concordei com boa parte do que o Zeca Camargo falou, achei um exagero as críticas à ele. Não achei que ele faltou com respeito à dor da família, já que seu texto era sobre o artista e não à pessoa do Cristiano Araújo. Vc conseguiu colocar em seu texto, tudo que eu penso. Muito bom!
CONCORDO COM VOCE, POREM NINGUEM FALOU DA DOAÇÃO DE 2 MILHOES DE REAIS QUE ESSE CANTOR; CRISTIANO ARAUJO FEZ AO HOSPITAL DO CANCER DE BARRETOS,
JAMAIS SERA ESQUECIDO.
Alexandre Melo, nunca um comentário me surpreendeu como o seu, é exatamente o que eu penso.Parabéns.
Você tão perfeito e pertinente em
Concordo plenamente! essa comoção toda só mostrou o tipo de herói que o povo brasileiro busca! O herói da balada, cerveja, carro bonito e mulher gostosa… O Herói da festa! Ele aproveitou o quanto pode e sinto muito por sua morte, mas que isso foi ridículo foi! Agora eu convido a todos a mudar o mundo junto comigo todos os dias ok? Vamos fazer a diferença, levantar a mão, mostrar nossa existência e combater isso, você viram como é absurda a nossa situação atual? Chegamos a um ponto que mesmo você dando uma opinião inteligente na internet porem que contrarie esse exercito de fanáticos eles te queimam como bruxas na fogueira, somos a resistência amigos temos que dar a cara a tapa agindo ou então morrer aguentando tudo isso piorando cada vez mais
Tá falando besteira. 1º) Nem toda música boa tem que criticar alguma coisa. 2º) Música é arte, mas também é entretenimento. 3º) Não se pode julgar música só pelo que a letra diz, antes de tudo é preciso agradar aos ouvidos. Duvido que todas os brasileiros que gostam de músicas internacionais compreendem as letras dessas músicas. 4º) A música sertaneja retrata coisas triviais da vida, o amor, amargura, sexo, farra, não há nada de errado nisso é questão de gosto. 5º) Grandes artistas internacionais descrevem esses mesmos temas só que na perspectiva da cultura deles, que não é nem melhor e nem pior que a nossa, só é diferente. 6º) Preconceito eu acho que é um negócio que não cabe mais na sociedade.
“O perfil de quem escuta esse estilo de música geralmente é o de quem não se questiona sobre nada ao seu redor, vê a vida como um “play ground”, vulgariza a mulher, ostenta carros e se paga de caipira.” Isso é um preconceito de revirar o estômago.
Perfeito. Querem obrigar todo mundo a gostar desse ou daquele ritmo. A Rede Globo, por exemplo, faz o que pode e o que não pode para empurrar o funk e sertanejo goela abaixo das pessoas. Larguei a emissora há tempos muito por causa disso. Não gosto de sertanejo, aliás detesto, mas isso não me tira a obrigação de me sensibilizar pelo morte precoce de um ser humano que tinha pai, mãe, filhos. Fiquei com dó, mas não era nem nunca foi meu ídolo, eu nem o conhecia…
Acredito que o Zeca Camargo tenha pecado no excesso não na interpretação do contexto.
A mensagem que assimilei do texto dele é a que o sertanejo universitário é um estilo tênue, o qual não possui uma base sólida em algum estudo ou movimento contracultural.
O próprio punk, citado no texto acima era um movimento de contracultura, com várias canções de protesto em relação à sociedade e problemas que lhes eram contemporâneos, de forma direta e indireta. Portanto, muito diferente do estilo “Sertanejo Universitário”.
Essa questão da fragilidade deste estilo musical, a falta de poesia nas letras, bem como a repetição do refrão consumada e utilizada em larga escala deste estilo é passível de uma crítica, na qual sobram os argumentos.
Não há como negar que o Sertanejo Universitário faz parte do mainstream atual, assim como a fragilidade da comoção popular diante da morte do cantor.
Assim sendo, uma questão deve ser suscitada: por quanto tempo essa comoção da sociedade irá perdurar?
Grandes autores, músicos e escritores falecem e por não fazer parte do mainstream ficam esquecidos, a importância desses autores seria menor? O grande antropólogo Levi Strass contribuiu menos para sociedade?
Essa é uma questão evidente que pode ser levantada pelo texto, qual o verdadeiro fundamento dessas manifestações acerca da morte do autor?
A questão em si pesa sobre o legado de cada pessoa, o que ficará para a posteridade, sua qualidade de ser humano já o faz importante, seja este ser qual for este individuo e onde ele estiver no globo terrestre
Acredito que o Zeca Camargo se expressou de forma equivocada, entretanto, existem várias análises que devem ser realizadas neste contexto, o que torna irrelevante a quantidade de músicas que o cantor possuía.
Zeca Camargo ousou criticar a ditadura midiática e musical por que passa o país.
Não gosto de me pronunciar diante de sensacionalismos, mas acho que certas coisas merecem respostas. Não sou fã do Cristiano Araújo. Gosto de duas ou três músicas dele, mas posso afirmar que não é de hoje que ele faz sucesso e que nem todas as músicas tem letras rasas como muitos afirmam. Muita gente acha que para ser sucesso é preciso estar na Globo e tocar nas grandes emissoras dos estados chamados de “Eixo” (Rio e São Paulo). Sou goiana, apaixonada pela minha terra, conheço todos os grandes artistas citados por Zeca Camargo em sua crônica e vou muito além… Cito Chico Buarque, Cartola, Elis Regina, entre outros. Sou fã do Rappa, Ira!, Paralamas, Titãs e de alguns nomes internacionais… Entretanto, só estou comigo quando ouço música sertaneja. É nesse momento que me reconheço enquanto pessoa. Amo os modões… aquele que fala sobre a vida do homem sertanejo; que fala das paixões complicadas; que descrevem as paisagens do meu país e do meu amado Goiás. E vamos à fala de Zeca Camargo. A crítica dele acerca do exacerbado destaque da mídia, incluindo a que ele trabalha, foi pertinente. Não o questiono quanto a isso. Entretanto, quando ele toca na questão cultural ele exalou preconceito. Há tempos temos discutido, aqui em Goiás, as referencias que nos foram impostas pela mídia. Aqui há pouco tempo era assim… Não assistíamos ao campeonato estadual, mas aos jogos paulistas e cariocas. Como consequência nossos times não tinham expressão dentro do próprio estado. Era comum a seguinte pergunta: Para qual time você torce? Pelo Goiás, por exemplo. Aí insistiam… Mas por qual time carioca e/ou paulista? Hoje, porém, as novas gerações estão mais conscientes dessa situação e lideram campanhas bairristas. Em meus estudos acerca das questões antropológicas e sociais, de uma forma bem sintética, compreendi que cultura é tudo aquilo produzido pelo povo em determinado tempo e espaço e é transmitido às gerações seguintes. Muitas vezes essa cultura regional se ressignifica, como no caso do sertanejo em suas diversas vertentes. Paulo Freire, grande educador brasileiro, defende que a cultura hegemônica não pode sobrepor-se às locais e que os sujeitos devem ser letrados a partir de seu contexto, com aquilo que a eles faz sentido. Mas isso não quer dizer que a escola não deva ampliar e diversificar o repertório cultural dos cidadãos. O que falta entre nós é dialogo e respeito, pois o primeiro não se faz sem o segundo. Respeitemos as diversas expressões de cultura. Respeito sua MPB e você o meu sertanejo.
Quem curte sertanejo vê a vida como play ground? Tem certeza? Então quem curte rock é drogado, bem como só puta que gosta de funk? O que nos acaba é o nosso preconceito. Falamos das pessoas como se conhecessemos. Julgamos na verdade. Estilo musical não define quem a pessoa é de verdade.
Pertinente! Vamos defender nossa cultura ou até mesmo a falta dela, como muitos pensam.
Nunca antes na história da “Grobo” eu achei algum apresentador tão certo quanto achei o Zeca Camargo com esse comentário ultra-pertinente, hoje em dia não existe mais “alma cultural brasileira” pois ela foi substituída pela alma CU…ltural dos “pancadões” na mente.
seu texto é bom e produz a reflexao, mas ainda concordo com Gustavo e Zeca. A dimensão dada a morte do rapaz é desproporcional a sua importância para a cultura brasileira como um todo.
Fosse a Insezita e eu teria apoiado.
Resposta ao pedido de desculpas do sr. Zeca Camargo
VC tinha consciência do que estava falando, não foi mal interpretado VC quis dizer sim o que estão te acusando com razão… Fazendo esse tipo de afirmação mais uma vez VC está chamando o povo de ignorante, como se não fôssemos capazes de entender uma simples crônica (maldosa e sem cabimento) ofendeu seu povo e continua ofendendo… Dica: fica quieto que só piora… Curto pessoas inteligentes que tenham opinião sim, porém na sua profissão tem que ser imparcial aos fatos, sua opinião não conta quando fala para grandes massas, sua obrigação e contar os fatos, e infelizmente amigo VC julgou com sua visão pobre e sem cultura o que os seus olhos estavam vendo e não acreditando neles colocou em palavras um “achometro” descabido… Sua comparação a cultura popular com um livro de colorir chega a ser cômica, absurdamente VC como um cara letrado deveria no mínimo saber que uma das culturas mais coloridas e diversificadas do mundo é a desse povo que VC imprimiu em desenhos vazios como se precisassemos procurar preenchimento quando na verdade nosso livro das origens transborda diversidade… Simplesmente lamentável, você não merece as grandes oportunidades que a vida te deu, e uma delas foi a de calar-se , e no pior momento sua grande “elitização” te trai com um discurso preconceituoso e vil… Quando há necessidade de desculpas é porque houveram erros, mas pior que isso é pedir desculpas das desculpas das desculpas… Isso só piora… Melhor usar o raciocínio e pensar bem antes de ter que pedir novas DESCULPAS… Não podemos julgar, maVC tinha consciência do que estava falando, não foi mal interpretado VC quis dizer sim o que estão te acusando com razão… Fazendo esse tipo de afirmação mais uma vez VC está chamando o povo de ignorante, como se não fôssemos capazes de entender uma simples crônica (maldosa e sem cabimento) ofendeu seu povo e continua ofendendo… Dica: fica quieto que só piora… Curto pessoas inteligentes que tenham opinião sim, porém na sua profissão tem que ser imparcial aos fatos, sua opinião não conta quando fala para grandes massas, sua obrigação e contar os fatos, e infelizmente amigo VC julgou com sua visão pobre e sem cultura o que os seus olhos estavam vendo e não acreditando neles colocou em palavras um “achometro” descabido… Sua comparação a cultura popular com um livro de colorir chega a ser cômica, absurdamente VC como um cara letrado deveria no mínimo saber que uma das culturas mais coloridas e diversificadas do mundo é a desse povo que VC imprimiu em desenhos vazios como se precisassemos procurar preenchimento quando na verdade nosso livro das origens transborda diversidade… Simplesmente lamentável, você não merece as grandes oportunidades que a vida te deu, e uma delas foi a de calar-se , e no pior momento sua grande “elitização” te trai com um discurso preconceituoso e vil… Quando há necessidade de desculpas é porque houveram erros, mas pior que isso é pedir desculpas das desculpas das desculpas… Isso só piora… Melhor usar o raciocínio e pensar bem antes de ter que pedir novas DESCULPAS…nao podemos julgar como se nao errassemos, como se nao fossemos o que somos, seres em eterno aprendizado..só quem pode julgar e Deus….desculpamos sim, porém será que a vida desse senhor será a mesma daqui pra frente, aí da mais uma pessoa pública que é, que vive disso ? Será que está visão que ele recentemente imprimiu a sua pessoa será apagada? Não… Pois assumimos a responsabilidade pelos nossos atos no momento em que o fazemos, e uma coisa é pensar antes e outra e se desculpar depois… O julgamento pelo seu trabalho já está sendo feito e pelo seu caráter sua índole será após essa vida… Que Deus o perdoe…!!!
Faltou respeito e tolerância, eu acredito.
Caipira e fã de toda música sertaneja como sou, seja moda e pagode de viola, sertanejo raiz, romântico, dançante, universitário, agradeço mesmo por essa postagem, Danilo. Definitivamente, esclarecedora.
Há uma frase que diz que “A vida é como a música. Deve ser composta de ouvido, com sensibilidade e intuição, nunca por normas rígidas”. Música é de gosto pessoal, único, sem discussão…
A atual falta de tolerância e respeito entre as pessoas é a verdadeira causa dessa discussão. Se cada qual pudesse olhar para si e ver que as diferenças são NORMAIS, não seria necessário discutir sobre o “verdadeiro valor de um cantor ou um ídolo de verdade”, ou se “cotas para negros é necessário?”, se “casamento gay é válido?”, entre outras questões tão polêmicas…
Infelizmente para toda a humanidade, nunca me esquecerei de que Adolf Hitler também já foi ídolo para milhões de pessoas…
O problema da crítica da arte, talvez, esteja em sua impressição contremporânea. A ideia de que, qualquer forma de expressão, torna quem a expressou, um artista. O de tudo pode ser arte.
Definitivamente, o que não temos é abismo cultural. O destaque agora é o fato de finalmente “outras” formas de manifestação cultural, para além do forçosamente tachado como “culto”, e dentro dessa qualificação todos os seus pressupostos ideológicos repletos de preconcepções, serem também visualizadas pelas instituições, inclusive pela mídia televisiva. E que bom! Porque “ditadura midiática e musical” é virmos luzes apenas – frisa-se bem, apenas – sobre o que está no seio de uma elite paulista e carioca, centrada em gêneros musicais específicos e de temática burguesa. Nunca houve uma “cultura brasileira” una, houve até então o seu monopólio por um grupo social específico, agora se quebrando graças à, inclusive, circulação espontânea de materiais artísticos por vias diversas na Internet, não reduzidos à tevê e ao rádio.
Gostos e sucessos à parte, a expressão “a pobreza da atual alma cultural brasileira”, na boca de Zeca, não pode receber validação e passar ao largo de inquietações do Brasil inteiro, tão logo pelo pressuposto de que há uma cultura rica e outras pobres. Pior: que há um tipo específico e homogêneo de cultura brasileira. E vejamos que é o termo “cultura” em jogo, e não “música” com suas possíveis incidências de caráter técnico e crítico. Ainda, infelizmente, quando Zeca diz que Cristiano “talvez tenha morrido cedo demais para provar que poderia ser uma paixão nacional”, exclui da qualificação “nacional” os 24 estados do Brasil que estão para além de São Paulo e Rio de Janeiro.
Parece que dizer não se conhecia Cristiano Araújo é ação de status indicadora de riqueza cultural. Independente de apreciações musicais, aí inclusas todas as especificações técnicas passíveis de críticas, e de críticas de várias ordens, como a harmonia, a seleção temática, a criatividade, o engajamento político ou não, a nossa preferência musical não pode ditar o valor imensurável que todas as manifestações culturais pela música têm. Igualmente ao tipo de cultura branco, ocidental, burguês e do sudeste brasileiro, os demais têm também direito e público massivo de consumo para serem superexplorados pela mídia televisiva. Defendo então, diferente do Danilo Cymrot, não a necessidade de uma “ponte cultural”, mas a assunção da existência pulverizada e do contato constitutivo entre várias formas de manifestação cultural. Na boca de Zeca, só recebemos mais um exemplo de arroto soberbo sobre a diversidade de culturas do Brasil.
Ler comentário de gente que tem respeito pelo próximo é outra coisa. Parabéns! Respeito a diversidade cultural. Brasil não Rio e São Paulo somente. EMISSORA DE TELEVISAO Não existe só a Globo.
EU ACHO QUE ESSE EX APRESENTADOR USOU DE UMA FALTA DE RESPEITO AOS FÃS E FAMÍLIA DO CANTOR. ELE CAVOU A PRÓPRIA COVA NA EMISSORA, ELE NÃO SABE O QUE É UMA PALAVRA MAL COLOCADA NA MÍDIA? AGORA ELE SABE!!!! VAI PAGAR COM O EMPREGO A OPINIÃO DELE, CONTRA O CANTOR.
A mais sensata, respeitosa e sensível das análises feitas sobre o caso (à luz de seus desdobramentos). Parabéns por honrar o título de pesquisador.
A mais LINDA homenagem que li sobre o Cristiano Araújo. Emocionante, vejam:
“O QUE TEMOS PRA HOJE É SAUDADE”
Vem aqui, meu filho. Eu tenho uma missão pra você lá na Terra. Eu sei que você fará muita falta aqui no céu, mas eles lá estão precisando muito de ajuda. Eu sei também que vai sentir falta da sua harpa. Fique tranquilo. Lá em baixo a música vai continuar sendo a sua grande paixão. A maior delas. Estou te enviando a Terra para brilhar. Você vai nascer em uma família humilde e vai vencer através de muita luta. Esteja preparado. Muitas portas se fecharão. Você não vai desistir. Você tem o talento e tem a minha benção. Vá até lá e mostre para aquelas pessoas o quanto é importante acreditar em um sonho. Vá até lá e mostre a eles o dom que eu lhe dei. Solte a voz, meu filho. A sua música e o seu sorriso serão capazes de escancarar todas essas portas. Mas olha, não vai ser nada fácil. E, quando você atingir o seu melhor momento, e eu sei que você vai conseguir, eu terei que te chamar de volta. Farei isso para lembrar as pessoas sobre a fragilidade do corpo. Farei isso para que a saudade que sentirão de você sirva para aprenderem a aproveitar melhor esse instante que eles lá apelidaram de vida. Coragem! Estarei sempre a iluminar o seu caminho. Eu te conheço e sei que é capaz. Estou enviando um outro anjo para te ajudar no momento final da sua trajetória. Vocês dois voarão daquele carro direto para os meus braços. Não sentirão dor, mas causarão. Uma nação inteira ficará em luto. Mas, sabe de uma coisa, meu filho. Pode parecer estranho, mas, às vezes, as pessoas precisam morrer para se tornarem imortais. Será assim com você. Sua passagem será curta, mas deixará marcas que não se apagarão jamais. Eles sempre escutarão a sua voz e se lembrarão da sua arte. Boa sorte! Vá até lá e me deixe orgulhoso. Nos reencontraremos daqui 29 anos.
(Rafael Magalhães)
O eixo RJ-SP acostumou a exportar cultura e criar tendências musicais.
Quando a morte de um cantor de um estilo originário dos interiores do país revela ao “donos” da cultura que o controle da tendência musical não está mais em suas mãos, fica evidente que para os jornalistas da emissora carioca a visão do seu país é do tamanho do seu estado.
É obrigação de um jornalista que pretende comentar cultura saber qual o estilo musical preferido do brasileiro e saber o alcance da repercussão da morte de um de seus artistas mais promissores.
Falam tanto de cultura, se preocupam tanto com cultura, comparam tanto coisas que dizem ser culturais, e criticam tudo o que não gostam falando que nao e cultura, pobre brasileiro que irá nascer e morrer olhando o seu umbigo.
O respeito é um tipo de cultura que infelizmente não faz parte dos brasileiros. Ridícula as pessoas que concordam com a besteira que esse cara falou, apesar que a cultura mais importante no Brasil é ser roubado e colocar a msm pessoa no poder para roubar durante mais 4 anos. Parabéns Brasil
Desconhecido para muitos, e tão conhecido no mundo sertanejo. Confesso que não sabia quem era Cristiano Araújo até o acidente que tirou sua vida, mesmo porque vivo um estilo musical completamente diferente. Entretanto, o que acredito ter chocado muitas pessoas, não foi exatamente o que o quis dizer o jornalista, mas a forma como foi dito. As pessoas interpretam o que se ouve de maneiras diferentes. A reportagem divulgada deixou a entender que o povo brasileiro é pobre de cultura e não tem um ídolo verdadeiro para adorar. E ao mesmo tempo, deixou claro que o artista em questão era totalmente desconhecido para tamanha comoção. Bom, pelo que pude acompanhar ao longo desse episódio foi que: emissoras de todo Brasil deram cobertura total ao acidente, incluindo a emissora para qual o jornalista presta seu serviço. De acordo com sua reportagem, o cantor era desconhecido para ele, ai me pergunto. Então em que mundo vive esse profissional do jornalismo? Sim, porque para pessoas anônimas que vivem em uma cultura musical diferente, como o meu caso, tudo bem, mas para um jornalista, que atualizando-se diariamente, soou um tanto estranho. Enfim, já vimos tantos exageros de comoções em tragédias de pessoas desconhecidas, e isso não se trata de um privilégio brasileiro, pois qualquer tragédia que a mídia faça cobertura de forma elevada faz com que a população fique comovida e, portanto, curiosa. Acredito que por esse motivo o texto do Zeca Camargo deixou parte dos brasileiros estarrecidos. No meu ponto de vista, ele deveria ter se calado após expor sua opinião, pois ao tentar justificar seu pensamento, mudando o nome do cantor, o fez parecer ainda mais arrogante, e nem um pouco sincero.
SEM COMENTOROS
Até perto do fim da matéria apresentada tudo bem. Mas perto do fim ele Diz: “NOSSO POP MUSICAL ” [ Aqui ele mostra exemplos de ídolos pop, demonstrando pre conceito ao sertanejo] Depois Diz : “NESTE CENÁRIO QUALQUER UM ” [ Não é qualquer um que arrasta multidões e cativa todos os principais apresentadores ] Diz : “ÍDOLOS DE VERDADE PARA CHORAR DE VERDADE ” [ Faltou com o respeito sim, com o artista e com os fãs ] , sem falar que não era o momento.
Péssimo e de muito mau gosto… Não tem como comparar Cristiano Araújo co Michel Telo… Michel Telo artista de uma música só..
Crítica inoportuna e ao mesmo tempo oportunista.Utilizou o LUTO de uma pessoa popular para chamar atenção à sua “CRÍTICA CULTURAL” e não polpou “ELOGIOS” rsrs comparativos. Só o tempo mesmo para esquecer a ” CRÍTICA DO LUTO”. Nossa que FEIO!!!
Parabéns pelo texto.A segmentação do que é bom ou ruim é mais uma tática do capitalismo e sua pretensão de hegemonia cultural . A mídia não tem poder de critica maior do que a do público. Nem cantores ditos sofisticados é que vão legitimar o que é bom para seu publico ” cativo”. No passado um famoso pensador da teoria crítica da escola de Frankfurt( Adorno) afirmou que o jazz era uma musica pobre advogando que apenas a boa música era a erudita e que para entender música precisava ter conhecimento técnico sobre ela inclusive com conhecimento de teoria musical – uma questão para especialistas e por aí vai. Em que pese uma força de divulgação pela mídia( incluindo o jabá) e sua pretensão totalizadora, argumentar o que é bom ou ruim do ponto de vista técnica ou de elaboração é simplificar os vários aspectos que tornam um artista querido ou não,Apenas o tempo vai responder a questões de perenidade de uma obra artistica independente de simplificações ou de elaborações no plano harmonico- melódico ou até de sua literalidade ou conteúdo. Abraços
Cristiano o que? Bah…antes era o tal do pagode/samba brega com 6 ou 7 caras dando uns passinhos no palco para lá e para cá…um cantava os outros did backvocal. Agora essa onda de sertanejos com calcinha apertada, sem dicção, tentando livrar o deles (ou melhor, encher o bolso na onda do momento). Nenhum deles sobreviverá…vamos esperar a próxima onda..será que é o MPB ou rock’n roll…acho que o que ficou foi Titãs, Paralamas, até o Capital Inicial ressurgiu e as referencias nacionais tais como Caetano, Joao Gilberto, etc…o resto é onda…passa. Minha opiniao sobre sertanejo atual (incluindo Chitaozinho e Xororo): se depender de mim eles morrem de fome ha ha ha.
Todo artista está sujeito a críticas. Desde cedo os artistas e familiares se acostumasm com críticas. Quem fica cheio de dedos com isso são os fãs. Não pode criticar quem eles idolatram. Mas figuras públicas não se abalam com isso e faz parte do trabalho de todos eles. Menos mimimi, gente.